O
jogo mais longo da história
Além
do glorioso Internacional da Mauriti, emprestei meu talento ao time de Vôlei da
minha turma de Mineração, na Escola Técnica. A prova final do (saudoso)
professor Serjão, de Educação Física, era sempre um jogo. Montávamos as equipes
e íamos para as pelejas. Os bonitinhos da turma que não eram besta nem nada,
formavam o time deles com a nata. Sobrávamos nós, os enjeitados: Éder Jofre (que
jogava com uns óculos colados com durex); Reginaldo Nelson, que com este nome, queixava-se
ser japonês e era dotado de uma propriedade absolutamente bizarra: ao andar, articulava
os membros do mesmo hemisfério. Adiantava a perna direita sincronizada com o
braço direiro e a perna esquerda com o braço esquerdo. Uma dinâmica não abonada
pela evolução. Não sei como este pequeno não vivia caindo pela rua; E eu que,
com metro e meio, sequer alcançava a fita superior da rede.
Fomos
à luta, enfim.
O
jogo começou naquela quentura das três da tarde. Naquele tempo a regra ainda
admitia a vantagem, ou seja, o ponto só valia para quem sacava. Caso contrário,
a vantagem se invertia e assim por diante. Agora imagina o Reginaldo Nelson
sacando aquele saque bebê, balãozinho: Avançava a perna direita e, com muito
custo, exigia a força (no mesmo lado) da mão direita. Lá ia a bola em parábola
viajando pra destino incerto...Dois times ruins, fizemos um jogo dos piores.
Vantagem pra lá, vantagem pra cá e nada de ponto. Lá pelas oito e meia da
noite, o Serjão tava uma pilha. Reduziu a partida para três sets e pediu a Deus
por uma jogada inspirada. Já estava todo mundo com fome, com sede, e alguns,
que dormiam cedo, com sono. Novos e indefensáveis ataques perturbavam nosso
time. Não podia acabar empatado, o jogo, e não tinha pênalti na parada. O jeito
era forçar o saque.
Quem
ganhou aquele jogo, pouco importa. Sei que dali a alguns anos, o voleibol eliminaria
a vantagem, criaria a disputa em pontos diretos e o tie break. Acho que
contribuímos de alguma forma para isso.
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