sexta-feira, 5 de julho de 2013

crônica remix- verão

Tá chegando o verão
Tenho uma coisa comigo: não posso assistir a filmes que tenham neve, montanhas geladas, gente agasalhada, que fico logo com frio.
É sério! Fico lá, no indo e vindo da minha redinha, envolvido, interagindo, entrando, literalmente, no clima. E de repente já me pego esfregando os pés embaixo do lençol, já me vejo tiritando diante da TV.
Há filmes que chegam ao extremo e pela carga glacial, me impõem a total submissão às fantasias friorentas. Este que passou na Temperatura Máxima (mínima, no caso) com o Stalone é um deles. Não tem como escapar. Do hio ao chio, o filme é só gelo. E o herói ali, se virando pelos escaninhos montanhosos, fugindo dos bandidos malvadões, sempre soltando aquela fumacinha branca pela boca. Lá pelo meio da história, eu reinei em botar uma meia, mas aí, fui oportunamente convencido pela família a declinar deste enregelado mico.
Muito maluco isso. Mas acho legal. Tenho pra mim que é um mecanismo de compensação que, inconscientemente eu desenvolvi. É um inofensivo acerto de contas do corpo com o solão que me domina na vida real. Um desconto, por certo.
E por falar na vida real, tá chegando o verão. Tá dando pra perceber, né? As últimas tardes têm sido de arder. De lascar o couro.
Na verdade, o que ocorre é uma elevação da temperatura média. E como a gente vinha de médias mais baixas, temos a sensação de que os dias estão mais quente que antes. Por enquanto é só uma sensação. Daqui a algum tempo, com o corpo já adaptado à exatidão do sol, a gente vai admitir que os dias estão realmente mais quentes mesmo. Que a pele tá tostando mesmo. E aí o jeito é procurar a abençoada sombra de uma mangueira.
Verdade é também que, por absurdo que seja, aqui nesta parte do globo, estamos agora entrando exatamente no inverno (e não no verão).
Pior que é mesmo. Sabe em março, quando falei da Pororoca, do Equinócio e tal e coisa? Pois é, de lá para cá, o sol viajou para o hemisfério Norte levando o verão pra lá. Já passou por cima da Venezuela do Hugo Chavez . Agora paira sobre a América central atiçando os tornados e furacões no golfo do México.
Para nosotros do hemisfério sul, a estação promete neve em São Joaquim , friagem no Acre e Rondônia e aqui no Pará e outros estados do Norte, pouca chuva. Ou seja, por aqui pelas veredas do baixo Amazonas, o inverno vai ser quente. Um verão, admitamos.
Na Amazônia, achamos estranho entender este abafado como inverno. Mas é porque estamos acostumados a relacionar o inverno com as chuvas abundantes, quando, de vera, as características do inverno são as baixas temperaturas e a pouca incidência de chuva. Por isso que as folhas caem no outono. Como diz o Lula, as árvores cortam a própria carne para garantirem reservas de água para um período de estiagem.
Se por um lado a mudança no clima anuncia um calorão para os próximos meses, por outro ajuda a termos noites mais claras e estreladas. Dá uma força para que a gente se volte um instantinho para o céu. E que céu, heim!
Uma belezura a Estrela Dalva dominando o cenário após o pôr-do-sol. Pode reparar, ali pros lados da baía, logo de noitinha. É o planeta Vênus luzindo no céu, solene, imponente, soberano. E se a gente olhar bem direitinho, vai ver Vênus mergulhando no horizonte protegida pelos irmãos mitológicos Castor e Pollux, as simétricas estrelas da constelação de Gêmeos.
São muitos os encantos do nosso verão amazônico. E eu vou atrás de todos. E se o tempo esquentar de fazer a gente correr doido, alugo uns filminhos que tenham neve, montanhas geladas, diálogos com fumacinha branca, pra refrescar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário