terça-feira, 5 de janeiro de 2010



o paraiso
praia da princesa em Algodoal
litoral paraense


localização do paraíso

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

aprendendo (apresentação)

eu juro que ainda vou aprender a usar isso.
ainda não consegui domar este tal de blog.
Não consegui fazer a apresentação que gostaria, com a postagem de um trabalho
pra lá de original, do artista plástico Fernando Pedigão, lá das Minas gerais,
nem umas imagens legais para ilustrar os textos.
Mas é o início e peço que me perdoem.

Mas taí, meu blog

meu objetivo é registrar as crônicas que tenho publicado em O Liberal, alguns textos inéditos, poesias minhas, opiniões e obras de outros autores e um pouco de tudo na arte da boa prosa.

Desde já agradeço as visitas
e sejam-bem vindos

Crônica

Esta foi a minha crônica de estréia na coluna Bom Dia de O Liberal, em março de 2006.
Lembra com carinho, da amada Emilinha Borba.



Perdemos Emilinha

Uma homenagem às mulheres neste mês dedicado a elas. Por enquanto, mãe, esposa, filha, parentes próximas e professora de matemática, não vale, fique claro. Outras mulheres. Aquelas que passaram pelas nossas vidas um dia e deixaram uma marquinha (ou que passam ainda, agora, nos encantando, nos surpreendendo).
As que passaram:
A minha, sempre presente, professora Lurdes. É batata! Quando dou de escrever reminiscências de estudante, lá s’está ela a me inspirar lembranças. E olha que ela data de tanto tempo, mas tanto tempo (foi minha professora de aula particular lá pelos idos da década de 70 do século passado) que pelo comum era para tê-la apagado da memória. Mas quite, ela está sempre a me enriquecer os causos.
Outras professoras: Maria de Jesus Miranda, minha professora do primário, na Aparecida (que funciona na igreja de N. Sra. Aparecida, Pedreira) e que deixou em mim a primeira impressão sobre um estilo: usava uns modelitos prafrentex. Era uma bela d’uma mulher e esbanjava charme com aqueles shorts-saia psicodélicos (confesso: aquilo que sentia quando atinava para a minha professora era o afloramento da libido, o que é comum, dizem os especialistas. Foi a minha primeira paixão por professora, outras viriam a seguir); professora Ana Lúcia, lá pela quinta, sexta série. Marcou por ser bem novinha (uma novidade para um tempo em que as professoras eram bem maduras), de cabelos escorridos, voz definitivamente devastadora quando pronunciava 'locução verbal' com uma certa arrogância. Quando dizia, a plenos pulmões, que tais palavras formavam uma 'locução verbal', não tinha pra ninguém; e a professora Laura Nobre de Souza, que não conheci. Não deu aula pra mim. Tomei emprestada para as minhas memórias, do meu compadre, que, tanto que falou dela pra mim, que ela acabou ganhando o meu coração, atiçando o meu fascínio.
Outras mulheres passaram e acabaram se transformando em ídolos insubstituíveis. Foi o caso da luzidia Emilinha Borba.
Na década de 1940, absoluta, com Marlene, foi a queridinha do Brasil das marchinhas dos bons carnavais ('tomara que chova três dias sem parar'). Desbravou o cinema ao lado de Oscarito e Grande Otelo e apareceu para mim assim, nos filmes da vesperal na TV Marajoara, canal 2. À época, minha avó revivia, na TV, o glamour da fase áurea do rádio e minha mãe me revelava Emilinha cantando 10 anos: 'Assim, se passaram dez anos...Sem beijar teus lábios assim...Foi tão grande a pena que sentiu minha alma/ ao recordar que tu foste meu primeiro amor'.
Era quase da família, por causa da empatia. Minha avó dizia: 'Vigi, eu era menina e a Emilinha já cantava'. Parecia uma vizinha que por um motivo ou outro insistia em se manter jovem. A eternidade vibrando na nossa casa. E hoje eu dedilho '10 anos' pros meus meninos inspirado por minha mãe, minha avó, e digo 'vigi, eu era menino, e a Emilinha já cantava'.
Os filmes da Atlântida sumiram da TV, o estúdio da Vera Cruz pegou fogo, a TV Marajoara canal 2 fechou, o cinema nacional se perdeu - e demorou um tantão pra se reencontrar - e eu me afirmei como fã incondicional de Emilinha Borba.
No dia 3 de outubro de 2005 passei uma mensagem ao meu compadre: 'perdemos Emilinha!'.
Por isso a homenagem àquelas que nos moldaram a personalidade ou que, na lida diária, nos enriqueceram um tantinho aqui, outro ali. Àquelas que no dia-a-dia nos encantam e seduzem: minha mulher, minha filha, amigas queridas, parentes próximas que brilham soberanas sobre qualquer coisa (e sim, a ela, a professora de matemática, pois que para mim o domínio de tão elaborada arte, a dos números, é, no mínimo, sinal inconteste da divindade que a mulher carrega em si).
E a Emilinha, a eterna.