sábado, 29 de abril de 2023

crônica da semana - escolhas

 Escolhas

Antes, as escolhas, para mim, eram as fagulhinhas descartadas pela catação que minha mãe fazia e nos orientava fazer, na porção diária de arroz, feijão ou outro grão que fosse para a panela mais com pouco. Escolhas eram as partes indesejadas, a pelinha, uma pedra bem pequenininha, a casca desalojada do grão, um quebradinho tisnado. Escolhas formavam o subgrupo do punhado que não servia pra gente comer. Mamãe dizia pra catar bem catadinho e depois jogar as escolhas fora. Por vezes, indicava mergulhar tudo numa baciinha com água e esperar. A catação seria mais fácil porque as escolhas flutuariam.

Minhas escolhas catáveis e absolutas foram ficando para trás. A semântica atuou e...

Nem todos os subgrupos que computei na lógica das minhas catações bandearam-se aos descartáveis.

Aconteceu de maneira conciliatória. Entendo que, serenamente, o tempo transformou as fagulhinhas inquestionáveis em veredas possíveis e alternativas negociáveis de trajetórias. Pelo bem e bom, nada aconteceu no repente e no bruto. Vi a fumarola de mil possibilidades ir-se dissipando naquele ambiente sentimental que se mostra como saudade e eu presunçosamente, mantenho no índice da vida, como história. Foi assim com a poesia.

Peguei uma fase bacana, na adolescência e primeira onda da juventude, em que uma boa parte da molecada com a qual eu convivia era vicici em futebol, tocava violão e fazia poesia. A turma tinha um ramo na minha rua, a Mauriti, e um outro, na Escola Técnica. E eu, ó, bem na foto. Transitava na maior, nas duas frentes. É desta época o meu primeiro dedilhado no violão, em exaustivos exercícios reproduzindo aquele andamento marcado pelos bordões de “A casa do sol nascente” e também meu primeiro poema. Meus versos iniciais saíram de inspirações produzidas dentro da biblioteca da Escola Técnica. Havia uma oferta grande de livros técnicos lá, mas também de literatura com os clássicos ali, à mão. Peguei logo uma sequência do Vinícius de Moraes da prateleira. Endoidei com a reflexão necessária estimulada por o “Operário em construção” e pelo lirismo de “Serenata do adeus”. Naquelas tardes na biblioteca, fiz uma ‘escolha’. Meu primeiro poema teria não a carga social de um, mas o romantismo sofrido do outro. Catei um verso aqui, outro ali, assumi os versos livres e compus um poema muito, mas muito parecido com “Serenata do adeus” e tão parecido, que pouco tempo além, emboloei o original e joguei fora. Não era justo iniciar com algo bem próximo ao que, generosamente, defini como uma cópia mal arranjada de um poema. E logo do Vinícius!

Mais com pouco tornei. Aprumei num estilo e para meu regozijo, ganhei um concurso de poesia no Souza Franco. Depois, integrei o prestigiado grupo de letristas do Grupo Hera da Terra e firmei parceria com músicos de ponta como Edir Gaya e Arlindo Cruz. Tava que tava de boa.

Com os anos, fui reconhecendo a graça da prosa e ao mesmo tempo a imensa responsabilidade que a poesia exigia de mim. Conheci poetas extraordinários, de rimas ricas e refinadas. Anos luz à minha frente. A autocrítica fez que minha poesia fosse ficando para trás.

Hoje admito a regra de cada qual com o seu cada qual. Sou feliz na prosa. Em casos muito especiais, ainda enveredo pela poesia, e dou à luz apenas os poemas que me ocorrem em sonhos. Experimento as narrativas poéticas, porém. Com este perfil mais flexível, me sinto à vontade.

Minhas escolhas foram reverentes às barreiras. E penso que sensatas.

Pus em baciinha de água meus punhados e a catação foi descomplicada. Sem cicatrizes difíceis de cura. Acudido pela sincera humildade. O bom é que não houve necessidade de descartar mais, absolutamente nada.

sábado, 22 de abril de 2023

crônica da semana - transas, danças e caretas

 Transas, danças e caretas

Antes dos textos elaborados, ou mesmo das fake news. Bem anteriores às linguagens dominantes e midiáticas. Ou por outra, dos grunhidos nervosos e dos desenhos rupestres. Lá no início das relações sociais, das primeiras combinas coletivas na intenção necessária de garantir um dia após outro vivo, o ser humano se comunicou com o corpo. Se virou nos trejeitos, caretinhas, nos ‘movimentos poucos e plenos’. Suficientes para estabelecer alianças de mútuas proteções.

Até que gostaria, mas quite, não sou estudioso, especialista, entretanto, tenho pra mim que a versão original das socializações humanas (do bem e do mal) se deram pelo jeito de corpo (e até posso ilustrar esta opinião com a leitura cuidadosa dos elementos cênicos que compõem o filme “A guerra do fogo”, uma produção que se destaca por um enredo todo desenvolvido e perfeitamente assimilável, em que o  exemplar primitivo da humanidade não pronuncia palavra alguma, e se tenta, limita-se a vocalizações vãs e desesperadas. Para reforçar esta impressão, resgato ainda a natureza reveladora da arte naquela sequência de “2001- Uma Odisséia no Espaço”, em que um hominídio usa todo o repertório de evoluções e acrobacias: dá cambalhotas, rola, pula, faz corridinhas e carinha de mau, para demonstrar, naquela encenação selvagem, poder de afastar um grupo adversário na disputa pela água de um laguinho). Desta necessidade de se virar nos trinta pela sobrevivência até uma sobrelevação dos entendimentos, literalmente, foi um passo. Ou, vá lá que seja, alguns passitos. Eis que a Evolução nos legou o poder da dança.

Os caminhos percorridos nos levaram, os humanos a, além de estabelecer missões objetivas ao corpo, também direcionar os movimentos para a celebração, para as manifestações subjetivas. Os cerimoniais envolvendo o corpo são ainda presentes e básicos nas sessões ritualísticas, nas ligações com o desconhecido, com o abstrato, o sagrado e o profano. As coreografias espirituais destacam-se como se fossem transas arrebatadoras, purificadoras.

O corpo, destarte, é um veículo dinâmico e destemido de dizer os sonhos e realidades. E, além dos rituais ou sublimações, me vem agora de oportuno, a luta diária pela ratificação do poder de toda a arte. A abnegada crença na liberdade. O corpo alcança as alturas, nos instantes em que se move em favor da conquista de direitos. A iniciativa do balé Stagium, me vem à memória como uma prova indelével de resistência quando, nos anos de chumbo da década de 70, deu corpo à voz de Plínio Marcos, dançando “Navalha na carne”, peça proibidíssima do dramaturgo, e revelando ousadia, apego, retrabalhando a função subversiva da arte.

Além dos tantos valores que a dança nos regala por toda a existência, ainda, aqui para nós paraenses, nos deu o vigor e a apreciável criatividade de Rolon Ho.

Olha que tenho reservado parte do meu domingo para apreciar a Dança dos Famosos. Fico besta de tanta expressividade. É verdade que presto mais reparo no Rolon, que é um paraense emprestado da Guiana. Puxo a brasa pra nossa sardinha, mesmo que com tempero afrancesado. Vejo graça, todavia, em todos e todas, principalmente nas apresentações coletivas. As coreografias revelam a grandiosidade dessa arte ancestral. A dança permite explorar nuances tímidas e desnudá-las. Vieses argumentativos do corpo se emolduram em contornos plásticos vibrantes e atraentes. Transformadores, doces, emocionantes. A dança descreve futuros, evolução, potências humanizadas. É ferramenta social para amparos mútuos, para enfrentamentos inevitáveis por garantia de água do laguinho ou mesmo por uma nota dez na Dança dos Famosos. Eu torço pelo Rolon.

sexta-feira, 14 de abril de 2023

crônica da semana - orai e vigiai

 Orai e vigiai

A gente tá assim, orando, vigiando; aqui, ali pensando na morte da bezerra, contemplando uma arte, maldizendo um mal, patetando ou olhado pro tempo, que seja, quando, de repente, pá! Cai uma bomba. Acontece. A vida para?

Não. Cambaleia, tomba, dá de encontro, reanima e torna. Foi o que aconteceu na Feira do Livro do ano passado.

Dei uma passada rápida no Hangar, só pra não dizer que não fui. Visitei alguns estandes, comprei livros, dei um alô pro Juarez da Ifá e pro Francisco do estante dos Escritores Paraenses e, ó, pra trás. Antes de voltar pra casa, passei rapidola naquele corredor dos fanzines, quadrinhistas e ilustradores. Encostei na banca do Maciste Costa, que é um campeão, um magnífico vencedor em tudo quanto é de desafio, de trabalhos coletivos a peças individuais que envolvam o trato no traço. É o ilustrador de onze entre dez publicações que se realizam por aqui. Travamos uma prosa, e entre tantos assuntos pendentes por causa da pandemia surgiu este do medo que ainda nos assolava e que nos afastava, inclusive, de atividades mais comuns daquela Feira. Um propósito tiramos, naquele encontro. Defendia ele, que não podíamos desistir. Não adiantava amofinar. Vez em vez, os olhos lacrimejavam diante daquelas palavras de incentivo e eu me envolvia com a idéia de ser possível sim, superar o luto e voltar a publicar absorvendo a energia e o entusiasmo que um livro sempre nos inspira.

Antes de aprumar para a Pedreira dei com o escritor Daniel da Rocha Leite. Assim como eu, num pé e n’outro pra embicar no rumo de casa. Ainda tomando os cuidados com os traiçoeiros golpes da pandemia, Daniel havia aceitado algumas participações e contribuições ao cenário literário da Feira, afinal é nome de responsa, respeitado, com um acervo espetacular de boas e grandes obras. Escritor premiado, pesquisador. Atento aos encantos da língua. Eu, por mim, o tenho como uma expressão ímpar na linguagem poética. Cuido de aqui, acolá, pegar um livro dele da minha estante e me encantar. Tem o segredo da narrativa poética, que é como vejo a obra dele. Ainda que em prosa, mesmo que mirando os termos na sensibilidade infanto-juvenil, há um esvoaçar de sons de delicados lirismos nas palavras aladas e, por vezes, intencionalmente caladas, que ele cria. Narrativa submersa quando identifico que é o silêncio que canta, que fala, que se anuncia na fresta das frases. E que a gente só vê, quando fecha os olhos... Dou o maior valor.

Ali no corredor da Feira, e muito apropriadamente, na correria do instante, nos permitimos um afetuoso abraço. Sinalizei o quanto o admiro pela sua arte e também pelo apego, pela dedicação aos momentos em que a literatura paraense precisa de braços. Como na feira do Livro. Ouvi de Daniel, o mesmo que Maciste havia me revelado lá atrás. Havemos de resistir. Com a emoção saltando de mim, de novo lacrimejei e senti a vibração positiva daquele encontro. Fiquei com aquilo. Na caminhada para casa, reconheci que aquela passada rápida pelo Hangar, me proporcionou um encontro com heróis. Francisco, Juarez, Maciste, Daniel. Houve ensinamento naqueles encontros e encorajamento.

Desde lá, decidi que tão logo achasse um tema, recolheria do meu acervo, um tanto de crônicas que pudessem compor um livro encorpado, e que trouxesse a minha arte de volta às edições impressas. E eis que me vem, daqui a alguns dias, o “Igarapé Piscina”, que está na fase de produção e que mais com pouco falarei dele. Só adianto que, como reverência àqueles encontros, convidei para a capa o Maciste Costa e para o prefácio, Daniel da Rocha Leite.

E, pois é, a gente tá assim, orando, vigiando, a bomba cai, a gente tromba, dá de encontro, se esmigalha, mas depois se junta tudo de novo.

sábado, 8 de abril de 2023

crônica da semana - trem das cores

 Trem das cores

Passei a semana ensaiando, fiz uma sessão em minha página na internet, expus a afeição que tenho pela canção ‘Trem das cores’, de autoria do baiano Caetano. É melodia refinada, tem uma harmonia delicada, embora de difícil execução, coisas de Caê. Se engolir uma sílaba melódica, a música desanda. Entretanto, no caso, se desandar, não se perde de tudo. Somos mortais, simples, de dons limitados, e a nós é permitido aquele generoso desconto. Digo nós, porque recrutei meu filho Argelzinho, para apresentarmos juntos a canção, no último domingo, como homenagem à vovó dele, minha sogra, que completou intensamente vividos 76 anos. A escolha da música tem um simbolismo. Uma razão potente, cheia de significados.

Fez a trilha sonora de um reencontro. Foi tudo muito denso no dia. O mundo estava assombrado com o Coronavírus. A gripe tirava a vida de muitos queridos sem licença alguma ou piedade. Minha sogra que no início da pandemia estava no interior, por lá ficou isolada. Contato somente com poucos membros da família e apenas para assistências inadiáveis. Isso tudo no interior. Passou meses sem vir a Belém. E era a opinião de todo mundo que ela, por lá, em favor da saúde, aguentasse o tempo e a distância. A situação estava delicadíssima. Aqui em Belém já chorávamos a perda de parentes próximos e amigos muito queridos.

O tempo passou lento e de forma sofrida. A família, as crianças, a netaiada, a bisnetaiada, mesmo no rigor do isolamento acusaram a falta da bisa, da mãe, da avó. Eu, mesmo defensor das eficientes resultantes do distanciamento, cheguei a admitir uma operação para que as saudades fossem aplacadas. E eis que aconteceu. Depois de longuíssimos cinco meses exilada no interior, pela precisão de uma consulta médica, ela retornou a Belém.

Houve uma elaborada estratégia, afinal, a curva da tragédia gerada pela Covid-19 só subia. Uma casa preparada exatamente para recebê-la, com freqüência restrita. Consultas e exames realizados no estrito termo da hora marcada e o alento das chamadas de vídeo. Calhou de chegar o domingo dos pais e de nosso núcleo familiar planejar um almoço com número contado de participantes. Daí pensamos: por que minha sogra não poderia vir e também toda a família ansiosa por vê-la? Faríamos horários diferentes, contatos limitados e visitação por batelada. Tudo certo. No dito domingo, ela apareceu no portão, cedo. Envolvida em avental, usando face shield, máscara, óculos, luvas. Venceu o corredor e acomodou-se no quintal, de forma soberana. Satisfazia ali a regra inequívoca que pauta a união da família. Estava presente, como em tantas ocasiões inspirando com a propriedade justa só dela, de unir aquelas pessoas. E a cada instante, cada núcleo na sua ordem foi aparecendo para reverenciar a matriarca e acreditar na vida. Realizando abraços simbólicos, recebendo a bença com os olhos, trocando carinhos com a alma.

Encerradas as sessões, nosso núcleo continuou a confraternização protocolar que o distanciamento social permitia. Cada qual com seu prato, seu talher, seu copo, seu alquinho. Ocupamos o espaço, agora amplo, no quintal, tantas vezes minado milímetro a milímetro de alegria e espontaneidade, nos saraus sempre estimulados pela minha sogra em tempos outros mais pródigos. E como meu filho estava com o violão, alguém provocou: canta aí, Argelzinho. Ele, sempre reservado, no caso desses estímulos no repente para cantar e tocar, dominou o recato, dedilhou as cordas, alinhou o tempo, sustentou a harmonia e de um jeito doce, sincero, expressando toda a grandeza daquele reencontro, cantou, sem errar nadinha, ‘Trem das cores’ do baiano Caetano. E todo mundo cantou junto. Inesquecível!

Domingo, agora, cantamos de novo.

 

sábado, 1 de abril de 2023

crônica da semana - intercâmbio

 Intercâmbio

O nome Zanata estava em duas passagens na minha história de boleiro e de amante do futebol. Em uma delas, embora compondo um cenário do contra, eu como amante do futebol jamais reduziria de tamanho e beleza. Foi num cruzamento do jogador por nome Zanata que o Roberto Dinamite escreveu uma das mais brilhantes páginas do desporto brasileiro. Um golaço contra o meu Botafogo, e roteiro que contou com um chapéu no zagueiro Osmar e um voleio potente e certeiro, sem a bola cair no chão. Jogada de plástica irretocável. Teve outra passagem que também, este nome gerou um desconforto, mais logo falo dela.

O que torna é que o destrambelho da vida atual me trouxe a deputada Zanata, por esses dias, ostentando uma arma, um mandato e um discurso sem utilidade para a sociedade brasileira. Única coisa que prestou na cena protagonizada pela parlamentar foi a lembrança dos campinhos e dos times de rua, de Belém. E aí vem a outra passagem.

E foi ali pras bandas da passagem Santos Dumont, no final da Senador Lemos. Era por lá que, naqueles anos em que os campinhos grassavam pelos subúrbios, ficava o complexo da Mangueirinha, espaço de lazer formado pelo campo principal do Aliança e a área livre nas adjacências, que quando a molecada era tanta, podia resultar em mina de campos de travinha, e se a quantidade fosse mais modesta as dimensões do lugar permitiam campos mais aqueles de grandes, para embates com goleiro e time somando entre sete e nove jogadores. Pelo que me parece, ainda há traços reliquiares da imensidão que era aquilo, como as mangueiras à margem da Santos Dumont, que fazem o limite entre as ocupações atuais; e a praça Dorothy Stang nos seus estendidos, infelizmente, da mesma forma ociosos, ainda por agora. O complexo Mangueirinha era a versão Sacramenta para o nosso espetacular Areal, da Pedreira que ficava nos domínios dos campos do Asas, do Trabalhista e, de ganho, nos impunha a tentação de um mergulho no Igarapé do Zé, logo adiante, no final da Marquês. Tinha a demanda da garotada de lá, mas às vezes a gente ousava se abalar da Pedreira e encarava uma disputa na casa deles.

Meu compadre, o professor, poeta e instrumentista elétrico/eletrônico dos bons José Miguel Alves era o articulador. Marcava data, selecionava o campinho, cuidava do horário. O time dele era o Vasquinho. O nosso, o glorioso Iternacional da Mauriti, à época das pelejas pela Sacramenta, já com o patrocínio do Ismael da padaria. Todo luxento com seu jogo de camisa de escudo bordado, shorts brancos, pão com manteiga e caldo de cana depois dos jogos. O time do Miguel era na base da coleta. Escudo costurado, a faixa pintada com Acrilex e algumas do lado contrário. Tinha no elenco um menino afogoiozado por nome Zanata, em homenagem àquele do Vasco que era aloirado.

Na, compreensível, última partida que jogamos no complexo Mangueirinha, não apareceu juiz. Fizemos uma busca, o mais indicado era o Zanata que tinha pegado uma furada de prego e não sentava o calcanhar no chão. Vá lá que seja, o loirinho, mesmo cachingando, aceitou a missão.

A partida estava tensa. Provocações de parte a parte. A torcida nervosa. Numa disputa por alto, a bola saiu pra lateral. Dúvidas. Os dois times reclamaram a posse. Perguntamos pro Zanata de quem era a bola. ‘Nossa’, ele respondeu. Pra quê! Quem estava chupando manga no nosso banco sapecou umas duas no cocuruto do Zanata e o tempo fechou. O time dele, a torcida e todo o bairro da Sacramenta se doeu e veio pra cima da gente tomar satisfação. Zanata era muito querido.

Daí, foi perna pra que te quero com mais de mil pelo estirão da Dr. Freitas. Nunca a Pedreira foi tão perto. E ainda demos um mergulho no Igarapé do Zé, pra desassombrar.