domingo, 27 de dezembro de 2020


                                    Ensaio 1

sábado, 26 de dezembro de 2020

crônica da semana - vacina

 Uma pinicada no braço de presente

O Natal sempre teve como alvo as crianças, e também, conte-se que este público demanda uma tomada de decisão mais fácil e concreta: para as crianças, brinquedo. Palpável, de verdade o suficiente para permitir a alegria e o imenso folguedo da petizada na manhã do dia 25.

Para os adultos a técnica já desvia para o abstrato. Desejamos felicidade, alegria, realizações. Que papai do céu entregue na janelinha do coração da gente, um tiquinho assim de paz.

Isso antes de 2020.

Porque neste Natal, crianças, adultos, nós os velhinhos, o que esperamos mesmo de presente é a materialidade de uma seringa pinicando no braço a vacina que vai nos proteger do Coronavírus.

É o meu maior desejo para este Natal.

Vacina para todo mundo. Entendo que neste caso, o coletivo ascende ao individual e não tem esse negócio de ‘não vou tomar vacina’, não. É absolutamente necessária, para combater o vírus, uma proliferação de seres humanos imunes. E libertos do preconceito, do negacionismo, da intolerância, da ignorância e do desprezo pelo compromisso com o outro.

Não baste este meu entendimento em favor da vacina, há outro bem mais persuasivo, dirigido aos incrédulos. Sem vacina, difícil a vida que segue.

Quem não se habilita tomar a vacina pode morrer, e também, pode matar alguém de Covid. Em quaisquer das situações, ‘a vida vai ser severamente impactada’.

Outras tentativas de persuasão: chance nenhuma tem, caso esteja pensando num rolé, de viajar para o exterior; pretenda, por algum talento, conseguir emprego, não vai passar na seleção; usufruir das ações de políticas públicas, penso que vai ser muito difícil. Matrícula em qualquer curso regular será, por certo, negada sem o comprovante da vacina.

É só um alerta, e asseguro, não é oportunista, gratuito ou obra de alguma sutileza política. Dou a dica porque já passei por todas as situações que citei acima, e em todas elas, para que conseguisse sucesso, tive que apresentar minha carteirinha.

Tem até um causo sobre a vacina contra a febre amarela. Aliás, sem esse comprovante, nem saia de casa. Nas viagens que fiz a trabalho e a passeio para o exterior, era logo avisado da atualização. Houve um ano, que fiquei blefado, sem grana, sem emprego, sem rumo. Quando meu currículo foi aceito por uma empresa do Amazonas, corri para a rodoviária, para atualizar a dose da antiamarílica. A aplicação era na pistola. Quando o agente apertava o gatilho, não tinha bom. O camarada arriava na hora. Doía pra dedéu. Peguei meu cartão e guardei bem guardadinho. Era documento exigido para meu novo emprego.

Acontece que guardei bem guardadinho, mas tão bem guardadinho, que quando cheguei à portaria da empresa (era comprovante que pediam na portaria. Não podíamos nem entrar para os finalmentes documentais se não tivéssemos o cartão em mãos), tão guardadinho estava que virei, mexi na minha mala, e não achei o bendito. Risco sério de perder minha vaga. Liga pra cá, liga pra lá, embora eu jurasse de pé junto que havia me vacinado, não aceitaram minha palavra. Fui encaminhado a um posto de saúde em Manaus para tomar outra dose. Resultado: arriei de novo. A bicha doía pra dedéu. Depois desse sufoco, tenho mantido atualizada minha carteirinha. Às vezes, guardo bem guardada e perco de novo. Vou ao posto e renovo. Não é mais na pistola.

Meu desejo, de coração, neste Natal é de concretude. Ações efetivas pela saúde. Vacina para todos.

 

sábado, 19 de dezembro de 2020

crônica da semana - vô Firmino

 Vô Firmino

Tenho em mim uma troca de energia pra lá de positiva com o Acre. Coisa da ancestralidade. Saí de lá molequinho sem tino, passei uma eternidade longe, mas quando dei de voltar, era como se estivesse ido bem ali rapidola tomar de assalto uma guarnição boliviana. Cheguei chegando. Éraste! Parece uma coisa. Um conforto, uma empatia, que não senti em outros lugares por onde andei. Um exemplo que posso dar aqui, foi o que aconteceu em Manaus. Cidade que me era atravessada. Quando andei por lá, vivia me perdendo. Tudo pra mim tinha que começar e terminar na Praça da Polícia. Era bater os pés em Manaus e a leseira recair sobre mim. Às vezes, estava a um passo do meu destino, mas me dava uma doida, um abirobamento, tinha porque tinha que voltar para a praça e depois é que eu empinava para novos rumos. Um desnorteio só.

Depois de formado pela Escola Técnica, de ter-me auto proclamado autêntico e apaixonado paraense papa-chibé, haver conseguido emprego em Rondônia que é bem ao pegado do Acre, veio a chance de conhecer minhas origens. A terra do meu papai.

Tinha três dias por mês livre do meu trabalho em Rondônia. Numa dessas folgas, dei uma escapulida e varei no Acre. Pouco tempo. O ocorrido deu-se em 1983. Tempo pra dedéu. A memória custa a localizar marcas daquela visita tão curta. Sei que quando desembarquei, nem me abalei assuntando ou consultando mapas. Tinha só uma mochilinha mesmo, andei um pedacinho pela calçada até uma parada de ônibus, peguei o primeiro que passou. Não era um acreano. Era um paraense juramentado. Mas parecia. Tinha uma desenvoltura que só vendo. Não estava regressando. Lembrança nenhuma guardava da infância que me aproximasse em termos e modos daquele lugar. Mas atravessei a ponte de ferro pegando aquele ventinho na janela do ônibus, na maior leveza. Desci no centro, bati perna. Visitei prédios históricos, o palácio Rio Branco, a praça da Revolução, descansei ao pé da estátua de Plácido de Castro, almocei mais adiante e no início da tarde, como se guiado pelo instinto, dei na rodoviária no horário certinho que saía o ônibus para Xapuri. Era esse o meu plano. Viajar à tarde, no rumo oeste, pra ver se era certeira a história que dizia o sol não se pôr no Acre.

Quando cheguei a Xapuri, o sol já havia se posto há um tempo e a noite era uma verdade concreta e estrelada.

Penso que ante o desconcerto de um encontro inesperado, que acometeu a banda acreana da minha família, por não imaginar, de jeito e maneira, aquele paraense desconhecido aparecendo do nada, na calçada da rua da Gaveta, o que me ocorreu de mais cômoda e pretensiosa interação, foi fazer as contas da chegada dos sodreres no Acre, para puxar um papo. Meu tio, que a mim me surpreendeu com extrema destreza, astúcia e inteligência, fez um esforço e chegamos ao meu avô Firmino, cujo nome dava título à escolinha que funcionava até aqueles dias no seringal São Miguel. Em tudo por tudo, somando idade dos filhos aqui, tirando a prova dos nove com a chegada dos netos, ali, casamentos, aniversários, comunhão e caderno de conta nas lojas de aviamentos, nos demos por satisfeitos em admitir que meu vô Firmino, vindo da Bahia, fora contemporâneo de Plácido, o revolucionário e quem sabe, não tenha participado de uns assaltos às guarnições bolivianas, nas pelejas por um Acre independente?

Tenho em mim, uma troca de energia pra lá de positiva com o Acre. Coisa do meu vô Firmino.

 

sábado, 12 de dezembro de 2020

crônica argel - toque de recolher

 Toque de recolher

Incomodado por um adoecimento repentino que... Bom, que me impede ficar sentado por muito tempo à frente do computador, acudi-me do filhinho. Senhoras e senhores, Argelzinho Sodré:

“Eu estudava no colégio Dom Ângelo Frozi, e estava em mais um dia normal de aula. A professora devia estar falando das cores primárias, ou algo assim… até que bateu a campa pro intervalo.

Eu e meus parças fomos pro escorrega-bunda, Tínhamos uma tradição de misturar nossos lanches e depois degustar essa bomba de sabores industrializados. Por exemplo, era normal eu lanchar iogurte tutti-frutti bem misturado com pitchula de guaraná garoto, polvilhado com raspas de biscoito máscara negra, ou biscoito do gatinho, para os íntimos.

Saindo de lá, visivelmente drogados, fomos assistir aos mais velhos e mais altos jogarem espiribol. Curtir essa liga sintética vendo uma bola girar em torno de um poste, só essa escola me proporcionou. Saudades!

Na volta do recreio fomos abordados pelas professoras atordoadas dizendo que não era pra gente se desesperar, que nossos pais já vinham nos buscar. Eu voltava pra casa a pé com os caras, ou com a mamãe e a Amaranta, mas nesse dia a dona Beth, nossa vizinha que tinha uma Kombi -e diversas semelhanças com a minha tia Dina- estava lá na frente já esperando por nós.

De repente o porteiro, com o microfone anunciava que todos estavam liberados e lançou a hashtag fica em casa, pois estávamos em toque de recolher. Enquanto eu me encaminhava para a saída, olhei pra parede e tinha uma folha de papel A4 com a foto de um rapaz careca, na cadeia, anunciando: ARTERENX, ESTUPRADOR FUGIU DA CADEIA E ESTÁ ATERRORIZANDO A VILA DOS CABANOS.

Na hora meu coração gelou (gelou agora, de novo). Cheguei em casa e o zap da época (o telefone fixo de número 3754–2504) não parava de produzir notificações. “Ele é um estuprador que ataca mulheres que andam sozinhas nas ruas de Marituba, ele foi preso há alguns meses, mas fugiu de Americano, e veio se esconder aqui na Vila, agora ele tá se escondendo em cima das árvores e atacando mulheres que passam desacompanhadas, ele já atacou algumas, até a fulana".

Nós, os Sodreres, prevenidos como somos, não saímos de casa pra nada. Papai só saía pra trabalhar, Amaranta não podia ir pra casa da Flaviana, e eu não podia jogar bola. Mamãe ficava inventando coisas pra gente fazer dentro de casa. No momento de maior perigo, entre 12 e15 horas (todo morador da Vila tem medo desse horário, se não tem, deveria ter), fechávamos toda a casa, colocávamos a TV no programa ponto de luz e ficávamos ouvindo história de visagem de crente, porque era menos aterrorizante que a realidade.

Após 5 dias de muito terror e isolamento, a tia Tati, minha querida professora da época, ligou pra Márcia, que é uma das melhores amigas da mamãe, que ligou pra mamãe avisando que prenderam Arterenx lá na comunidade de Vila Nova. Assim foi restabelecida a tranqüilidade, a paz na pacata Barcarena. E que quando ele foi preso, estava tentando aplicar a seringa numa criança!!!

Acabei de pesquisar aqui no Google pra saber se essa história é real ou foi apenas um delírio coletivo. Não achei nada. Perguntei pros meus pais, mas só sabem que aconteceu, sem muitos detalhes. Ah! Mas as crianças da época sabem tudo sobre esse tempo de terror, e garantem que foi real o toque de recolher. E não foi o único caso, ainda teve aquele dia que o leão fugiu do circo...”

 

terça-feira, 8 de dezembro de 2020

crônica remix - uma tarde

 

UMA TARDE

 

Não entende a presença dela ali, em plena tarde de Sábado. Para ela, o Sábado era um dia sagrado. Dormia até tarde. Tomava um café, ainda com aquela preguicinha  do acordar sem querer, e ia despertar realmente,  embalando-se na rede da varanda. Depois, vivíssima, tomava um barril de suco de qualquer fruta regional, natural, e traçava o plano de vôo com possibilidades que iam do passeio a casa de amigos a uma fugida estratégica para Mosqueiro. O Sábado não tinha hora pra terminar. Ele lembra que na época da campanha para presidente, tinham uma turma espertíssíma que fazia a diferença na ‘buxixeata’. Eita! Por aqueles dias, o Sábado desandava e ia dar no Domingo a tarde.

Não tinha por que estar ali, naquela tarde. As pendências estavam todas resolvidas. Nem precisaram de advogado. Foi tudo na santa paz. Não eram casados de vera, mas foi tudo bem divididinho. Ela ficou com o carro, ele com a casa na Pirajá. Ela levou toda a biblioteca, mas em compensação, ele herdou aquela belezura de discoteca que incluía aquele disco em vinil, raríssimo, do bom acreano Sérgio Souto. Tantos anos e não tinham filhos. Ambos levam a responsabilidade de um exame, que pelo grau de importância diante das ‘prioridades’, nenhum dos dois, jamais fará. O caso foi bem resolvido, e o que a levaria a sua casa numa tarde de Sábado convidativa? Ele meio que surpreso, meio que curioso:                                              

 - Mas és tu mesma, mulher? Que bons ventos te trazem?

 Ela, prática, decidida e aparentando pressa:

                        -Aquelas caixas, lá no quartinho, lembra? Posso dar uma bisbilhotada nelas?

Ele prestativo, quase que bajulador, indicando o caminho:

-Claro, claro... Ah, tu sabes onde é...

Enquanto ela cavucava lá por dentro, ele voltou e buscou no correio eletrônico, o último poema do talentosíssimo poeta José Miguel Alves, seu amigo virtual mais recente. Traga do verso: “ O último amigo arde...” Tenta lembrar o gosto de um bom cigarro. Desiste. Ora, ora, a grande responsável por ele ter abandonado o maldito vício estava ali, no quartinho dos bagulhos. “Taí, te devo essa”, murmura virando o rosto naquela direção, talvez tentando reconhecer que a partilha não fora tão justa assim.

-O quê? – Devolve ela, demonstrando ter ainda os ouvidos mais sensíveis do mundo, emendando a seguir – Achei, achei!

Sai com a mesma pressa que entrou. Ele a acompanha até o carro. Despedem-se e beijam-se como amigos. Três pra casar ( oh, não, pra casar, de novo, não!). De repente, um fogo explodido das profundezas da irracionalidade (aquela irracionalidade do coração, que eles tanto se orgulhavam de desconhecer), aquele fogo traiçoeiro, insubordinado, perturbador, se fez num longo beijo. Um beijo com gosto, adocicado. Um beijo orvalhado, fértil, um Nilo de prazer. Eu momento! Um beijo por tantos beijos. Tão bom, meu Deus! Mil anos se passaram ali naquele instante...

Quando os lábios separaram-se constrangidos, procuraram os seus rumos. Tomaram pé e tornaram daquele mundo impossível de existir. Abraçaram a lógica das coisas e entenderam tudo.

Ela se refez. Entrou no carro, puxou da bolsa uns bregueços ( umas hastes finas de plástico, de madeira, do tamanho de agulhas de tricô; atracadores, grampos, aquelas coisas que havia recuperado das caixas), e com eles tentou prender os cabelos. Ele  aproximou o rosto da janela do carro e confirmou uma opinião antiga:

-Ficas melhor com o cabelo preso.

Não era isso que ele queria dizer. Na verdade nunca tinha as palavras para definir o prazer de vê-la com os cabelos daquele jeito. Não sabia dizer bem o “jeito”: preso, não preso. Não de todo solto. Nem preso, nem solto, sei lá.

  Ela, um tanto desconcertada, fez um arranjo rápido com as hastes de madeira e ai, ai ai, ai, ali estava a mulher da sua vida, com os cabelos misteriosamente arrumados do jeito que ele tanto gostava.

  Um sorriso mútuo foi o sinal da despedida. Ela deu a partida no carro e saiu para sempre da sua vida, naquela tarde de Sábado.

 

sábado, 5 de dezembro de 2020

crônica da semana - MIR

 Eu quero viver

Houve um ano aí, que eu tava que tava. Juro! Bateu uma deprê. A vida tava assim, meio desinteressante, meio sem sal. Tudo por causa da MIR (lembram dela?). É vera! Quando eu soube que a MIR ia cair, romper a exosfera e riscar o céu em mir pedaços, quando soube que a aventura super emocionante (e ponha emoção naquilo!) da estação orbital russa ia acabar, fiquei numa malemolência, num cubu de dar dó.

Afinal a nave era o que vinha animando os meus dias, naqueles tempos de pax globalizada. Foi-não-foi, a MIR virava notícia e nos pregava uma peça (ou: uma peça da MIR quebrava e a pobrezinha corria riscos irremediáveis), e eu aqui embaixo, na expectativa, na torcida. Mais com pouco, outra onda na MIR: ai! Quebrou a rebimboca da parafuseta do compartimento de gases nobres (argh, argh! Esses russos!), e aí eu me pegava com todos os santos. Acompanhava as últimas dos jornais, até que tudo parecesse resolvido. Parecesse! Pois nada se resolvia na MIR. Cada bronca resultava numa MIR menorzinha. Uma trombada aqui, um esbarrão ali, o coração ficando fraquinho, fraquinho, e a MIR pedindo socorro. Até os americanos metidões flutuaram por lá ajeitando um band aid aqui, outro acolá, mas necas. Não teve jeito. A bicha despencou mesmo. E naquele padrão Rússia pós Guerra Fria, com uns pedaços deste tamanho perigando cair sobre o cocuruto da gente, égua!

E foi esse, o meu comichão naquele ano. Uma nova realidade sem a minha MIRzinha querida (geniosa, como as nossas queridas, mas como viver sem elas?). Sinceramente, passei maus bocados, sem ver graça em nada. Enfurnado pelos escurinhos da casa. Taciturno, ensimesmado. Carente. Sem rir, sem falar, sem comer, sem beber, na onda dos suspiros enfadonhos e medonhos chiliquitos.

E ainda mais que eram dias plúmbeos, de chuvas intermináveis.

Um belo, dia, então, o sol mostrou a cara e eu fui dar uma voltinha por Belém. Desci, a passos cadenciados, a ladeira do Forte do Castelo, só imaginando...

Lá embaixo a lançante jogava a Guajará para além das barraquinhas da Feira do Açaí.  E eu, aos poucos, me maravilhando com as possibilidades de viver Belém, Viva Belém, bembelelém, Viva Belém.

Ali, na foz do Piri, dei pra ficar contemplando com prazer, os barcos zarparem da doca do Ver-o-Peso, ao ritmo do banzeiro e ganharem o rumo do peixe bom. Tomei a Boulevard e me surpreendi esperançoso, animado enquanto me deslumbrava com o colorido matinal que as pimentas de cheiro emprestam ao entorno do Solar da Beira, e com o mundo de bondades verdes se mostrando das barracas das vendedoras de ervas.

Quis fazer um poema, dar umas risadas, gargalhar. Quis correr de um lado a outro da praça, atrás dos passarinhos que voam baixinho. Pensei em embarcar num popopô e depois desembarcar já quando ele estivesse desatracando, só de pirraça. Quis dar um sinal de louco amor pela minha Belém.

Pedi abrigo ao Senhor, e ali, sentadinho num banco da Praça do Pescador, sob a guarda do Jesus dos navegantes, eu decidi: sim, eu quero viver.

Pronto, daquele dia em diante, a vida me sorriu de novo, e eu não quis mais saber de tomar os mesmos rumos da MIR. Desde aquele dia de sol, quis ficar pra ver Belém da Guajará se desfolhar em mil pedaços, presunçosa, orgulhosa, cheia de vida, para mim.

E quer saber? Bem feito para a MIR, quem mandou ser tão lerda, tão incerta. Despencou e hoje ninguém lembra mais dela, só eu mesmo, nesses dias de chuva.