segunda-feira, 24 de junho de 2013

crônica remix - feliz aniversário

Papai te ama
Hoje tem arraiá aqui em casa. Vamos comemorar o aniversário da minha filhinha. Mês de junho é um mês bem aquele para se trocar idade. Nem é preciso se preocupar em fazer festa com comes-e-bebes  poderosos. Tendo o seu mingau...
Minha filha Amaranta abrilhanta a quadra junina. É do dia 26.
No dia, nenhum santo a lhe sombrear. Brilha, insuperável, minha beibe, entre João, o arauto das Boas Novas e Pedro, o santo guardião.
E, olha lá, ela vai ficar piriricas da vida porque tô falando do aniversário dela aqui na coluna. Amaranta Maria não é chegada à badalação (ou pelo menos, faz menção que).
Na véspera do aniversário, antes de dormir, deu logo o papo: “olha, não quero ninguém me acordando amanhã cedo - cedo. Tinha que ser cedo! - para cantar parabéns. Vocês ouviram? Não quero ninguém me acordando cedo para cantar Parabéns”.
Foi a deixa.
De segunda para terça, trabalhei de noite. Fiz as vezes de operário até bem, na lida noturna, e o dia amanheceu na paz. Cheguei em casa ainda com aquele friozinho matinal a estimular a momó. Peguei o violão que, há muito repousa improdutivo, sob a guarda fria da parede da sala, e fui até o quarto entoando uma canção de felicidades para minha filha. “Parabéns...Parabéns...Muitas felicidades/ Muitos anos de vida...”
Era isso que ela queria. Ser acordada assim, em grande estilo.
Acompanharam-me na cantoria, a mãe e o irmão. E ela, nem seu souza. Fez charminho. Simulou um sono profundo. Deu de ombros. Puxou o lençol para vante. Escondeu o rosto. Deu um sorrisinho manhoso, ao final das contas, e só deu chances para a realidade da manhã, quando sussurrei no seu ouvido: “Feliz aniversário, filhinha. Papai te ama”.
Daí por diante. O dia foi só dela. E o bestão aqui, do pai, permitiu tudo. Ah, minha bebê estava no berço e podia fazer o que quisesse. Nem sei o que se sucedeu depois do Parabéns. Dormi logo a seguir, cansado que estava da jornada noturna. Sei, porém, que o domínio completo sobre o controle remoto e a prioridade em todo e qualquer jogo no computador, fizeram parte da paga por tê-la acordado tão cedo e com tamanho alarde.
A lembrança pelo dia 26 de junho de 1998, se consumou com minha filha comandando o dia, o que resultou, também, na minha entrega total às artes culinárias. Fui intimado a fazer o almoço. E foi um almoço nota dez que rolou lá pelas duas, depois de um sono reparador.
Decidimos in family que, na terça não havia ‘as condição’ de uma mesa para as amiguinhas (os pais estão no trampo; as meninas, em aulas, ainda) e transferimos o arraiá para hoje, sábado.
Melhor. Deu tempo para umas articulações. Orientei a pequena que ligasse para o padrinho. Azuruote do jeito que ele é, deve ter esquecido a data. “Liga, liga, e pede logo dez. Diz assim: ‘padrinho, me dá dez’. Ah, sim, diz que é teu aniversário e não esquece de tomar a bença”.
Sei que ele não vai ligar para a brincadeirinha. Tem bom humor e, além do mais, tive cuidado de escolher, para a pequena, padrinho rico, bem situado. Conceituado na sociedade paraense. E ele sabe, a gente fala assim, nestes termos que é pra ver se rola, pelo menos, uma Barbie.
É assim mesmo. O padrinho tem que fazer as vezes do pai, em certas e significantes circunstâncias. E é sempre bem vindo à mesa, de par com o emblemático mingau de milho.
Em festa que Amaranta Maria merece. Ela é a minha redenção. A minha alegria e a minha introspecção. Uma bebê, que está fazendo nove anos, mas tem me encantado com a sua personalidade forte, com o seu jeito professoral, e com tão afinada voz. Um beijo, minha filha. Papai te ama.

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