quarta-feira, 17 de abril de 2013

crônica remix - pois não é


Pois Não É!
- Aos poucos ele foi dando sinal de vida. Ligou para casa um dia, passei o telefone para os meninos. Outras ligações e admiti trocar umas palavras com ele. Marcou um encontro, queria me ver.
- E tu foste?
- Fui. Vivi com este homem por felizes 14 anos. Até o dia da briga, pensava que sabia tudo sobre ele. Agora tomo cuidado. O encontro foi longe daqui, lá na Condor, no Palácio dos Bares. Quando o vi, tremi dos pés a cabeça. Os pensamentos sacolejaram dentro de mim. Tive vontade de correr dali, ao mesmo tempo, desejei beijá-lo, dizer que se ele pedisse  perdão daquela briga, eu o perdoaria. Por outra, reinei em dar as costas e ir embora.
Nos cumprimentamos desconcertados e pedimos o prato: uma chapa de Filhote com vinho, chique, né?            
- Eu não ficava um minuto - indignou-se a amiga diante dos relatos da mulher.
- Eu  te entendo, eu te entendo, mas não é bem assim- tenta justificar-se - olha, ele foi o meu primeiro homem. Era moça, quando casei com ele, e tão bonitinha, tão jeitosinha, eu era. Chamava a atenção entre as garotas do terceiro ano no Paes de Carvalho, cheia de charme com a minha blusa passadinha, minha saia plissada e meu sapato boneca. Ele era mais velho, já trabalhava na corretora e tinha umas economias. Logo que casamos, conseguiu um escritório pra ele sozinho e levou os clientes do outro escritório com ele. Tinha um quê pra negócios. Sempre me deu as coisas. Me deu casa, carro, boas roupas, conta conjunta e liberdade para fazer o que eu quisesse. Nunca tive que fazer relatórios sobre de onde eu ia, ou deixava de ir. Confiava em mim e eu era apaixonadíssima. Amor. Me deu tanto amor.Tanto que quando engravidei, eu era um palito assim, ó.
Eu sempre procurei manter o nosso relacionamento sob controle, dentro dos limites do tolerável  até o dia em que encontrei os bilhetinhos. Naquele momento havia uma ameaça, e eu não queria dividi-lo com ninguém. Esta minha teima, deu no que deu. Deu naquela briga lamentável, dentro do quarto fechado e a saída dele de casa. Mas agora, agora, não sei se tá passando, se já passou. Não sei, meu Deus! O que eu sei, é que tenho dado chances a ele.
Depois do almoço no Palácio dos Bares, nos encontramos de novo para conversar. Agora ele já passa o final de semana  com a gente. Vamos ao shopping, à praça da República, já fomos até a um Re-Pa, no Mangueirão. E eu, só esperando uma folga na segunda ou terça, pra gente dar uma fugidinha, pra gente ficar a sós.
- Mas, mas assim, menina, falando desse jeito, tu vais acabar voltando pra ele.
- Pois não é!

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