segunda-feira, 12 de março de 2012

crônica remix- equinócio

Mar e Lua
Quem passou pelo Ver-o-Peso, agora por esses dias, viu. A maré tava têi-têi. Tava em tempo de entornar para a Boulevard.
Era a força da lua Cheia animando as águas da Guajará. Uma força que vai se repetir, ainda no meio do mês, na lua Nova, quando de tão alvoroçada, a maré vai reinar em subir as margens aterradas do Piry.
Mas acho que o Veropa não vai alagar neste mês, não. Agora em fevereiro, a maré vai ficar na biqueira, mas não vai molhar a canela de quem charla pelos sortidos armarinhos da beira. Para o mês é que é...
Em março, a maré vem alta. A lua Nova, que ocorre no dia 18, vem trazendo a exuberante maré de Equinócio. Por esses dias de março, pode arregaçar a barra da calça, que a água vai a meio metro até nos melhores magazines da João Alfredo. Se estiver chovendo, então...
Quem tiver tempo e desejar grandes emoções pode até ir se agendando que é nessa época, também, que a pororoca ruge pelas reentrâncias amazônicas.
É claro que para estar fazendo esta prosa, tô aqui pegado nas consultas. Esclareço, então, que Equinócio é o momento do ano em que o Sol passa de um hemisfério para o outro. Agora, o sol caminha para o norte e vai deixando, aqui para as plagas do sul, as portas abertas para o inverno (que não quer dizer, exatamente, esta nossa chuvinha diária, não).
Durante esta passagem há um dia em que o sol cruza o equador. Nessa data, o dia tem a mesma duração que a noite. É o Equinócio.
O mesmo ocorre em setembro, quando o sol se abala de volta para o hemisfério sul, trazendo o colorido das flores.
Ocorre, também, que nessa passagem, de baixo pra cima, como agora ou de cima pra baixo, como em setembro, o sol se apruma com a lua aumentando a atração sobre as massas de água. Daí a maré cresce. É como se a Guajará quisesse saltar para fora da Terra, é como se a baía ficasse na ira de dar um passeiozinho por além do nosso cocuruto.
Tô falando sobre a maré, porque sou cliente dela. Me arvoro diariamente sobre os caminhos de água que envolvem Belém. Sou caboclo da beira. Programo a vida a partir da maré.
Por esses dias, percebi o nível da maré bem acima do normal. Corri, então, para o meu material de pesquisa.
Busquei me convencer de que a água grande deste mês é um evento natural. Deve-se a aproximação do Equinócio e das marés altas produzidas por este evento.
E de aqui por diante, vai ser assim. Dou uma observada ao redor e logo corro atrás de verificar o grau de normalidade...
Eu, heim! Depois que os cientistas anunciaram os efeitos do Aquecimento Global, tô de olho.
  

2 comentários:

  1. E AI, a maré tá cheia amnhã?

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  2. Sodré, grande escritor do cotidiano. Excelente observador do seu entorno. Parabéns, pela delícia do texto.
    Tânia Jacó

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