sexta-feira, 1 de junho de 2012

crônica da semana- massa


Acontece

Eu tenho um blog. Guardo lá minhas coisinhas. Divulgo outras artes, por lá. Fotografia, pintura, música. Optei por esta ferramenta virtual como um jeito de preservar o que escrevo (o último pau no meu computador levou parte da minha incipiente vida literária). É um bauzinho de sentires, de seres e de estares. Um abrigo para meus estimados fazeres. 
Daí que tenho leitores também por ali. Tenho uma galeria de seguidores, um feixe de comentários, um contabilizador de visitas fortuitas num marcador... estes elementos da interação que dão vida ao meu bloguinho. Mas, Acontece. É inevitável. Acontece de me confundirem. E não é por falta de aviso. Sempre que alguém se interessa, pede dicas para achar o blog, eu previno: “entra no Google e clica Raimundo Sodré. Aparecemos os dois, lá. Eu e o famoso cantor baiano. Eu sou o outro”. Os demandantes do lado de cá, já estão alertados. Vacinados. Podem até titubear no caminho, mas chegam ao endereço. Agora quando a busca se dá no universo da net...Acontece. 
Frequento também outras mídias, redes sociais. Vez por outra interajo com o amigo do amigo, adiciono. Solicito, sou solicitado. Sempre atento às armadilhas impostas pelo homônimo. A última, foi uma solicitação de amizade. Busquei similaridades na foto, nos amigos, no ramo profissional, nas artes e nada. Quando baixei para origem, pluft, saquei logo. Mais um engano. A pequena era da Bahia. Pensava que eu era o famoso, na certa. Acontece. Não. Sou o outro, afirmei para mim mesmo, energicamente (como se, sei lá, resistindo a uma iminente crise de identidade). Este caso está pendente, não decidi ainda sobre nossos destinos na rede (social). Outro caso foi deveras prosaico. A morena me chamou no bate-papo. “Gosto do seu trabalho”, disse ela. “Sou sua fã”.  Se eu disser que nunca ouvi isso, é mentira. Não foram tantas vezes, mas já ouvi, portanto não era uma novidade, coisa que me fizesse ficar metidão. Como se fosse um medalhão da literatura paraoara (tá bom, tá bom, sempre a gente dá uma empinadinha, né), trancei no papo com a garota. Conversa vai, conversa vem, empatia e combinas nas prosas. Por último ela agradeceu a atenção, fez manhas de despedida, reiterou a admiração e cortou-me o coração quando me perguntou quando eu iria fazer um show por lá. Show? Caí na real. Caramba, a menina levou um lero de responsa comigo, nas cimeiras culturais, sabe, convicta, no entanto, de que eu era o outro, o famoso. Acontece. Desfeito o mal entendido, mostrei-me como uma opção (e por que não?) caso ela quisesse saber o que é que um paraense do Acre tem (na prosa e no verso, esclareço) e ela até hoje passeia lá pelo blog. Parece que se afeiçoou. 
Acontece. E eu acho é bom. Sou fã do Raimundo Sodré famoso. Tenho um LP dele que me acompanha desde 1985 e a música “A Massa” era a minha preferida para vencer aquele distante festival da Globo. 
Ainda hoje o acompanho. Baixo vídeos de shows, músicas recentes. O compositor baiano tem uma identidade rítmica das mais efervescentes e se dá bem com as palavras. Tem um talento singular. Um quê e um jeito. Que bom ser confundido com gente massa assim. 
Tenho amigos virtuais que mesmo depois de esclarecido o furo, continuam me honrando com a presença. Não é porque eu não sou o Raimundo do recôncavo que a gente vai se apartar, né. Se temos coisas em comum, a gente se dá. A gente se linca. 
Clica lá no Google. Aparecemos os dois. Eu e o famoso compositor baiano. Acontece... Aproveita e dá uma navegada pelos links do autor d’ A Massa da mandioca. Ele é bom, ele é Sodré, é Raimundo (não sei se é Nonato). Ele é muito massa! 

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