quinta-feira, 9 de junho de 2011

Batalhão de Estrelas

Tenho em mim o pecado da inveja. Mas uma inveja bacana, boa de ter, inofensiva.
Data de um certo domingo quando dei com o Ronaldo Silva num bar lá em cima do barranco que ladeia a praça Eduardo Angelim, na Sacramenta. Ali estava uma turma animada e naquele dia tive a oportunidade de conhecer, pessoalmente, o meu ídolo.




Confesso que me senti surpreso. Trazia em mim uma imagem distante, sagrada do artista e fiquei por ali, meio sem jeito, na minha condição de fã devotado. Mas o Ronaldo desfez todas as travas com muita simpatia e bom humor. Era mês de junho, o Sandro Becker estava estourado nas paradas, e o Ronaldo entre um e outro clássico da quadra junina, mandava no violão trechos da Julieta-tá/ tá me chamando.
Aquela guinada aos meandros populares da música mostrou para mim o quanto livre era Ronaldo. Um músico sem preconceitos que retrabalhava o mais elementar acorde ou a construção mais simples, sempre em uma essência agradável, uma substância prazeroza. Dei um nome para isso: talento.



Naquele dia, na sacramenta, reparei direitinho no baque do artista. Ali na turma ele não se exibia com vaivéns dissonantes ou preciosismos estéticos. Ao contrário, com o aval das construções de Becker, fazia um Ré básico, um Fá responsável, um obediente Sol, mas quando juntava as notas, meu pai! a harmonia surgia soberana, envolvente.
Não sou crítico de música nem nada, mas conheço alguns bons músicos e me engano há um tempão achando que toco um pouquinho de violão. E por aí eu tiro: caramba! Faço as mesmas notas que o Ronaldo, mas quede que consigo fazer canções como ele (fico longe até do Sandro Becker, ora, ora!). A explicação para isso é o talento extraordinário que Ronaldo Silva tem e que eu não tenho (daí a inveja).



Este talento, esta luz, faz do Ronaldo um dos nossos mais importantes artistas contemporâneos. 
E esta luz se espraiou, se amalgamou a cúmplices aquilatados como o saudoso Rui Baldez e iluminou uma idéia fértil construída a partir de arrodeios à praça da República, nos domingos de junho. Daí surgiu o Arraial do Pavulagem.
Agora a luz vem de um batalhão de estrelas.
Seja na quadra junina, seja no arrastão do Círio, o Arraial se impõe pela alegria, pelo compromisso com a cultura e por uma certa disciplina nas dinâmicas do evento (não é do chega e vai ficando, não. Tem que fazer as oficinas, entender o espírito da coisa, ser conivente com as mais nobres intenções do folguedo).
E, por isso, pelo respeito com que trata a criação popular, O Arraial é um momento único de celebração da arte.
Encantando sempre.
Domingo, estarei lá!

O Sancari é uma das estrelas do Batalhão


2 comentários:

  1. Que lindo, tudo isso! Mês de junho é definitivamente pra ser feliz... XD UM beijo!

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  2. oi sodré, o mês que junho deixa a gente mais animado, né?!!! mesmo pra pessoas como eu, que não pulam fogueiras e nem correm atrás do boi. é tudo tão colorido que dá vontade de sorrir. bom fim de semana.

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