quinta-feira, 12 de abril de 2012

crônica remix-alô papai

Alô, alô. Alô, papai. Alô, mamãe...   
Eu tô meio azuruote nesta terça-feira de fevereiro quando ainda comemoro a aprovação da minha mulher, Edna, no vestibular; quando comemoro os onze anos do meu filhinho querido do meu coração, Argel de Assis; quando é carnaval, é carnaval, olê olê olá, e, ainda por cima, tô de fooooolga do trabalho...Égua-te! São muitas as emoções.
O vestibular, então, deu de dez...
O que me é pertinente dizer sobre o tema é que é muito, mas muito legal, muito bacana mesmo, passar no vestibular: ouvir o  nome no rádio, estourar ovos na cabeça, entregar-se submisso à nuvem de maisena, de colorau, pagar os micos...Cantar os preciosos versos do momento: “ Alô, alô, alô, papai/alô, mamãe...pode soltar foguete/que eu passei no vestibular...”
É legal amar, de todo o coração, e para sempre, o Pinduca.
Um barato isso de ser tomado pela letargia insondável e ao mesmo tempo, ser balançado pela excitação desregrada, assim, meio abobalhado, no meio da rua, quando da comemoração por ter passado na Federal: as mãos erguidas, o corpo cambaleante, uma euforia desequilibrada, instável. Um quê entre a comoção total e a incontrolável alegria, subsidiado por um estado de memorável – e justificável - porre de felicidade.
Minha mulher, Edna, teve a oportunidade de curtir esse barato.
E no sábado, lá estávamos nós, na Pirajá, comemorando, sob a égide da índole suburbana, sob as guardas do instinto pedreirense, as alvíssaras notícias vindas do listão.
Éramos nós, nos cotizando para o churrasco, para a gegé...
Éramos nós, driblando as barreiras sociais, rompendo as travas dos quarenta anos e confirmando a perseverança dos filhos da periferia.
No sábado, comemoramos, nos escaninhos esquecidos da sociedade, nas esquinas turbulentas dos arrabaldes, uma vitória vinda da nossa infindável resistência, da nossa irrefreável teimosia...
Naquela manhã, eu ainda estava aqui em Barcarena. Liguei o rádio cedo, conectei na internet, procurei o site da UFPA e nada do listão. E deu nove horas, e nove e uns caroços e nada...
Até que...O listão apareceu, de repente, num link da Universidade.
Liguei pra minha mulher, que estava em Belém, e que àquela altura, de tão ansiosa que estava, não queria falar com ninguém. Fui portador da boa notícia: “pode soltar foguete...”
Disse, ao telefone, isso somente, e corri pra pegar a lancha das dez . Na viagem para Belém, entreguei-me a um aprazível descontrole, e chorei um choro silencioso de indescritível felicidade. Atravessei a baía assim, acompanhado de bem-vindas lágrimas nos olhos.

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