terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

crônica remix- aguerra do

A Guerra do Fogo
A descoberta do fogo foi um grande passo para a humanidade. Só não entra na minha cabeça como os nossos antepassados conseguiram produzir o fogo esfregando um pauzinho no outro.
Se eu tivesse nascido há uns 100 mil anos, eu tava na roça. Não ia me garantir sem uma caixa de fósforo.
O filme A Guerra do Fogo, no entanto, mostra bem direitinho, para incrédulos dependentes como eu, a saga de nossos ancestrais para dominar o fogo.
A Guerra do Fogo é uma produção franco-canadense de 1981. Tem roteiro de Anthony Burgess e direção de Jean-Jacques Annaud. Não apresenta um cast de colunáveis, mas também, se lá houvessem, não ia adiantar de nada porque a caracterização dos personagens, resultante de uma impecável maquilagem, macaqueou os atores com tal zelo que, nem que a gente prestasse bem atenção, daria pra reconhecer algum famoso. Exceção feita ao Ron Perlman que se deixa revelar em algumas seqüências, principalmente naquelas em que está comendo aqueles piolhinhos pré-históricos catados do próprio corpo, coisa bem ao estilo de um outro personagem que ele fez, o Salvatore, em O Nome da Rosa (aquele que comia ratos...argh!).
Na trama, uma reflexão sobre a linguagem. Uma brilhante abordagem sobre os modelos de comunicação primitivos que prescindiam da palavra ou, no máximo, se reduziam às mínimas articulações vocálicas.
Alinhavada pela linguagem gestual, pelos urros e grunhidos, a aventura do homem primitivo é contada como uma busca incessante pelo domínio do fogo.
Num contexto entrecortado por conflitos tribais em disputas selvagens pela posse da chama provedora, lampejos emocionais imputados aos Neanderthais primitivos (como a descoberta do riso e da paixão) e apimentado por uma discutível afinidade genética entre os Neanderthais e o homem moderno, a trama se desenvolve condensada, inerte, amarrada aos instintos dos personagens.
E são os toques reveladores da superação humana e os itens naturais responsáveis pela preservação da espécie, que são tecidos pelo diretor do filme com extrema ousadia e precisão (já pensou, contar a história de duas tribos e suas relações distintas com o fogo, num enredo que não se utiliza de uma palavra sequer? É coisa de gênio).
Assisti ao filme em 1989. Lembro bem do ano porque era época de eleição. A Globo entrou com A Guerra do Fogo, logo após a propaganda eleitoral. E por saber a data, desconfio do teor de verdade do ferino comentário feito por um amigo que diz que eu fui um dos seis fiéis telespectadores que viram o filme até o final. Que maldade!
Argumenta o meu amigo, que é um filme cabeça não muito fácil de assistir, por isso a debandada.
Para mim, o filme é perfeito.
E quer saber, não éramos seis, não. Uma galera estava ligada na telinha, naquele dia.
Fiquei maravilhado com o filme. Só que depois daquela exibição, não mais ouvi falar dele.
Ouvi assim, em conversas com amigos, em comentários e resenhas, mas, notícia de outra exibição, necas. Alguns até me diziam que tinham visto anunciar no Corujão para tal dia, mas, eu ia atrás e nada.
Até que, este ano, consegui, na internet, uma cópia em DVD do filme. Tô todo pávulo. De vez em vez repasso uma cena e reflito sobre as suas conseqüências históricas (como a cena de amor paleolítico entre os personagens principais). E, não disse que muita gente tava ligada, naquele dia? Tenho uma lista interminável de pedidos de empréstimo do DVD. Para diversão, trabalhos acadêmicos, debates...
O filme tem o seu quê didático também. Ensina até a fazer o fogo. Só que com gravetinho eu não dou conta não...Tem um fósforo aí?

Nenhum comentário:

Postar um comentário