sexta-feira, 18 de março de 2011

crônica da semana

Saco de dinheiro
Tá rolando pela internet um e-mail prevendo tais e quetais para o mês de julho, dizque porque neste ano, o mês vai comportar 5 sextas-feiras, 5 sábados e 5 domingos. Conta lá o texto que este é um evento extraordinário possível somente a cada 800 nos e traz presságios alvissareiros, mais especificamente, a possibilidade d’a gente encher o bolso de grana. Tem até um afortunado nome em inglês, este weekend adicional. É chamado de money bag, expressão que assim, numa livre tradução, poderia ser entendida como ‘um montão de dinheiro’. Oba!
Desconfio dessas coisas, até porque são proposições com enormes dificuldades de sustentação. Primeiro têm que se acertar quanto ao mês. Na primeira leva de mensagens, outubro era mês da vez. Acho que deram uma olhada na folhinha do ano e corrigiram para julho (porque em outubro rola outra seqüência). Depois têm que explicar melhor essa história dos dias da semana. Se um mês como julho, vem cheio de sextas-feiras e esta peculiaridade chama dinheiro, qual a perspectiva para agosto que nos brinda com 5 segundas-feiras? Ais e uis, como diz o Edgar Augusto? Engovs e arrependimentos encarreirados? Convenhamos, 5 alvíssaras segundas-feiras, isso sim, é que seria uma perspectiva extraordinária.
Por último: não me dei o trabalho de pesquisar (logo me veio à cabeça aquelas fórmulas apavorantes de fatoriais, de análises combinatórias, de exponenciais dificílimas na minha cabeça e desisti), mas fiquei meio aquele com este espaço de 800 anos. Se alguém se habilitar para checar essa recorrência, depois me informe do resultado, tá. Eu tô fora. Vou me abster das contas.
Tirei, então, uma conclusão para este fato inusitado que marca o mês de julho com 5 semanas. Sabe o que isso significa? Nada. Absolutamente nada (aliás, para quem gosta de entortar na sexta, significa um plus, uma chance para mais uma saideira. E só). Coisas da internet. Daqui a pouco aparece aquele outro engraçadinho anunciando que o planeta Marte vai aparecer no céu do tamanho da lua. Ali, pau-a-pau em brilho e envergadura com o nosso satélite. Essa é velha, Todo ano desponta no horizonte virtual. Pra gente ficar vacinado, li nas efemérides do astrônomo Marcos Calil que Marte, agora em março, sequer aparece no céu. Dorme o sono diurno nos braços do astro-rei. Então, não vem que não tem. Planetão no céu, talvez só lá pra julho e isso, só depois de muitas e muitas saideiras (sabe, né, por causa dos tais e quetais de tantos finais de semana).
Os dias, as noites, o ano sideral, as estações, são acontecimentos astronômicos. O encaixe dos dias da semana dentro dos meses tem uma relação íntima com as fases da lua (E a Igreja, sabendo disso tratou de ajeitar o domingo de Páscoa na primeira lua cheia que vem depois do equinócio). Somos atrelados temporalmente aos movimentos da terra em torno de si e em torno do sol. Calendários são artifícios para classificar e ordenar o tempo, mas servem também para criar o misticismo, como no caso das sextas-feiras enfieiradas, e também, para ilustrar o poder e as vaidades humanas (no calendário ocidental temos duas homenagens meio que forçadas aos imperadores romanos e a mão decisiva do Papa Gregório XIII).
Uma boa grana não vem assim, por uma coincidência da folhinha. Por isso, vou continuar acordando cedo pra batalhar o pão de cada dia. Agora, quanto ao equinócio, sim, este é de vera e fascinante. Ocorre amanhã às 20:20h e vem influenciando o espetáculo das marés mais altas do ano. Este ano vou assistir à subida das águas, estrategicamente posicionado, ali, nos arredores da ponte do Galo.

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