sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Crônica da semana

Feche os olhos e sinta...
O pagamento pode ser feito com cartão em até 15 vezes, no cash, transferência, depósito bancário, só não aceitam vale transporte e borrachudo. Ah, eu queria. Queria ir. Deixa eu ver...Dia 22...Umbora ver, né, vou jogar na Mega-Sena essa semana...Umbora ver...
Olha aí, gente. Ainda dá pra ir. Não no dia 21. Para este dia não tem uma vaguinha sequer. Mas para o dia 22, tem. Para quem quiser, tem o camarote VIP Laranja por vigorosos 1.400 Reais, com direito à camiseta, comida, bebida à vontade, status e presunção. Mas se a mordomia laranja estiver azeda, pode-se partir para uma opção mais docinha. Com o módico investimento de 530 Reais, adquire-se um ingresso para a Arquibancada Azul, aliás, o menor desembolso possível a quem quiser ver Sir Paul em São Paulo.
Pesquei na internet, os dados aí de cima (o que não quer dizer que as informações sejam 100% verdadeiras. Sabe como é a internet, né. Tenho dúvidas sobre o direito ao ‘status’ e à ‘presunção’). E só pra justificar a minha vontade, capturei o release do show também:
“Paul McCartney volta ao Brasil, após duas passagens pelo país em 1990 e 1993, como parte de sua turnê Up and Coming. Desde o lançamento da turnê em março, o ex-Beatle já fez 25 shows na Europa e nos Estados Unidos para cerca de 500 mil pessoas. O repertório do show, com duração de cerca de 3 horas, privilegia hits dos Beatles, além de canções feitas por Paul para The Wings e sua carreira solo”.
Não pensem que estou fazendo alarde ou franqueando uma propaganda para uma estrela das estranjas (ele não tem precisão disso). Ou que eu estou por demais entusiasmado com o show deste cidadão britânico. Penso ser justo, nessa hora, só. Fora a simpatia incomum aos pop stars internacionais, é o Paul McCartney, né, gente. Umas das pedras angulares dos Beatles. Uma luz insuperável, um brilho inesgotável. Um artista que anima gerações com suas canções. Um jovem senhor de 68 anos (e não tem quem diga, aliás) que ao longo da vida tem nos provado por A + B, que a música é uma linguagem universal.
Embora tenha uma pródiga carreira solo, é inevitável ligar este guitarrista canhoto, aos Beatles. E no show de Porto Alegre, Paul, com uma postura que considero de profunda humildade (porque tem um acervo particular invejável de canções e poderia iniciar o show com qualquer uma das suas), fez exatamente o que uma platéia espera do seu ídolo. Não negou a origem e mandou um sucessão da banda de Liverpool (“All my loving”, que aqui no Brasil ganhou uma versão que até hoje, foi-não-foi, a gente se vê cantarolando: “feche os olhos e sinta/um beijinho agora”).
E é um som tal, de um tal jeito especial, de uma estrutura mágica, de um formato simples e envolvente; de uma textura corriqueira e grandiosa. Um fenômeno. Uma música universal e eterna.
Meus meninos, uns anos atrás, descobriram os Beatles. Ninguém mandou. Não foram adestrados. Estimulados. Nada. De repente, comecei a ouvir em casa coisas do status de “Twist and Shout”. Depois, DVDs, livros. Letras de música. Hoje é um som que faz parte da vida deles (é o lance da eternidade). Eu acho é bom.
Por falar nisso, a faixa etária permitida para o show do Paul McCartney é a partir de 14 anos. Dá para os meus pequenos irem. Ah, essa Mega de sábado, quem sabe...Quem sabe. Morumbi, nos aguarde. Mas se não rolar, não há crise. “Let it be”. A gente corre para o meu três-em-um, coloca um vinil que eu tenho ali dos reis do iê iê iê, escolhe a faixa... “Close your eyes and I’ll kiss you”, fecha os olhos e...Sente. Tantas e belas canções.

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