sábado, 15 de outubro de 2016

remix- e te efe pe a

É-TÊ- ÉFE-PÊ-Á!
Resisto ainda, em chamá-la de Cefet. Para mim ainda é Escola Técnica, ou, na intimidade, simplesmente Escola.
Entrei na Escola Técnica Federal do Pará em 1979, e mesmo em tempos de severa repressão, ali, encontrei as traduções possíveis para a liberdade.
Na Escola não tinha essa de fila para entrar, de ficar enclausurado na sala esperando bater a campa, de ser obrigado a assistir às aulas. A Escola era um território livre.
Sem nenhuma forçação de barra compreendi, na Escola, aquela máxima de ‘ter liberdade com responsabilidade’.
Tinha prazer em ir para a Escola (o que não quer dizer que não tenha declinado de assistir a algumas aulas). Os apelos eram muitos: a bola no campo; a reunião clandestina do movimento estudantil, lá na ceasa; o violão e um papo cabeça nos escaninhos sombreados pelos buritizeiros; a unha com chope de uvita, no portão da Estrela; os jogos estudantis, onde assombrávamos com o nosso grito de guerra : É-TÊ-ÉFE-PÊ-Á!
E, sim, sim, as substanciosas aulas construídas pelo talento cênico de Cláudio Barradas; Pela elegante sintaxe de Alfredinho e pelo humor cartesiano do Cascaes; Pelo rigor científico do Campbel e pela harmonia química de Olinda; Pela postura escandinava da Waldize e pela sensibilidade sociológica de Ana Aragão.
Especiais foram os ensinamentos oferecidos pelos meus mestres Teodoro, Maia, Cristino, Vilaça e pelo saudoso professor Alfredo, pioneiros e verdadeiros heróis na árdua tarefa de implantação (e sobrevivência) do curso de Mineração.
A minha turma, desde o dia em que chegamos para a primeira aula de Desenho, varando um corredor de vaias, por causa das nossas réguas tês cheias de penduricalhos, até o último, quando fizemos um beneficente pedágio, na Almirante Barroso,  à cata de recursos para uma justa comemoração inspirada por doces lapadas de Coquinho, continuou a mesma. Esta longevidade foi determinante para que ali fossem construídas férteis amizades.
Da minha turma guardo uma eterna gratidão. Naqueles Tempos difíceis encontrei, na PT-15-7C, braços fortes que me ampararam até o final do curso.
Por esses dias, recebi um e-mail que me emocionou. Foi enviado pelo Maia, meu professor, me desejando um feliz Círio. Li o seu e-mail, lembrei dessas coisas, senti saudades, e me voltei ao compromisso, que aprendi na Escola, de sermos solidários uns com os outros.
No domingo, roguei a Santinha para que um atrevido solavanco no coração não ganhe o poder de abater um herói de tamanha envergadura.

Saúde, mestre. Torço por ti: É-TÊ-ÉFE-PÊ-Á!

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