É-TÊ-
ÉFE-PÊ-Á!
Resisto
ainda, em chamá-la de Cefet. Para mim ainda é Escola Técnica, ou, na
intimidade, simplesmente Escola.
Entrei
na Escola Técnica Federal do Pará em 1979, e mesmo em tempos de severa
repressão, ali, encontrei as traduções possíveis para a liberdade.
Na
Escola não tinha essa de fila para entrar, de ficar enclausurado na sala
esperando bater a campa, de ser obrigado a assistir às aulas. A Escola era um
território livre.
Sem
nenhuma forçação de barra compreendi, na Escola, aquela máxima de ‘ter
liberdade com responsabilidade’.
Tinha
prazer em ir para a Escola (o que não quer dizer que não tenha declinado de
assistir a algumas aulas). Os apelos eram muitos: a bola no campo; a reunião
clandestina do movimento estudantil, lá na ceasa; o violão e um papo cabeça nos
escaninhos sombreados pelos buritizeiros; a unha com chope de uvita, no portão
da Estrela; os jogos estudantis, onde assombrávamos com o nosso grito de guerra
: É-TÊ-ÉFE-PÊ-Á!
E,
sim, sim, as substanciosas aulas construídas pelo talento cênico de Cláudio
Barradas; Pela elegante sintaxe de Alfredinho e pelo humor cartesiano do Cascaes;
Pelo rigor científico do Campbel e pela harmonia química de Olinda; Pela
postura escandinava da Waldize e pela sensibilidade sociológica de Ana Aragão.
Especiais
foram os ensinamentos oferecidos pelos meus mestres Teodoro, Maia, Cristino,
Vilaça e pelo saudoso professor Alfredo, pioneiros e verdadeiros heróis na
árdua tarefa de implantação (e sobrevivência) do curso de Mineração.
A
minha turma, desde o dia em que chegamos para a primeira aula de Desenho,
varando um corredor de vaias, por causa das nossas réguas tês cheias de
penduricalhos, até o último, quando fizemos um beneficente pedágio, na
Almirante Barroso, à cata de recursos
para uma justa comemoração inspirada por doces lapadas de Coquinho, continuou a
mesma. Esta longevidade foi determinante para que ali fossem construídas
férteis amizades.
Da
minha turma guardo uma eterna gratidão. Naqueles Tempos difíceis encontrei, na
PT-15-7C ,
braços fortes que me ampararam até o final do curso.
Por
esses dias, recebi um e-mail que me emocionou. Foi enviado pelo Maia, meu
professor, me desejando um feliz Círio. Li o seu e-mail, lembrei dessas coisas,
senti saudades, e me voltei ao compromisso, que aprendi na Escola, de sermos
solidários uns com os outros.
No
domingo, roguei a Santinha para que um atrevido solavanco no coração não ganhe
o poder de abater um herói de tamanha envergadura.
Saúde,
mestre. Torço por ti: É-TÊ-ÉFE-PÊ-Á!
Nenhum comentário:
Postar um comentário