sábado, 8 de outubro de 2016

crônica da semana- rolezinho na pariquis

O Círio e o rolezinho pela Pariquis
Quando já estávamos demais entojados daquele passeio, o motorista, na boa, sem embaçamento, encostou o ônibus em frente a uma vendinha, desligou o carro, desceu, pediu um prato de maniçoba e fez ali, o seu, ao que me pareceu, previamente combinado, almoço do Círio, entre mimos de uma galerinha amiga; enquanto nós, passageiros da agonia, nos pegávamos com a Santa para que Ela nos desse a calma necessária, e a esperança de que uma horinha ou outra estaríamos junto aos nossos familiares, felizes, assim como o folgado motora do Pedreira-Condor.
A aventura se deu por causa de uma articulação entre as escolas de Belém que leva os estudantes a acompanharem o Círio cuidando dos carros que compõem a romaria. Ajudam a empurrar, recebem e acondicionam os objetos de cera, rezam, emocionam-se.
Nos anos de ensino médio de minha filha, a acompanhei nesta prenda. No primeiro domingo, cedinho, nós dois, que temos aquela severidade no cumprimento de horário, fomos os pri a chegar à concentração, organizada na Presidente Vargas. Localizado o carro que a escola dela ia cuidar, era só irmos nos preparando, observando os primeiros promesseiros, recebendo a orientações. Na hora que a corda é atrelada, lá no Ver-O-Peso, no mesmo instante, os carros iniciam o cortejo. É tudo sincronizadinho. O Círio, ali na cabeça da procissão, começa cedo e termina cedo. Em menos de duas horas, os carros já estão entrando no Santuário, os estudantes cumprem o objetivo, levam os carros e as ofertas para o estacionamento no Colégio Gentil e são liberados. Alguns esperam por ali, a chegada da Santa, outros voltam para casa. Foi o nosso caso, na primeira vez que participamos da jornada com os carros. Logo nos aviamos para a José Malcher na ira para chegarmos em casa. Pedreira Condor. Beleza! Esta linha nos deixa a dois passinhos da nossa maniçoba. Pulamos dentro.
E olha essa, logo que saiu do afogueado do Círio, naquela região da Praça da República, o coletivo ganhou o rumo da Doca. Éraste, molequinho, vai voltar pra Pedreira na mesma pisada, pensei eufórico. Vamos chegar em casa rapidola, em tempo daquele soninho. Quando dei fé, estávamos era na Pariquis. Minha filha cochilando, num ligeiro despertar interrogou-me onde estávamos, enquanto passageiros paravam o ônibus e perguntavam se o motora ia pro Círio. Ia sim. Círio? Como assim? Ganhamos a Padre Eutíquio. E desce romeiro! Se adiantou e pegou a Serzedelo... Praça Amazonas... E simbora de novo para a Cremação. Quando ele varou na 9 de Janeiro, estimei: vai passar direto, daí, só a Pedreira. Ledo engano. A menina acordou de novo. Estamos na Pariquis, me antecipei à pergunta. Meio contrariada, voltou ao soninho. Eu, inquieto. Já íamos pra mais de dez horas da manhã, e ainda neste tour...E sobe romeiro, desce romeiro...

Quando, enfim, despontamos na Marquês, despertei minha filha, expliquei a demora. Era Círio. Trânsito fechado... Ela que estava amofinada, reacendeu-se. Reavivou o olhar, reativou o ânimo... Foi aí que o motorista encostou o ônibus e desceu para degustar sua suculenta maniçoba...

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