terça-feira, 6 de setembro de 2011

Crônica remix - seda


Brasa pra minha sardinha
Na quarta-feira, dia 3 de outubro, lanço o meu conto “Morte em La Paz” na XI Feira Pan-Amazônica do livro.  A sessão de autógrafos será no Estande dos Escritores Paraenses às 19h.
Antes, na segunda, também às 19, farei, no estande da Fundação Tancredo Neves, o Recital de Poesias de par com a Engenheira Ambiental Paula Fernanda Viegas Pinheiro e com um dos mais pródigos compositores da música popular paraense (a bem da verdade, a presença do músico ainda não está confirmada, por isso fica em suspense o nome).
Pedi a opinião do poeta José Miguel Alves sobre o meu conto e reproduzo as impressões dele aqui na coluna. E não é porque o Miguel é meu amigo de muitos anos, não é porque ele é padrinho do meu filho Argel de Assis, não é porque temos uma parceria literária em “O Operário em Verso e Prosa”; não é por essas gritantes coincidências que ele vai rasgar seda para o conto, né? Não é por causa desses penduricalhos afetivos que o poeta vai puxar a brasa pra minha sardinha. Claro. Claro que não. Vamos ao texto:
“Afirmar que conhecemos alguém, geralmente é dar provas de que sabemos o seu lugar comum, o previsível. No caso do Sodré, com quem já convivo há mais de década e meia, talvez essa lógica se inverta, pois o conheço mais ainda por saber que sempre nos brindará com uma terna surpresa.
Assim é a escrita do meu compadre, com seus sobressaltos, que nos causam um positivo incômodo, inesperado e prazeroso.
Eu, já acostumado com a brejeirice de suas crônicas — muitas das quais conheci ainda na gestação — nas quais suas vivências afloram num propósito de cutucar a emoção do leitor; fui agraciado em ler “Morte em La Paz” no nascedouro e, pela proximidade com o autor, pude até sugerir, dar o meu “pitaco” em alguns trechos.
O texto, embora enfoque um personagem como integrante de uma nova geração, de jovens que não tinham a utopia de mudar politicamente o país e o mundo,      apresenta-o como um sonhador, um acadêmico idealista que se vê, sem se dar conta, envolto nos tentáculos do sistema.
Entre os devaneios sobre os Andes e diante da selva, o geólogo sem nome desvela sua penitência, busca a reconciliação consigo e com o mundo. Ao exorcizar seus fantasmas interiores e estabelecer um elo com deuses andinos imaginários, experimenta outras formas de desejo e se redime com o a terra e com seu grande amor.
Em saltos de narrativa, em que a linearidade, comum aos hábeis construtores da prosa, se impõe, percebe-se o cuidado com que Sodré busca envolver o leitor e prendê-lo até à última linha.
A vida dual do inominado personagem principal, simbolizada na apolínea médica Elisângela e na dionisíaca artista Marta, é uma outra janela que se abre, novamente, a nos tomar de assalto. A trajetória linear do jovem e aplicado estudante, indicaria um final ao lado de “Elis”. Contudo, ela é a “outra”, a amante, como contraponto ao casamento burguês e correto com a afinada cantora.
Embora a morte seja em La Paz, o que nos alerta Sodré é que pode ser a morte de uma geração. A geração que se enfurna no limbo acadêmico, imersa em seus projetos de pesquisa, a descobrir novas formas de render velhos lucros, de consumar novos pobres e cristalizar os velhos ricos.
Longe de ser apologético, que incita à alienação pelas drogas, é um primor da tessitura da prosa, somente experimentada pelos que inovam e surpreendem. É como um ilusionista da periferia, com um carcomido fraque e uma cartola, mas que assola com um truque inusitado e arranca suspiros ante os olhos atônitos da platéia incrédula.
Morte em La Paz estará em lançamento na próxima Feira Pan-Amazônica do Livro. Já reservei o meu exemplar.”

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