sábado, 12 de fevereiro de 2011

Crônica da semana

Deu na TV
Às vezes a gente tem que aguentar cada uma. Não sai da minha cabeça uma reportagem que vi na TV, dia desses, sobre uma escola na Pedreira. A escola apresentava aqueles velhos problemas de falta de água, de carteiras, de ventilador, de segurança....Carências para as quais, entra governo e sai governo, a gente não vê um termo. Por aqueles dias, pra completar a derrota, a escola estava sofrendo com os arrulhos e a nocividade de um bando de pombos.
A matéria foi anunciada e a repórter entrou no ar dizendo que na escola “Rodrigues Apinagés”, tal coisa assim, assim, acontecia... Dei um pulo lá em cima, mas esperei o desenrolar da história. Exibiram algumas cenas da escola, filmaram a algazarra dos pombos, a fachada da escola (meio de relance, mas nos dando a possibilidade de ver o nome da escola grafado na parede). Alguns depoimentos foram tomados, sobre o caso, de profissionais que trabalhavam ali e de alunos (que usavam uniformes escolares com as iniciais da escola bem visíveis na estampa: “RP”).
No fechamento da matéria, a pequena falou qualquer coisa sobre os pombos da escola “Rodrigues Apinagés” e depois a cena voltou pro estúdio. Aí me deu um chiliquito. Sabe aquela coisa que sobe na gente, de raiva, de indignação, de desolação? Quase eu tenho um passamento quando a apresentadora, ao comentar o fato repetiu o nome da escola, do mesmo jeitinho, da mesma forma errada, tal a repórter que fez a matéria no campo. Será, meu pai, que essas pequenas não perceberam? Não viram na fachada, na farda dos alunos, que não é Apinagés? É Pinagé! Rodrigues Pinagé! (E se fossem, de toda sorte, indiferentes aos sinais que lhes apontavam na cara o nome correto da escola, que se abalassem ao menos à internet, para checar a origem do nome daquele estabelecimento de ensino. Dois cliques no Google e olha só, pesquei rapidola no blog “Pelas Ruas de Belém”, do meu amigo Fernando Jares uma pequena biografia do Príncipe dos Poetas Paraenses:
“Rodrigues Pinagé nasceu em Natal, em 1895 e veio criança para Belém, onde faleceu em 1973 (...) Teve uma longa e proveitosa vida intelectual entre nós, sendo jornalista, poeta dos mais queridos, tanto que em 1964 foi eleito, pela Academia Paraense de Letras, o Príncipe dos Poetas Paraenses...”. E do nobre poeta, Fernando Jares nos mostra versos bem humorados, atrelados, em todos os sentidos, ao tempo, que eu recorto e repasso a vocês:
“Não ha genio/sensato que tolére,/Folhinha do Anno na parede!É mimoso o ornamento, mas... suggere/A Morte encadernada,/Bem vestidinha de papel impresso/Interessada em diminuir a ida.../Meu amor!... Quero a Folhinha atraz da porta,/Bem recatada.../Bem escondida... bem torta.../e... tem piedade de mim!... bem atrazada!”)
O pior, é que além do pouco zelo em apurar as notícias e da insensibilidade para perceber a energia de um poeta, a imprensa dobra-se ao bombardeio irrefreável de um jornalismo pirotécnico, espetacularizado.
Com o argumento de aproximar a notícia do povo, alguns neotelejornais domésticos abusam dos alaridos, arrulhos e espalhafatos. O preocupante é que com este apelo, os âncoras assumem postura de avaliadores supremos, como se vindos a mando dos céus. Numa falação de baixíssima densidade, erguem-se em discursos pastorais com o poder de julgar e condenar. Nada escapa aos seus veredictos. Nem a natureza. Outro dia, depois de uma chuvarada daquelas, a apresentadora se encheu de moral, reclamou do absurdo que é o clima de Belém e, indignada (ela que nem daqui é), exigiu o fim do ‘tal inverno amazônico’ (ora, inverno amazônico!).
Ah, como diria o Boris, isso é uma vergonha!

Um comentário:

  1. oi sodré, é um absurdo mesmo né?!!!! esses repórteres falam cada coisa!!!! bom fim de semana.

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