sábado, 14 de maio de 2016

crônica da semana-verossimilhança

Não é, mas pode ser (verossimilhança)
Tava aqui, catando coquinho nas ideias; pensando na morte da tal bezerra, olhando pro tempo; procurando um tema para a crônica de hoje, quando dei fé, olha só, é dia do meu aniversário, gente! Eba! É big, é big, é hora, é hora, é hora, rá tim bum!
Chega me dá um nervoso escrever a coluna exatamente no dia que estou no berço. É muita emoção. As palavras me faltam.
E por falar em palavras, esta umazinha que está dando título à crônica me era até dia desses uma conta batida no sentido e na significância. Até que a encontrei algumas vezes, em destaque, na biografia que andei lendo do repórter David Nasser, escrita pelo paraense Luiz Maklouf Carvalho. No contar da história, descrevendo os métodos de reportagem utilizados por Nasser, Maklouf nos guia a entender que a estrela maior da revista O Cruzeiro produzia um texto pautado na verossimilhança. Ao mesmo tempo, diz que o Nasser inventava as histórias, forjava matérias. Nessa hora, embananei. Pensava que verossimilhança era propriedade daquilo que é verdadeiro, dado e constatado. E nem é. É só uma possibilidade. Dar-se como verossímil um fato não é admiti-lo como verdadeiro, mas, pode ser, pode ser.
E aí, vem o aniversário, né. Cinco ponto três nos costados e aquela inevitável paradinha para um balanço. Por fim e por termo, admito-me como verossímil. Estou na fase dos enta, dobrando a Tordesilhas do tempo, mas ainda transito no campo das possibilidades.
No correr desses anos todos escrevendo aqui na coluna trago tilintando em mim uma crônica que fiz, também quando completava anos. Cinquentão. É uma das minhas preferidas. Faz essa reflexão sobre o tempo. Comparara esta fase que vivo, com um cubo de gelo. Mostra meu conformismo em reconhecer que daqui pra frente o tempo vai ser mais curto do que daqui pra trás. Quando escrevi a crônica fiquei todo metidão porque havia feito um apanhado elegante e sincero sobre essa arte de ir ficando velhinho. Achava que estava sendo inovador, original na percepção e no conceito. E nem fui. A mesmíssima conotação que dei à passagem do tempo, achei em outros e afamados autores nos mesmos bem feitinhos termos, distintos e racionais. Na real, as nossas retas se encontram no insondável futuro. Que certo e reto não é. Mas pode ser, pode ser. O futuro para mim, transita no campo da verossimilhança.
Hoje, sabadão, dia de uma preguicinha daquelas, o descanso do guerreiro. Hoje, o dia que acordo todo dengoso querendo mimos e atenções, é big, é hora, rá tim bum, me animo a projetar bons dias vindouros.
Do balanço, o dito é certo. Passou, tá passado. Se para o bem ou para o mal, me foi dado viver extraindo o máximo que pude dos licores dos dias. E eis-me aqui como resultado, e olha, me sentindo bem que só.
De meu futuro... O fato dado. Sabadão, mimos, dengos, um bolinho, apagar velas, um presentinho num embrulho bonitinho, Um parabéns pra você tradicional e... um logo mais, que espero venha pautado na verossimilhança, nas possibilidades, um pouco de invencionice, uma pitada de desejo. E sonhos, porque sonhar, ainda tá valendo.


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