Pra
donde, já, mano?
Uma contagem que
me faz a maior latomia no cocuruto é esta dos dias da semana. Por que não se
emendam os numerados: “...quinta, sexta, sétima e oitava-feira”?
Caberia
direitinho, né. Mas não. Colocaram um sábado e um domingo encerrando o estirão
ordenado que me vinha até bem.
São as
descontinuidades oportunas, as conveniências históricas, as vaidades e as
presepadas do poder que desequilibram a contagem, e olha que Deus, no Gênesis,
do alto da sua infinita bondade, deu a letra da sequência: “e no sétimo dia,
descansou”. Eu, heim, pecado mortal esta desobediência.
Mas vá lá que
seja. Tá feito. Caímos fora do paraíso e agora nos vemos pra dar jeitos nos
dias.
Aonde então
arrumar forças? As armadilhas são implacáveis. Tenho caído em algumas. Dia
desses dei com um texto meu pautando a prova de um concurso aqui da cidade. Não
me deram nem as horas, nem um “bom dia, vamos usar teu texto na nossa prova e
coisa e lousa”. Relevei. Fui ver as
questões formuladas e procurar entender o que eu quis dizer naquela prosa.
Percebi que esses elaboradores de provas são mesmo uns sacristas. Traçam as
perguntas e, no lugar de explorar as construções mais elegantes que varam do
nosso cocuruto, fuçam as armadilhas, os escorregões. Neste dito concurso, me
pegaram na curva porque não separei com vírgula, uma locução adverbial em
determinado momento do texto. Ora, faça-me
o favor! Estes caras acham que não sei disso. Pô, estudei com professora
Cleide Nascimento no primeiro grau, com o Alfredinho, na Escola Técnica. Tenho
aqui ao meu pegado, a novíssima gramática do Celso Cunha. Nos meios de
discussão das coisas da linguística que me enxiro, sou taxado de gramatiqueiro
enjoado, conservador, afetado. E até me considero mesmo bem chegado ao preciosismo,
prezo essa história de escrever direitinho, mesmo que por linhas tortas.
São as
descontinuidades oportunas... as presepadas do poder que desequilibram a
contagem e olha que Deus deu a letra: “não errarás”!
Então tá,
pequei, Senhor. Os concurseiros que fizeram a prova, tascaram um xis na
resposta certa e eu passei como um literato iletrado nesta questão.
Cabe a explicação:
quem escreve num veículo de linguagem rápida, sabe o entrave que as marcações,
algumas vezes, representam. E aqui está um exemplo. Usei o aposto “algumas
vezes”, que pela regra, vem entre vírgulas. Mas perceberam, né. O ritmo sofre
um baque com esta marcação. Ocorre uma desaceleração na pegada. Pequei. Mas
acho que pecava mais quando era um virguleiro ortodoxo. Me desapeguei do
paraíso das vírgulas, ganhei o rumo feliz do pecado.
No frigir dos ovos, o elaborador da
prova me pegou na ratada, numa imprudência sintática que, por fim, nem dói.
Se quisesse me pegar
de jeito, me detonar gramaticalmente, de vera, bastaria pegar um texto em que lanço
mão dos advérbios “onde” ou “aonde”. É batata. Sempre erro. Mesmo com o Celso
Cunha do lado, emprego sempre o advérbio errado para esta ou para outra
situação. Pra esse erro, não cabe a desculpa de ritmo ou explicação de
linguagem. Não sei pra donde vou mesmo. Pode tascar o xis.
Eres un craque mi cuñado!! Al final, para que nos sevirán las comas, sino para separar caminos?!? Hahaha..
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