sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

crônica da semana - resoluções

Resoluções

Umas das minhas resoluções para o ano novo é, exatamente, não esquecer a palavra “resolução”. Éraste! desde a semana passada estava querendo escrever alguma coisa sobre metas, perspectivas, combinas, projetos para mais um ano, e desejava titular com este termo, mas o danadinho simplesmente tomou doril e sumiu da minha caixola. Fucei, lutei por ele, fui atrás. Queria porque queria usá-lo para definir minhas intenções para 2014. Uma porque é um termo simpático, outra, porque inspira compromisso. Quer dizer exatamente propósito, ou como diz a galera, “foco”. Pode significar também coragem, decisão. 
Conheci esta palavra há muitos anos, lendo uma história do Peninha, numa revistinha em quadrinho da Disney. Tratava da virada do ano e centrava os termos da ação em ‘resoluções’ que o Patinho atrapalhado tinha que fazer para o ano seguinte. Eu não sacava esta palavra. Sabia o que era revolução, isso eu sabia. Era metido a comunista, engendrava a queda do capitalismo; igrejeiro, intentava contra corações duros e insensíveis, sonhava com uma sociedade justa e igualitária. Agora, ‘resolução’, isso, não sabia não o que era. Depois, percebendo o andar da carruagem, deduzindo as pistas, entendi que as ditas resoluções do Peninha, seriam promessas que ele deveria cumprir no decorrer do ano que se avizinhava. 
De paz com os significados e de posse da palavra, miro no futuro. 
Pretendo, em 2014, trazer a poesia para meus textos. Não que me martirize por manter, já há algum tempo, uma narrativa quase que exclusivamente factual, nada disso. Este é o calibre da crônica, caminhar na calçada da vida. Mas a gente segue a vida aprendendo, né, se influenciando, admirando o trabalho dos outros. Em 2013, estreitei minha convivência com a poesia. Participei de alguns eventos ao lado dos grandes poetas paraenses da atualidade. Gostei. Me animei. Tem mais: além dos já consagrados escritores, me aproximei de gente jovem com alto poder de criação. Mas eu disse jovem mesmo. Uma petizada que está na conta dos 18, 20, 24 anos, no máximo. Neste rol estão as poetas Laila Maia, Letícia de Paula e Caroline Brito, estas, as estrelas, que fulguram como protagonistas no elenco do sarau, cá, do quintal. Além, encontramos a versatilidade do João Urubu, do Gabriel Gaya, e da trupe musical da banda Les Rita Pavone, uns meninos absolutamente geniais. Meu entusiasmo se agiganta quando tomo do texto encantador de Juliana Silva. Na prosa, ela poetiza. Na poesia, entontece. Para mim, é uma grande revelação. É uma bênção neste mundo estéril que vivemos. Com 17 anos, Juliana arrebatou dois prêmios, na última edição do programa Cobra Criada, desenvolvido pelo Governo do Estado e emplacou na publicação, uma crônica e um poema. Tem pegada, é versátil, escreve com ritmo e rima. Um talento que merece atenção. Sem contar que Juliana fotografa, toca cavaquinho, escreve em jornal...ufa! E ainda é aluna dedicada e das mais laureadas. 
Não tô rasgando seda de grátis pra essa garotada, não. É que de vera eles me tocaram, me deram um alô da nova escrita, do novo pensar poético. Chamaram a atenção para algumas travas que me assombravam amiúde. Estava meio distante da poesia. E olha que comecei por aí. Tenho alguns poemas bons que por ‘lilases vezes’ declamo algures. Mas datam de tão distante tempo, meu pai! Penso que é hora de voltar aos versos livres. Faz parte do feixe de minhas “resoluções" para o ano novo, espelhar-me em composições densas como esta de Juliana Silva: “No som me dispo/De todo sentimento/Desnuda em frente ao espelho/ Me desfaço”. 
Vou convidar a petizada pra’qui. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário