sábado, 6 de dezembro de 2014

Crônica da semana- Café Bolonha

O Porto é logo ali no Veropa
Agora tá bem mais fácil da gente ir pra Portugal. É só pegar o Jardim Europa ali na Jibóia Branca que chegamos lá rapidola....
Eita que piadinha sem graça essa, né, mas vá lá que seja, tinha que começar esta crônica de algum jeito. Fiz essa piada aqui em casa no meio da semana, peguei uma sonora vaia, de tão desenxavida que é, mas me valeu, e tanto, que a trouxe comigo para abrilhantar o sábado. E já que nem é tão descartável, a minha piada, vou usá-la como gancho para adiantar as semelhanças ou como dizemos tão graciosamente por cá, as parecências da beira da Guajará nossa de Belém com as margens requintadas do Rio Douro, na cidade do Porto em Portugal.
Em 2012, aproveitando um repente que a classe operária tava rés o paraíso, juntei meu charme, uns trocados e fui bater na Espanha. Em tudo por tudo, ficou bem mais perto e mais barato, descer na cidade do Porto e depois ir de carro para o litoral oeste da Espanha, região onde passaria minhas férias. De prima, logo na descida do avião, pautei minha passagem por aquelas plagas dando um rolé pela beira do Douro. Foi então que reparei nos traços que nos unem. A foz do rio Douro lembra, pela forma e pelo encanto, a foz do Piry, espaço que nós belemenses nos acostumamos a chamar de Ver-o-Peso. Guardadas as proporções pertinentes, o visual no encarreiramento de bares, e as ofertas de repastos estrelados por peixes e mariscos, são tentações comuns tanto na beira daqui quanto na beira de lá. Destoa da composição, porém, o calorão de Belém e nos distancia, de vera, do estuário lusitano, a ausência do bom vinho. Porto é uma cidade friinha em Julho e regada... do tinto ao branco, muito bem regada.
As semelhanças se dão, ainda, no franco congraçamento, no farto folguedo, no ir e vir dos turistas. No desce-desce dos barris do genuíno vinho do Porto, na mesma cadência que ocorrem as atracações e os desembarques das rasas de açaí da ilha das Onças.
Prestei muito reparo na arquitetura da cidade. Se eu fosse um paraense metidão e não desse trela para o desvelo do tempo, diria que o Porto tem o desenho de Belém, ali naquela orla. Mas não sou, e o tempo não me perdoaria pela indelicadeza. Ao que se torna e ao que deixa, Belém, sim, com seu casario colorido na outra  margem, com os azulejos de fachada; com casas de pé direito alto,  paredes geminadas e platibandas assinadas, Belém sim, é escritinha o traço e o jeito portuense de ser e de aparecer.
Uma parecência de destaque são os caminhos que levam à beira-rio. Ruas estreitas, de calçamento em lioz, margeadas por pequenos comércios. Movimentadas, mas nem tanto. Pelo comum, não exibem a claridade nem o alarido da beira. Há um silêncio relativo, uma sombra indefinível e surpresas boas no caminho perpendicular que leva ao rio...
Estive no Porto em Julho de 2012. Naquele final de ano, os amigos que me abrigaram por lá, vieram passar as festas aqui em Belém. Na véspera de Natal, eu os levei para bater pernas por todo o centro histórico. Viramos e mexemos por lá. Em dado momento, varamos na Ocidental do Mercado. Ao pegado do Mercado de Ferro, demos no Café Bolonha, lugarzinho diferente dos vizinhos varejista, com traços coloniais, decorado com azulejos e simpática disposição de balcão e móveis. Entramos para provar uns acepipes. Meus convidados apreciaram os sabores, mapearam o espaço, estabeleceram as relações, perceberam parecências e cravaram: “estar aqui é como estar em um restaurante do Porto”.
Não disse: Agora tá mais fácil da gente ir pra Portugal. É só pegar o Jardim Europa ali na Jibóia Branca e é rapidola que chegamos....


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