sábado, 8 de janeiro de 2011

crônica da semana


Tava doido pra desejar feliz ano novo pros leitores. Não deu pra fazer antes da virada. A folhinha do ano cravou para o sábado, o Natal e o primeiro dia de 2011. Neste dia o jornal não circulou e o pessoal da redação teve merecidas folgas para as Festas. Aí, fizemos uma combina. Eu faria a coluna na sexta do Natal e o Denis Cavalcante, na do ano novo. Na batida da campa de 2010, também tive uma folga e fiquei livre para pular as ondinhas, e fazer os meus pedidos, na praia do Caripy.
Confesso que senti falta. Nesses 5 anos, não lembro se gazetei um diazinho assim, ó, aqui no Magazine. Mas foi bom. De vez em vez é bom flanar pela semana sem compromisso estilístico, sem a inquietação do título no jeito, sem o comichão da introdução/desenvolvimento/conclusão (não necessariamente nesta ordem). Com esta folguinha pude me dedicar com zelo, ao uisquinho que ganhei pelo Natal, da Patrícia, minha companheirinha de trabalho.
Ah, pra não perder a viagem, vai lá, gente do meu coração que eu amo tanto: um ano novo enormemente feliz. Lá de dentro do meu ser, desejo a todos, um ano iluminado, repleto de realizações. Que Deus vos abençoe e vos brinde com serenidade, paz e inspiração para perceber as coisas boas do mundo.
E tem mais uma parada que, mesmo atrasadinho, eu estou numa cuíra pra contar: entrei no amigo invisível, com o pessoal lá do trabalho. Caramba, quando fui convidado para participar, gelei. Tenho trauma.
O meu temor com a brincadeira de amigo invisível vem lá detrás. Teve origem na minha adolescência, quando eu morava na vila Mauriti. A turma da vila era animada pra essas coisas. Todo ano tinha um movimento ali. Contratavam o sonoro, punham as mesas pra fora, partilhavam os comes e bebes, a ornamentação. Eu já era um moleque taludinho, não era mais de ficar com sapatinho na janela. Até já trabalhava na feira, na barraca do seu Jorge. Foi então que minha mãe colocou meu nome no papelzinho.
O suspense durou pouco. Dias depois do sorteio, corria um boato fortíssimo de que o meu nome havia sido tirado pela d. Guajarina e já me adiantavam até o presente que ela havia comprado pra mim: um short daqueles sem elástico, sustentado por um fio que corria pelo cós e findava num laço na cintura do moleque, tinha um emblema fora de escala do bicola que tomava todo o tecido e era vendido em quase todas as barracas da feira, inclusive na do seu Jorge, aquela que eu trabalhava.
D. Guajarina era uma viúva que tinha muitos filhos e que sempre a visitavam, mas morava sozinha. Era meio esotérica, tinha visões. De vez em quando chamava a molecada da vila e ficava mostrando uma garrafa com água, na qual dizia que havia uma floresta onde habitava Iemanjá. Sustentava, também, pra todo mundo que era mãe da Maria Cláudia, uma atriz global que fazia sucesso na época com a personagem Amanda em Plumas & Paetês. Pra quem vivia com o dedo desmentido, como eu, por causa da bola na Marquês, a reza silenciosa da d. Guajarina era tiro e queda. D. Guajarina me reservava surpresas. Mas enfim, quando o povo fala, ou foi, ou é, ou será e eu já estava até conformado com o meu popularíssimo short da feira.
No dia da festa, a frustração veio potencializada. Que short, que nada. D. Guajarina me deu um prato de plástico e uma tigela com os dizeres ‘À querida mamãe’. Desabei no choro.
Até este Natal de 2010, tinha medo que me pelava da brincadeira de amigo invisível. Agora me veio a forra. Ganhei da minha amiga super visível Márcia Cabral, de presente, um livro que eu tava a fim e que me revela ser o nosso mundo, uma infinidade de misteriosas imperfeições.

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