quinta-feira, 14 de junho de 2018

crônica remix - cláudio cardoso


Crônicas para Belém
Tenho ouvido coisas...
Tinha o Cláudio Cardoso como romancista e poeta dos bons. Com um quê a mais: não é só do riscado, não. Tem uma pegada para a poesia falada. Um pendor ímpar para declamar poemas. Fico impressionado com a memória e o discernimento ao declamar poemas longos, principalmente aqueles pautados em cordéis ou rimas encarreiradas. Quando vem aqui no Sarau do Quintal, dá um show. Diga-se até, que Cláudio é sócio-fundador do Sarau que fazemos em casa há quase dois anos. Empresta seu talento, notabiliza-se pelo suprimento de vinho, e arrisca machucar o couro do tambor, nas nossas rodadas mensais de samba e poesia.
Desde 2013, estamos ombreados na produção literária, também. Meus dois últimos lançamentos, fiz com a editora do Cláudio. Para mim, foi um salto e tanto. A parceria me rendeu bons resultados.  Saí de umas tentativas amadoras, um tanto românticas, de produção, para um patamar mais aquele de elaborado. Montei times de responsa, busquei patrocínio; fiz divulgação, cacarejei sobre minhas obras, bati perna na imprensa, cisquei pacas nas mídias sociais. Sob a batuta do Cláudio, migrei de 10,  20 livros vendidos, para parentes e amigos, nos lançamentos que fazia antes, na Feira do Livro; para mais de 200, nas duas recentes edições. Alcancei um número bem maior de leitores, neste novo jeito de publicar. Não sou mais um traço na estatística literária, me acheguei aos bambambans, fiquei ali, bafejando o cangote dos mais lidos, dos mais queridos, graças aos talentos empreendedores de Cláudio Cardoso. E confesso sem nenhum remorso, que para este retirante do condado do Xapuri, ser mais conhecido, é muito bom. Ah, como é.
Tenho ouvido coisas que me deixam pávulo, pávulo...
Nas prosas que entabulamos pelos saraus da vida, descobri o Cláudio Cardoso, também como moleque pedreirense. Nos reencontramos explorando os corredores do Mercado Municipal e fazendo carretos de entregas pelas baixadas da Pedro Miranda. Reconhecemos nossas pegadas, nos caminhos sedutores que levavam às águas friinhas do igarapé do Zé, do Três Tubos. Nos descobrimos simpáticos às mesmas desobediências juvenis, como as sessões proibidas do Paraíso, ou uma errada noturna pelas esquinas boêmias da Angustura, da Lomas. Tudo escondido da mãe. Mas nossa conjugação, o nosso acerto de memória mais aprazível é aquele que nos coloca frequentando a piscina do Satélite, nas tardes distantes de uma Belém, ainda apegada à primeira légua. Cláudio é o testemunho fiel e inquestionável de que aquele ambiente molhado sacudido pelo Carimbó não é uma criação do meu cocuruto. A piscina do Satélite existiu mesmo.
Cláudio está totalmente empenhado agora, no lançamento de um livro em homenagem ao quarto centenário de Belém. A “I Antologia de Crônicas – Belém 400 anos” está no jeito. Conta com uma plêiade de escritores talentosos e que traduzem o amor pela cidade em textos encantadores e verdadeiros.
Tenho ouvido coisas que me deixam pávulo mesmo. No sarau que a gente fez no início de dezembro, Cláudio tomou a palavra, apresentou o projeto da antologia, e discorreu sobre os motivos que o levaram a pensar a crônica como forma literária de homenagear Belém. Quando acabou de falar, meus olhos estavam marejados. Muita emoção.
A crônica de final de ano é uma homenagem a este cara batalhador, competente, poeta refinado. Que me deu a honra de participar de um livro que homenageia Belém, a cidade que amo. Ao Cláudio Cardoso, desejo que o ano novo traga muita luz para a “I Antologia de Crônicas – Belém 400 anos”. Para todos nós, toda arte, saúde e paz.



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