quarta-feira, 20 de outubro de 2010

o meu primeiro poema (quando eu tinha 16, 17 anos) rico em rimas pobres e que virou canção

Desexistir

Desexistir o fogo às damas
Ou então repetir as feras humanas
Desexistir os corpos minguados
As casas caídas
Corações favelados

E morrer e lembrar
Um passado distante
E calar das angústias
Até desesperar

Inventar liberdade
Ser o dono do chão
Repassar este sonho
Até desesperar

Ver dos montes
A vida
Como vento passar
E matar a vontade
De outra vez guerrear

E viver e lutar
E lutar e perder
Suportar existir
Até desesperar

Ver o sol se abrir
Outro dia raiar
A beleza da rosa
A leveza do mar
E abrir a janela
Ver o sonho passar
Existindo na vida
Até desesperar

Desesperar na penumbra do sol
No espinho da rosa
Na fúria do mar
Desesperar no encontro das ondas
No alvoroço das águas
No inferno em que está

Dorme ao sol, some no mar
Desexistir, só se desesperar

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