sábado, 3 de outubro de 2015

crônica da semana - superlua

A lua acima do cocuruto
Uma belezura o espetáculo da lua de sangue no domingo próximo passado. Uma teba d’uma lua grandona, o eclipse, a cor inusitada, a beleza e o silêncio da penumbra por horas: um feixe de atrações pra lá de interessantes no céu acontecendo num só tempo. Mas, em matéria de bonitezas e luaus, eu sou pretensioso. Queria mais.
A superlua, foi amplamente divulgado, é um momento em que a lua está mais perto da Terra e por isso, exibe-se 14% maior e 30% mais brilhante que as, já belas, aparições normais. Por realizar uma trajetória em forma de elipse (algo parecida com a forma de um ovo), ao completar uma volta em torno da terra, em parte do caminho ela alcançará a maior distância e já noutra, ficará bem pertinho. Este lá e cá da lua acontece todo mês. Nem sempre, porém, a gente percebe a aproximação (e muito menos o distanciamento). É que o mais frequente é a lua estar pertinho, mas meio escondidinha numa fase que chama pouca atenção como a Crescente, a Minguante, a Nova. Nesses casos, tá ali poderosa, mas a gente nem malda. Nas raras vezes que coincide a vizinhança da lua com a fase Cheia, aí, sim, é bater e ver. É um absurdo de linda. Um espetáculo grandioso, prazeroso em todos os sentidos. Provoca sensações e arrepios nos poetas, curiosidade nos passantes, inquietações nos céticos, convencimentos nos eruditos.
Mais raro ainda é este esplendor todo ser ‘desconstruído’ por um eclipse. Aí é de balangar o coração.
O eclipse, sabemos pela definição, é a ocultação de um astro por outro. Ocorre quando, em pleno fulgor da lua Cheia, a Terra atravessa o caminho e impede que o satélite seja iluminado pelo sol. A sombra da Terra é projetada para a lua e ela vai sumindo, desaparecendo. Até ficar só o uma impressão, uma lembrança. Um efeito que impressiona nessa conjunção é a cor avermelhada que toma conta de superfície da lua. Um caprichoso detalhe da natureza, que ficou conhecido como lua de Sangue.
Tudo isso a gente viu no domingo e foi uma maravilha. Arte do céu que fica na memória, no coração da gente daquela forma mais aprazível, mais confortável, bem quista, querida, por um longo tempo.
Mas, em matéria de bonitezas e luaus, eu sou pretensioso. Queria mais.
O eclipse iniciou quando a lua já estava quase no meio do céu. Na posição em que estava, aquela sensação de gigantismo perde muito da intensidade. Quando caminha acima do nosso cocuruto rumo ao meridiano seja a maior das luas ou a mais gitita, ela se apequena, não tem jeito.
Todo este pacote de talentos lunares, com suas sombras e cores, poderia acontecer quando a lua estivesse nascendo no horizonte. Ali a escala e as ilusões da ótica reafirmariam o supertamanho do nosso querido satélite e a sombra da terra, imagino, seria algo entre o fascinante e o assustador.

Reconheço que para um evento que ocorre a intervalos de tempo longuíssimos, aspirá-lo assustador e fascinante, é querer demais. Mas seria uma experiência inesquecível além do que, a gente não ficaria com o pescoço dolorido e durinho da silva, de tanto se vergar para mirar acima do cocuruto.

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