Século 17
Às vezes, eu amanheço os dias
vivendo o século 17.
Olho o sol nascente e admito a
Terra como sendo o centro de tudo.
Não muda muita coisa, não.
A vida segue normalmente, com as
vérsias e as controvérsias rotineiras.
O meu suor escorre do mesmo
jeitinho nas lidas operárias
e a minha conta bancária não se bandeia para o
lado direito da reta real
(muito pelo contrário: insiste em
pertencer, em estar contida no conjunto dos números inteiros não positivos).
Mas, no correr da luta, reconsidero.
Ao anoitecer, apanho o meu
telescópio, que vive encostado ali no canto,
esperando um sinal dos céus
e miro
o infinito neste milênio cheio de surpresas e decisões.
Por estas lentes companheiras,
‘minhas retinas tão fatigadas’ têm esperanças de, um dia
descobrir outras e
maravilhosas luas.
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