domingo, 5 de julho de 2020


Século 17

Às vezes, eu amanheço os dias vivendo o século 17.

Olho o sol nascente e admito a Terra como sendo o centro de tudo.
Não muda muita coisa, não.

A vida segue normalmente, com as vérsias e as controvérsias rotineiras.
O meu suor escorre do mesmo jeitinho nas lidas operárias

 e a minha conta bancária não se bandeia para o lado direito da reta real
(muito pelo contrário: insiste em pertencer, em estar contida no conjunto dos números inteiros não positivos).

Mas, no correr da luta, reconsidero.

Ao anoitecer, apanho o meu telescópio, que vive encostado ali no canto,
esperando um sinal dos céus 
e miro o infinito neste milênio cheio de surpresas e decisões.

Por estas lentes companheiras, ‘minhas retinas tão fatigadas’ têm esperanças de, um dia

descobrir outras e maravilhosas luas.


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