Seu mundinho
fura-bolo
Durante este período de recolhimento, fiz um esforço danado
para acreditar que, quando tudo isso passar, boiaremos de forma diferente. Gravei
vídeos tocando músicas fortes, cheias de intenções. Publiquei crônicas de teor
otimista, fiz textão nas redes sociais pra levantar o astral de quem estava
triste. Até que eu mesmo desabei.
Juro, busquei lá dentro de nós, até porque, movido pelas
emoções das horas, razões para crer que sairemos dessa, como pessoas bem melhores.
Seria um futuro desejado. Aquela vontade de varar, mais na frente, em um
planeta mais respirável. Mas olhando o presente, retorno os pés ao chão e vejo
a vida sem perspectiva de novos ares.
Se fosse pra mudar, teríamos que começar agora, quando ouvimos as sirenes a toda hora gritando agoniadas; quando
nos deparamos com a notícia da morte de um parente, um amigo, uma pessoa
pública; quando nos apresentam o registro de milhares de mortes no país,
creditadas à pandemia. A mudança teria que começar nesse instante, em condutas
e comportamentos, diante da dor.
Não há sinais. O que vejo é a manutenção dos defeitos sociais mais vis. O egoísmo, a vilania, o preconceito, a hipocrisia. A desonestidade, a vigarice. Na hora que se anuncia que o comércio vai abrir e uma multidão se joga na rua, ou por outra, quando a virada do calendário anuncia julho e uma procissão se forma em direção às praias, percebo que consciência nenhuma se criou, hábito novo algum se estabeleceu. Respeito ou cuidado com o outro não discernimos no seio da sociedade.
O simples uso de máscara e a prática da distância mínima em ambientes públicos são desafios que não conseguimos superar.
Sair de casa só por necessidade, para evitar a circulação do vírus, é mandamento que não se entende, não se cumpre, não se dá valor nenhum. O que importa é a convicção pessoal de poder ir bem ali, fazer não sei o que, encontrar com não sei quem, a hora que der na telha.
Não há sinais. O que vejo é a manutenção dos defeitos sociais mais vis. O egoísmo, a vilania, o preconceito, a hipocrisia. A desonestidade, a vigarice. Na hora que se anuncia que o comércio vai abrir e uma multidão se joga na rua, ou por outra, quando a virada do calendário anuncia julho e uma procissão se forma em direção às praias, percebo que consciência nenhuma se criou, hábito novo algum se estabeleceu. Respeito ou cuidado com o outro não discernimos no seio da sociedade.
O simples uso de máscara e a prática da distância mínima em ambientes públicos são desafios que não conseguimos superar.
Sair de casa só por necessidade, para evitar a circulação do vírus, é mandamento que não se entende, não se cumpre, não se dá valor nenhum. O que importa é a convicção pessoal de poder ir bem ali, fazer não sei o que, encontrar com não sei quem, a hora que der na telha.
Não mudamos para melhor agora, enquanto a
Covid-19 está levando legiões de brasileiros, não mudaremos amanhã ou quando
houver a vacina ou mesmo se ela não vier.
Gente má vai continuar sendo má, e dá o tom no meio da crise. Pra mostrar que não adianta acreditar na redenção dos espíritos, uma cambada dessa gente está recebendo o auxílio emergencial sem precisar. Fazem isso agora, enquanto os mais frágeis morrem pela doença, forçarão a barra amanhã para que os mais frágeis continuem morrendo por motivos outros.
Estava pensando sobre esta minha esperança em um mundo novo. Não tem respaldo histórico. A segunda guerra deixou registros trágicos. Tínhamos motivos para apagar os argumentos que levaram o mundo àquela situação tão dramática. E o que vemos hoje no Brasil? Ressurgimento de idéias que avalizaram a guerra, condutas fascistas, ataques pautados na intolerância. Minha esperança não encontra eco sequer nas circunstâncias. Logo no início da pandemia, meu filho foi ao supermercado e enquanto esperava na fila, um homem atrás dele, sem máscara e sem respeitar a distância de segurança, espirrou e a secreção atingiu-lhe o pé. No lugar de se desculpar, o homem jogou foi uma praga, dizendo que meu menino seria o próximo. Aquela pessoa sabia, naquele momento, como o vírus se espalha, sabia que ele poderia ser um transmissor. Em casa, meu menino foi direto para o banho de álcool. E nós, apavorados.
Gente má vai continuar sendo má, e dá o tom no meio da crise. Pra mostrar que não adianta acreditar na redenção dos espíritos, uma cambada dessa gente está recebendo o auxílio emergencial sem precisar. Fazem isso agora, enquanto os mais frágeis morrem pela doença, forçarão a barra amanhã para que os mais frágeis continuem morrendo por motivos outros.
Estava pensando sobre esta minha esperança em um mundo novo. Não tem respaldo histórico. A segunda guerra deixou registros trágicos. Tínhamos motivos para apagar os argumentos que levaram o mundo àquela situação tão dramática. E o que vemos hoje no Brasil? Ressurgimento de idéias que avalizaram a guerra, condutas fascistas, ataques pautados na intolerância. Minha esperança não encontra eco sequer nas circunstâncias. Logo no início da pandemia, meu filho foi ao supermercado e enquanto esperava na fila, um homem atrás dele, sem máscara e sem respeitar a distância de segurança, espirrou e a secreção atingiu-lhe o pé. No lugar de se desculpar, o homem jogou foi uma praga, dizendo que meu menino seria o próximo. Aquela pessoa sabia, naquele momento, como o vírus se espalha, sabia que ele poderia ser um transmissor. Em casa, meu menino foi direto para o banho de álcool. E nós, apavorados.
O que fica é que o mundo não deixou de fazer
guerras e nós não deixaremos de ser esse seu mundinho fura-bolo que somos, por
causa do vírus
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