sábado, 23 de julho de 2022

crônica da semana - por onde se enxerga

 Por onde se enxerga

Nem bem o dia amanhecia e eu já tirava no rumo do hospital. A missão era chegar bem cedinho para evitar contatos e desocupar logo para o caso de ter outras precisões, outros exames ou comprar medicamentos extras. Já tinha o resultado do teste rápido, estava há pelo menos quatro dias com Covid. Isso foi logo no início do mês de junho. Havia uma procura considerável de atendimento e houve de eu esperar um bom tempo. No corredor, umas quantas pessoas com as mesmas reclamações. Tosse, garganta doendo, febrinhas e constipações (que é como conhecemos aqui o desconforto do nariz entupido). Todas do meu top, nas beiradas da minha idade. Bati uma chapa, fiz outro exame e na consulta, recebi, não sem surpresa, mas com algum alívio, a notícia do médico de que eu iria reagir bem à doença. Estava resistindo ao vírus na força das quatro doses de vacina que eu havia tomado. Superei serenamente as febres ‘loucas e breves’ que se enxeriram a me baquear por causa da contaminação com o maldito vírus.

Não havia, nos meios que freqüento, um único ser pagão ou crente que maldasse um dia, eu cair para a Covid, afinal, se juntássemos os parâmetros e recomendações de proteção em uma única pessoa, o dado cairia exato na minha casinha. Olha que driblei este vírus e não foi do trisca não. Até o junho próximo passado, quando ele me deu uma entrada por trás e me derrubou na pequena área.

Algumas conclusões ratifiquei com a penalidade máxima: O contágio se dá daqui pra’li, num vacilo; as aglomerações são conta certa e batida para a transmissão (e eu, munido de álcool e máscara freqüentei uns bolinhos de gente, na época, que não eram adeptos dos mesmos cuidados); a faixa etária das pessoas que encontrei no hospital dizia que nós, velhinhos antes isolados, que havíamos varado mais de dois anos sem pegar a bicha, por agora, estamos saindo mais, colocando a cara na rua, nos assanhando a ir as partes e aos eventos.

Nossa valência e a minha, em especial, que se realizou numa composição físico-psicológica que se bate com medos, traumas, hipertensão e umas quantas coronárias obstruídas, foi a aplicação e a aceitação da Ciência como agente fundamental, e sem mediação, para que minha resposta a esta contaminação não passasse de uma ardência na garganta e tosses fracas e episódicas.

Nem contei nada pra ninguém aqui ou nas mídias que freqüento, para não causar preocupação. Em junho já havia sinais de uma nova onda (ponto novamente para a Ciência. As elaborações estatísticas estão fazendo previsões rigorosas, com alto grau de aproximação, e portanto, necessárias). Agora em julho, esta nova fase se confirmou, com a evidência de centros de saúde recebendo alta procura por tratamento e testes.

Na hora de tirar a cisma, tirei. A minha grande apreensão era, como portador de comorbidades, ter complicações que me levassem a riscos, internação ou procedimentos dolorosos e caros. Contra minha vontade, tirei a cisma. Não gostei nada nada de me submeter a esta prova. Preferiria me contar zerado da contaminação. Reitero aqui, que não é bom se dispor à loteria da doença. Os números mostram que muitos casos são fatais.

Eu por mim, vou redobrar os cuidados. Vou tomar quantas doses forem ofertadas de vacina e ainda devo insistir com os descrentes para que valorizem e usem, à vontade, do bem que o conhecimento científico nos faz. O zap, inclusive é um produto da Ciência. É resultado de mentes humanas iluminadas. É então, cria da racionalidade e vetor de saúde e não de notícias falsas, crendices ou alucinações.

Por onde se enxerga, estou bem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário