sábado, 20 de julho de 2019

crônica da semana - o livro cor de rosa


O livro cor de rosa
Agora, em 2019, faz 21 anos que lancei o livro cor de rosa. Meu primeiro registro catalogado, com ISBN e tudo. “O Operário em Verso e Prosa” foi uma superação. Meu primeiro livro foi a prova dos nove sobre minha criação. Não tinha uma produção robusta. Escrevia para jornais comunitários, e periódicos restritos à região de Barcarena. Aqui, ali, publicava na grande imprensa em tiragens comemorativas, seções especiais em cadernos de arte. Não era a minha obra, conhecida, ou reconhecida. Havia uma divulgação acanhada do meu trabalho literário. Quando lancei meu primeiro livro, Tive o receio comum sobre a aceitação, afinal, expunha meus escritinhos num outro formato, exibia meu estilo a um espectro maior de leitores e, consequentemente, dava vez para opiniões várias. Morria de medo da crítica.
O livro cor de rosa trazia uma composição em prosa e poesia. Realizou-se sob a parceria das minhas crônicas com os poemas do meu compadre poeta, José Miguel Alves. O título veio do fato (que pensávamos ser inusitado, curioso) de nós dois vivermos o mundo literário e ao mesmo tempo batalharmos no dia-a-dia como operários da indústria de transformação. Éramos os peões que escreviam. Elaboramos o real sentido da publicação, pautado no emblema da literatura obreira. Chão de fábrica. Inspiração a base de chave grifo, procedimentos operacionais, papel, caneta e da marreta bruta.
Tudo arrumadinho, chamamos o professor Hélio Santos para conceber a capa. Uma sugestão havia para a arte. A capa deveria ser cor de rosa. Seria vermelha, para simbolizar nossa origem operária. Mas o custo dobraria. Optamos por suavizar o efeito visual e apostamos numa cor que se aproximasse do encarnado da luta das classes operárias e coubesse no nosso orçamento.
À época, Hélio fotografava para os jornais de Barcarena. Nos ombreávamos em várias oportunidades. Fizemos trabalhos juntos. Construímos uma amizade. Nos tornamos íntimos. Caros um ao outro. Senti que poderíamos dividir a responsabilidade da minha primeira produção. Ele aceitou.
Fez a foto da capa, compondo elementos da lida operária (capacete, luvas, óculos de segurança) com a minha máquina de escrever Olivetti Lettera.
O título, a gente choramingou na gráfica, e conseguiu colocar em vermelho. Ficou interessante a combinação. A capa cor de rosa, a foto em preto e branco, o título e nome dos autores naquele vermelho sangue dos obreiros.
Hélio Santos na formatação e na concepção sentimental da capa, nos ajudou a mim e ao poeta José Miguel, a adquirirmos confiança no nosso primeiro filhote.
Fizemos um lançamento espetacular numa famosa peixaria de Belém, vendemos livro pra caramba. Teve bolo, teve guaraná, degustamos acepipes fantásticos oferecidos pelo restaurante, fizemos coleta e entornamos todas. Saímos de lá felizes, com a primeira experiência. O povo gostou que só, do conteúdo e da forma da nossa obra.
Meu envolvimento com Hélio Santos ficou tão sério, que mais tarde, o convidei para fazer uma participação no meu livro “Corrente”.
Este ano, quero mostrar o quanto o Hélio é importante pra mim. Quisera ser com a reedição do livro cor de rosa. Este se perdeu nos bugs do meu computador. Vou relançar “Corrente”. Um livro em que ele compõe um elo. Porque a vida é assim. Feita de inquebrantáveis ligações. Cuidados. Carinhos. Um com o outro.
Estão todos convidados para a noite de autógrafos.

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