O
livro cor de rosa
Agora,
em 2019, faz 21 anos que lancei o livro cor de rosa. Meu primeiro registro catalogado,
com ISBN e tudo. “O Operário em Verso e Prosa” foi uma superação. Meu primeiro livro
foi a prova dos nove sobre minha criação. Não tinha uma produção robusta.
Escrevia para jornais comunitários, e periódicos restritos à região de
Barcarena. Aqui, ali, publicava na grande imprensa em tiragens comemorativas,
seções especiais em cadernos de arte. Não era a minha obra, conhecida, ou
reconhecida. Havia uma divulgação acanhada do meu trabalho literário. Quando
lancei meu primeiro livro, Tive o receio comum sobre a aceitação, afinal, expunha
meus escritinhos num outro formato, exibia meu estilo a um espectro maior de
leitores e, consequentemente, dava vez para opiniões várias. Morria de medo da
crítica.
O
livro cor de rosa trazia uma composição em prosa e poesia. Realizou-se sob a
parceria das minhas crônicas com os poemas do meu compadre poeta, José Miguel
Alves. O título veio do fato (que pensávamos ser inusitado, curioso) de nós
dois vivermos o mundo literário e ao mesmo tempo batalharmos no dia-a-dia como
operários da indústria de transformação. Éramos os peões que escreviam.
Elaboramos o real sentido da publicação, pautado no emblema da literatura obreira.
Chão de fábrica. Inspiração a base de chave grifo, procedimentos operacionais,
papel, caneta e da marreta bruta.
Tudo
arrumadinho, chamamos o professor Hélio Santos para conceber a capa. Uma
sugestão havia para a arte. A capa deveria ser cor de rosa. Seria vermelha,
para simbolizar nossa origem operária. Mas o custo dobraria. Optamos por
suavizar o efeito visual e apostamos numa cor que se aproximasse do encarnado
da luta das classes operárias e coubesse no nosso orçamento.
À
época, Hélio fotografava para os jornais de Barcarena. Nos ombreávamos em várias
oportunidades. Fizemos trabalhos juntos. Construímos uma amizade. Nos tornamos
íntimos. Caros um ao outro. Senti que poderíamos dividir a responsabilidade da
minha primeira produção. Ele aceitou.
Fez
a foto da capa, compondo elementos da lida operária (capacete, luvas, óculos de
segurança) com a minha máquina de escrever Olivetti Lettera.
O
título, a gente choramingou na gráfica, e conseguiu colocar em vermelho. Ficou
interessante a combinação. A capa cor de rosa, a foto em preto e branco, o
título e nome dos autores naquele vermelho sangue dos obreiros.
Hélio
Santos na formatação e na concepção sentimental da capa, nos ajudou a mim e ao
poeta José Miguel, a adquirirmos confiança no nosso primeiro filhote.
Fizemos
um lançamento espetacular numa famosa peixaria de Belém, vendemos livro pra
caramba. Teve bolo, teve guaraná, degustamos acepipes fantásticos oferecidos
pelo restaurante, fizemos coleta e entornamos todas. Saímos de lá felizes, com
a primeira experiência. O povo gostou que só, do conteúdo e da forma da nossa
obra.
Meu
envolvimento com Hélio Santos ficou tão sério, que mais tarde, o convidei para
fazer uma participação no meu livro “Corrente”.
Este
ano, quero mostrar o quanto o Hélio é importante pra mim. Quisera ser com a
reedição do livro cor de rosa. Este se perdeu nos bugs do meu computador. Vou
relançar “Corrente”. Um livro em que ele compõe um elo. Porque a vida é assim.
Feita de inquebrantáveis ligações. Cuidados. Carinhos. Um com o outro.
Estão
todos convidados para a noite de autógrafos.
Convida aí, na corrente-punho da rede...
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