sábado, 16 de novembro de 2013

crônica da semana - pandeiro

Raimundinho-do-pandeiro


Um sábado desses fui cortar o cabelo num salão popular aqui da Pedreira e tive uma boa surpresa. Tava bem no meu cantinho, com minha senha na mão, esperando a vez, quando de repente, uma moça veio até mim. Perguntou: “É o Sodré, o Raimundo Sodré?”. Rapidamente na minha cabeça, listei os meus mais maliciosos credores, me certifiquei que não era arte de nenhum deles, confirmei. Sim, sou eu mesmo. A jovem se apresentou como minha leitora aqui da coluna. Fez-me elegantes elogios, comentou algumas crônicas que escrevi, deu realce àquelas que têm a Pedreira como tema. A nossa conversa tava animada. Tanto que foi logo juntando gente. Os clientes ali do salão assuntando quem era aquele neguinho que tirava fotos, autografava num lencinho uma lembrancinha para a leitora. Percebi e logo tirei uma casquinha da fama inesperada. Saí abraçando todo mundo, distribuindo beijinhos. Quando estava no meio da pequena multidão, eu já era o famoso Raimundinho-do-pandeiro, vocalista de um grupo de pagode aqui das quebradas. Curti pacas. Esbocei até um sambinha de minha própria autoria tamborilando na mão um descompensado um-dois. Foi a minha glória. A gerente do estabelecimento me ofereceu água, um cafezinho e ainda por cima me franqueou o corte. Tive ali meus 15 minutos de fama. 
É certo que parte do que escrevi aí em cima é invencionice. Faz parte da minha arte. Havia sim, uma leitora, no salão: a Deise. Talvez tenha me reconhecido de umas das matérias que fiz quando do lançamento do meu livro no início do ano. Conversamos um pouquinho, e muito discretamente. Agradeci a atenção que ela dedica à coluna e depois fui me sentar na cadeira do cabeleireiro. Já havia quitado a conta. 
O que ficou, porém daquele encontro, foi a certeza de que meu universo de leitores no jornal, vai além daqueles oito fiéis catalogados quando iniciei aqui na coluna, há quase 9 anos. 
Percebi isso na Feira do Livro. Lançamento de trabalho independente, a gente sabe. Vão os parentes, os amigos, alguns amigos dos parentes, outros dos amigos. Este ano contei também com a presença dos leitores do jornal. Conheci gente que me lê em silêncio: a filha que foi pegar um exemplar autografado para o pai que não pôde ir, mas que fazia questão de um livro meu. Aquela senhora que citou pelo menos quatro crônicas e as relacionou com passagens triste ou alegremente ocorridas na vida que ela levou junto ao marido recentemente falecido (aí choramos os dois). 
Sei que tenho a honra de ser apanhado no alpendre da casa do Seu Fernando, da Dona Walda, do Oséias Silva...da Alessandra Martins, da Juliana Silva, da Deise...logo na batida da campa do sábado. São os  leitores do jornal que comigo se batem há tantos anos. 
(E eu podia tá roubando, tá me prostituindo, tá errando na vida. Podia ser político circunstante. Mas não, tô aqui tentando lançar mais um livro para o ano. Quero montar os textos. Mas quais crônicas escolher? Um trisca de idéia me bateu: os leitores vão escolher as crônicas do próximo livro. 
Então, queridos e queridas, peço que me ajudem selecionando cada um de vós, a sua crônica preferida. As crônicas do meu próximo livro vão ser aquelas que vocês escolherem. Vocês me ajudam? Espero terminar a seleção, com as sugestões de vocês, até o final de dezembro. As mais mais dos leitores podem ser enviadas para o e-mail que está aí em cima). 
Isso pode parecer presunção, né, coisa do Raimundinho-do-pandeiro, mas não é não. É o meu agradecimento por estarmos juntos nesta batidinha semanal. Meu próximo livro será todinho de vocês. 

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