Teretetê sobre Tê cê cê
Esses dias apareceu aqui em
casa uma estudante do curso de Letras da UFPA de Abaetetuba. Veio me dizer do
interesse que tem em fazer o seu TCC sobre a minha produção literária. Disse
que me acompanha aqui na coluna já há algum tempo e que tinha vontade de me
conhecer pessoalmente. Achou a minha casa se batendo aqui pela Vila dos
Cabanos, perguntando, indagando, seguindo algumas pistas. A pequena varou na
minha porta mais suada que tampa de chaleira e cansada às pampas da pernada, mas
alinhavamos um bom papo.
(Tudo mentira! Só para criar
um clima).
Na verdade, a estudante é a
minha amiga Elielma Monteiro, que foi secretária do Sindicato dos Químicos na
época em que eu me batia por lá como dublê de sindicalista. Nos conhecemos há
pelo menos uns oito anos, freqüenta regularmente a minha casa e conhece o meu
trabalho desde há muito, inclusive a produção que tenho de poesias. Tem o
acervo completo na casa dela, de todas as minhas obras editadas e ainda algumas
produções artesanais. Ah, e a Elielminha (somos íntimos), não é de tá se
consumindo a pé por aí, é chique que só ela, charlando de moto pelos caminhos
da Vila.
O resto é verdade.
Embora não me ache
‘merecendente’, me sinto lisonjeado em saber que o mundo acadêmico se
interessou pela minha obra. Elielminha me explica que o eixo da pesquisa é a
linguagem popular que utilizo, as variações semânticas, as interfaces eruditas
e parari, parará...Coisas que entendo pouco.
Quis saber como é o meu
processo de criação, de onde arrumo subsídios gramaticais, estilísticos,
inspiração para construir os textos, se sou formado em isso, aquilo ou
aquil’outro (é sempre assim, toda vez que alguém me inquire sobre este meu
pendor literário, rola esta pergunta sobre a minha formação).
Dei a letra à estudante de
Letras: quanto ao processo de criação, depende. Acho que parte se deve a um
pouquinho de talento que tenho, um outro tanto, ao estudo e à pesquisa e uma
outra dose, ainda, (and rock, diga-se), a um uisquinho que tenho ali guardado
para os momentos de pouca inspiração. Alertei a jovem graduanda que não sou
formado em Letras ou áreas afins, mas, em compensação, fiz o curso de
Comunicação Oral e Escrita (mini-curso, dir-se-ia hoje) com a professora
Cleide, na Escola Jarbas Passarinho, em 1977.
Acho que esta é a minha mais
preciosa formação. Tenho até hoje, guardado, o certificado deste curso. O
curso, ministrado pela professora Cleide, é tão relevante para mim, que,
foi-não-foi, entra no meu currículo quando este é exigido para concursos de
literatura ou para eventos culturais.
Então, o modesto acervo de
bons modos que utilizo na minha escrita, tem, entre outras fontes, aquele curso
com a professora Cleide. Foi um curso rápido, durou uma semana e foi promovido
pelo Senac (que coisa interessante, né? Senac...). A dinâmica adotada pela
professora foi a de explorar traços da língua apartando-os dos manuais
gramaticais. Isso tornou as nossas aulas bastante atraentes: os mistérios dos
porquês foram desvendados sem dor. A dúvida aonde/onde, foi dirimida
cautelosamente (mas o sucesso, admito, foi só naquele dia. Até hoje me aperreio
ao escolher um ou outro. Por mais que eu tente, para onde corro, sempre erro).
Pormenores estilísticos me foram simpaticamente apresentados.
Espero que este teretetê que
tive com a doce Elielminha lhe seja útil no TCC, mas o bacana mesmo, foi
lembrar do meu curso de Comunicação Oral e Escrita promovido pelo Senac e ministrado
pela professora Cleide, quando eu estava na 7ª série... E que até hoje me vale.
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