sábado, 15 de março de 2025

crônica da semana - =e carnaval, oba!

 É carnaval, oba!

Este ano o desfile oficial das Escolas e Blocos de Belém acontece depois do carnaval. Esta variação de datas despertou aqui em casa uma curiosidade sobre os anos anteriores. O carnaval de Belém era antes ou depois das datas oficiais? Fomos lá, viemos cá. Fucei os meus registros e pelo menos o do ano passado eu garanto. Foi depois. O destrambelho nas idéias vem mesmo é quando a gente compara as datas. O desfile que se inicia agora neste fim de semana e se estende até o próximo, no dia 21 de março, se dá num período de mais de quarenta dias além do carnaval oficial, se compararmos os dias de feriadão de 2024. Só a terça gorda deste ano já conta perto de 20 dias de diferença com relação ao ano anterior. Este ano caiu no 4 de março contra o 13 de fevereiro do ano passado. Sem contar estas programações da prefeitura que levam o desfile ao tempo que dá, o próprio calendário que regra a festa de Momo já é de uma confusão enorme. Às vezes o carnaval cai em fevereiro, às vezes em março.

Isso ocorre porque o carnaval, em que pese o nariz torcido de uma pá de gente do bem, é uma festa pautada nas tradições cristãs. E nem adianta torcer o nariz com este moralismo toldado porque, alinhado aos hermetismos religiosos, o carnaval é uma exceção permitida. É um período em que tudo vale. A carne, principalmente e, diversamente, vale.

O tempo certo da festa muda tanto porque tem um viés sacralizado íntimo à Páscoa. E a data da Páscoa é definida a partir de um contexto astronômico.

É uma conta chata. Primeiro se marca a Páscoa. Ela acontece no domingo seguinte à primeira fase cheia da lua após o Equinócio (aqui, o contexto astronômico e o subjetivismo do dia da semana abonado pelo calendário ocidental). Aí, estando o dia da Páscoa marcadinho, se conta quarenta dias pra trás (é a Quaresma, tempo em que, diferente do carnaval, nada ou pouca coisa é permitida. É tempo de contrição e piedade) e se chega no carnaval.  Como a lua comanda a parada e a fase cheia pode acontecer em qualquer momento entre o dia primeiro e o dia 31 de cada mês, esta distribuição é que estica as possibilidades de datas tanto para a festa do pecado quanto para a da remissão. Carnaval pode ser em fevereiro ou março e a Páscoa, em março ou abril.

Mas não é preciso se preocupar com esta matemática, com a abstração dos dias da semana, com as fases da lua e mesmo com este tal de Equinócio que dá uma trabalheira danada pra explicar e é explicação que só adianta para quem acredita que a Terra é redonda levemente achatada nos pólos. Tudo vai ficar bem mais fácil. Soube por fontes seguras e não pelo zap da tia, que o Papa propôs a definição de um dia fixo para a Páscoa. Um domingo marcado assim como o nosso Círio, tipo primeiro domingo do mês tal ou segundo domingo ou aquele que valha da melhor forma para os fiéis. Entendo que é uma alternativa em estudo e que deva se submeter à secularização e teimas do alto clero, mas que, se vier, será uma mudança que virá bem. A variação de datas cairia imensamente e o impacto seria somente aquele um dia bissexto acrescido a fevereiro a cada quatro anos.

Faço gosto. Desse modo a gente se programa melhor. As agendas públicas podem ser mais estáveis e a combinação entre os carnavais mais fortes e midiáticos com os mais fracos e populares pode gerar mais prazer e mais alegria para a carne, lucidez e santidade ao espírito.

Eu por mim, descontando as quizilas de momento e um ou outro nariz torcido por causa do prolongamento da festa, já marquei foi meu lugar lá na Aldeia Cabana. É carnaval de novo, oba! Sou um entusiasta das Escolas de Samba, dos blocos. Admiro a capacidade artística e a energia, a vontade que a comunidade carnavalesca tem. São defensores desta arte. Tô com o samba de todo mundo na ponta da língua. Mas a minha torcida já sabem de quem é né.

Olha a Pedreira aí, gente!

 

 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário