É carnaval, oba!
Este
ano o desfile oficial das Escolas e Blocos de Belém acontece depois do
carnaval. Esta variação de datas despertou aqui em casa uma curiosidade sobre
os anos anteriores. O carnaval de Belém era antes ou depois das datas oficiais?
Fomos lá, viemos cá. Fucei os meus registros e pelo menos o do ano passado eu
garanto. Foi depois. O destrambelho nas idéias vem mesmo é quando a gente
compara as datas. O desfile que se inicia agora neste fim de semana e se
estende até o próximo, no dia 21 de março, se dá num período de mais de
quarenta dias além do carnaval oficial, se compararmos os dias de feriadão de
2024. Só a terça gorda deste ano já conta perto de 20 dias de diferença com
relação ao ano anterior. Este ano caiu no 4 de março contra o 13 de fevereiro
do ano passado. Sem contar estas programações da prefeitura que levam o desfile
ao tempo que dá, o próprio calendário que regra a festa de Momo já é de uma
confusão enorme. Às vezes o carnaval cai em fevereiro, às vezes em março.
Isso
ocorre porque o carnaval, em que pese o nariz torcido de uma pá de gente do
bem, é uma festa pautada nas tradições cristãs. E nem adianta torcer o nariz
com este moralismo toldado porque, alinhado aos hermetismos religiosos, o
carnaval é uma exceção permitida. É um período em que tudo vale. A carne,
principalmente e, diversamente, vale.
O
tempo certo da festa muda tanto porque tem um viés sacralizado íntimo à Páscoa.
E a data da Páscoa é definida a partir de um contexto astronômico.
É
uma conta chata. Primeiro se marca a Páscoa. Ela acontece no domingo seguinte à
primeira fase cheia da lua após o Equinócio (aqui, o contexto astronômico e o
subjetivismo do dia da semana abonado pelo calendário ocidental). Aí, estando o
dia da Páscoa marcadinho, se conta quarenta dias pra trás (é a Quaresma, tempo
em que, diferente do carnaval, nada ou pouca coisa é permitida. É tempo de
contrição e piedade) e se chega no carnaval. Como a lua comanda a parada e a fase cheia
pode acontecer em qualquer momento entre o dia primeiro e o dia 31 de cada mês,
esta distribuição é que estica as possibilidades de datas tanto para a festa do
pecado quanto para a da remissão. Carnaval pode ser em fevereiro ou março e a
Páscoa, em março ou abril.
Mas
não é preciso se preocupar com esta matemática, com a abstração dos dias da
semana, com as fases da lua e mesmo com este tal de Equinócio que dá uma
trabalheira danada pra explicar e é explicação que só adianta para quem
acredita que a Terra é redonda levemente achatada nos pólos. Tudo vai ficar bem
mais fácil. Soube por fontes seguras e não pelo zap da tia, que o Papa propôs a
definição de um dia fixo para a Páscoa. Um domingo marcado assim como o nosso
Círio, tipo primeiro domingo do mês tal ou segundo domingo ou aquele que valha
da melhor forma para os fiéis. Entendo que é uma alternativa em estudo e que
deva se submeter à secularização e teimas do alto clero, mas que, se vier, será
uma mudança que virá bem. A variação de datas cairia imensamente e o impacto
seria somente aquele um dia bissexto acrescido a fevereiro a cada quatro anos.
Faço
gosto. Desse modo a gente se programa melhor. As agendas públicas podem ser
mais estáveis e a combinação entre os carnavais mais fortes e midiáticos com os
mais fracos e populares pode gerar mais prazer e mais alegria para a carne,
lucidez e santidade ao espírito.
Eu
por mim, descontando as quizilas de momento e um ou outro nariz torcido por
causa do prolongamento da festa, já marquei foi meu lugar lá na Aldeia Cabana. É
carnaval de novo, oba! Sou um entusiasta das Escolas de Samba, dos blocos.
Admiro a capacidade artística e a energia, a vontade que a comunidade
carnavalesca tem. São defensores desta arte. Tô com o samba de todo mundo na
ponta da língua. Mas a minha torcida já sabem de quem é né.
Olha
a Pedreira aí, gente!
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