Camisa 7
Futebol,
gosto mesmo é de jogar. Assistir de fora, não me animo muito. Os jogos andam
meio chatos esses tempos e nos estádios, a gente toma uns sustos. A última vez
que fui pro campo teve até bomba.
Ocorrem
as forras. As últimas pelejas do bicola para se garantir na série B, acompanhei
todas e agora por esses dias, tô ligadão no Botafogo, inclusive nas resenhas.
Prestei
reparo nos comentaristas inventando modas de comparações e significâncias ao
fato do atacante Luiz Henrique usar a camisa número 7 nos jogos do Botafogo.
Mando lá o meu pitaco.
O
Botafogo apresenta, hoje, um futebol de primeira. Faz jogadas que, há tempos, estavam
desaparecidas dos gramados. O próprio Luiz Henrique tem um drible que resgata
os ‘dibra’ fartos que praticávamos no glorioso Internacional da Mauriti. No
primeiro gol do Botafogo contra o Atlético, no início da jogada, desmonta a
zaga adversária e põe o zagueiro fora da foto com um guiza clássico, daquele
jeitinho que os moleques da Mauriti faziam. O técnico, reconheço, cortou e arou
no jogo do título contra o Atlético. Com a (justa) expulsão de um jogador logo
na saída de bola, tomou uma decisão corajosa. Qualquer um de nós que nos
julgamos dominar as artes e as táticas do jogo, faria logo a menção de tirar um
atacante e pôr mais um defensor em campo. Temos a cultura da retranca, nos
momentos difíceis. Seu Dori, treinador do Glorioso da Mauriti, não contaria
conversa. Fecharia lá atrás e ainda orientaria a bola pro mato. O técnico do
Botafogo surpreendeu pela ousadia (e que tem uma explicação). Manteve o time.
Bola dentro. Encalacrou o técnico adversário, que acho, teve também a postura
correta. Não substituiu um zagueiro por um atacante. Não foi besta não. Sabia o
que tinha pela frente. Um ataque azeitadíssimo, jogando por uma bola espirrada,
uma brechinha, ou uma chance de trabalhar jogada, mesmo em inferioridade
numérica. Tinha razão de não abrir a guarda. Mesmo com a formação defensiva
original, levou dois gols da máquina botafoguense, no primeiro tempo, ainda que
contando com o dito um a mais. Que dirá tirando um defensor.
Mudou
de idéia no segundo tempo. O técnico optou por reforçar o ataque. Deu sorte.
Nem bem começou o jogo, deu um desconto com um gol absolutamente inesperado, do
chileno Vargas, que com estatura modesta e boa colocação, superou os
grandalhões guardadores da meta botafoguense. Desde aí, como diz a galera, o
Atlético mineiro amassou. Time do Botafogo se aguentando só com dez jogadores
foi ficando na baba. Estava na hora de entrar o Júnior Santos.
Entrou
e disse pra que veio. Fez duas jogadas de velocidade e habilidade. Em uma
delas, fez o gol que sacramentou a vitória do alvinegro carioca ante o
alvinegro mineiro.
Poderia
ser diferente? Não sei. Ninguém sabe. Os deuses do futebol nem aí para arriscar
uma pitaco. Mas...
O
mesmo Vargas, que abriu a porta da esperança para o Atlético e deu um susto na
torcida do Botafogo, logo adiante perdeu dois gols que o Nikita, que era
zagueiro do inquebrantável Internacional da Mauriti, jogador e serviços gerais
do Cine Paraíso, mesmo dotado de poucos recursos técnicos, e nenhum faro de
gol, jamais perderia. O Botafogo mesmo sem um jogador, mandou tão bem na
decisão da Libertadores que parece que tinha o time completo somado ainda a uma
torcida apaixonada e a um décimo terceiro elemento nessa conta vitoriosa:
aquela mãozinha (ou aquele pezinho descalibrado) do Vargas. Ainda bem.
Quanto
a camisa 7 do Luiz Henrique, ele dá, hoje, ‘dibras’ que ninguém mais dá, tem
repentes decisivos e, por hora, tem contribuído com a boa campanha do Botafogo,
no ano. Tem que honrar esta camisa que já emanou brilhos intensos quando usada
por Garrincha, Jairzinho e Zequinha, a trindade fabulosa responsável por este
pequeno aqui do extremo setentrional do Brasil, torcer pelo alvinegro lá da Guanabara.
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