A Pedreira é do samba, a Pedreira é do amor
Tava
que tava ligado no desfile das Escolas pedreirenses, sábado passado. Depois de
dois anos foi um grato reencontro. De marejar os olhos.
A
Aldeia Cabana é ao pegado de casa. Para mim, um aqui-lá é rapidola. É só apitar
a sirene pra eu dar dois passos e ocupar meu lugarzinho na calçada da Pedro
Miranda e me entregar à emoção. Não tem vez que não chore. Parece coisa de menino
besta. Uma reação transversal, distante da empolgação dos desfiles. Só que não
tem defesa, me dá um negócio, uma desconfiguração nas funções. Fico tocado com
a energia de toda aquela gente. Entram no mais profundo de mim todas as medidas
daquele esforço que as Escolas fazem para cruzar a avenida. Me envolvo com o
forcejo da galera empurrando os carros bem naquele desnível da Pirajá, que faz
as alegorias ficarem bem mais pesadas do que no plano. E entrego minha
admiração ao fogo que emana do mais tímido folião. Não é tristeza. Choro quente
de desilusão ou desencanto, não. Deve ser um extravasamento das minhas íntimas,
escondidas satisfações. Uma alegriazinha molhada, que seja. Ainda mais que este
ano, o samba ‘do Acadêmicos...’ trouxe a nostalgia pedreirense para a
passarela. Apreciei o tema,
Apesar
de meu coração, na avenida, pertencer à Embaixada.
Morei uma pá de tempo na Mauriti. Do lado de cá da Pedro Miranda. Do lado de lá, passando um pouquinho do mercado, é a sede do Império Pedreirense. Era um pé pra minha patota baixar na Embaixada. A sede tinha seus momentos de grande movimentação no carnaval, mas era, também, destino certo para quem gostava de dançar, durante o ano todo. A domingueira da Embaixada era concorrida, os bambambans dos salões marcavam sempre presença lá. O tempo era das danças e dos passos elegantes e sensuais desenhados no salão ao som das lambadas, merengues, bat’staca. Aqui, acolá, uma romântica para os casais trocarem suores, coladinhos. Outros templos também atraíam os pés de valsa e formavam um harmonizado complexo de sedes dançantes. Aqui na Pedreira, assim de repente, recordo das sedes do Estrelinha, Juventus, 15 de Novembro; o Alegria, a própria Embaixada e o cativante Santa Cruz. Fora da Pedreira, ali, nas beiradas do Marco, mas bem marcante nas marcantes, o não menos afortunado Ouro Negro e ao norte, a quadra do Sacramenta.
Isso
nos tempos áureos das sedes dançantes, de frequência mais adulta e determinada,
com objetivos bem traçados de fazer bonito no salão e ao final, colar na festa.
Mais adiante, viria uma geração mais jovem e neste período sim, se confirmaria
na Pedreira o império, o domínio irretocável das tertúlias “do Acadêmicos” já quando a moda era a dança no solto.
Pulando
e brincando para os lados do carnaval, volto aos amores, às paixões. Acresço
que a Embaixada, hoje, tem o meu carinho quando passa pela Aldeia Cabana e lá
atrás era o império da diversidade em folguedos. Mas vou pelo certo e justo.
Meu carnaval era no Aguenta o Tombo. O bloco se organizava do meu mesmo lado da
Mauriti, ali, antes do canto da Pedro Miranda. Era bem mais próximo de mim. Foi
comandado durante o tempo em que morei por lá, pelo clã do Julião. Minha patota
era fichada nos arrastões. Tinha um samba eterno e emblemático. Não contava
conversa. Pr’onde o Tombo ia, íamos atrás levando o coração da Pedreira e muito
gingado. E nos lançávamos ao longe. Certa vez nos abalamos para uma batalha de
confetes na Cremação. Além dos limites da feira e do quartel da PM. Desfilamos
nosso charme, brincamos, esbanjamos alegria. Quando dei fé já era pra mais de
uma da manhã. Como voltar pra casa, meu pai? Ora, tombando pra lá, tombando pra
cá, naquele estirão da Alcindo Cacela iluminada.
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