Recomeços
Éraste, parece uma coisa, olha! Ô paradinha pra dar
certo no jeito e na cor. A gente nem dá o particípio, nem corre nos
intercâmbios, sequer recorta os entornos ou dobra as calendas e, tibum!
Mergulhamos nas mais doces coincidências.
Calhou
d’eu entender que este momento que vivemos, embora permeado de dramaticidades e
extravagâncias, seja também de reviravoltas, de revoluções. Não que eu esteja
sendo acometido de um otimismo vão, sem sal e sem aval. Também não sou assim,
bestão, alienado. Tenho consciência de que o cenário é delicadíssimo. Ao mesmo
tempo, porém, é de decisões.
Penso
que segui um princípio de sobrevivência, um juízo inquebrantável. Vamos resistir.
Pensando bem, algumas feridas abertas neste corpo-Brasil são reveladoras,
expõem diferenças antes camufladas, exibem as hipocrisias. Assim, o caminhar
até que é mais seguro, vamos reconhecendo as vilanias, e daí, criamos defesas,
superamos as hostilidades com o combate da hora.
Isto,
em todos os campos de relacionamento. Naqueles que atingem o bolso, ou em
outros que nos esmigalham o coração.
Pois
não é que calhou!
Vi
olhos, neste início de junho, brilharem como antes não brilhavam. Vi horizontes
se descortinando num comportamento múltiplo, em escalares desafios, e medo nenhum
percebi, tecido ou trançado ao largo. Pai d’égua, isso! Vi passos decisivos no
rumo de recomeços.
E
eu que reitero, reinicio, reeescrevo. E
eu que meto meu bedelho no fundo do olho do mundo nesta arte de “reiterar o já dito, o já vivido, o já
pensado”, acho muito dos seus pai d’égua essa história de ter serventia para
que alguma paradinha aconteça e mude mundos, mundinhos, Raimundinho! Mundinhos,
Raimundinho!
Vi também, sorrisos reeditados, exposição de
encantos sazonais, humildade, afeto perto-longe, conivência. Vi na simpatia de
D. Dora, leitora aqui da coluna que desde 2013 comparece às edições da feira do
Livro, no Hangar, para ter uma prosa assim comigo.Vi naquele carinho, a
dimensão completa e repleta de responsabilidades, que têm as palavras que digito
todos os sábados aqui. E eu? E eu acho muito pai d’égua, esta cumplicidade!
Então calhou, que por causa do título do meu novo
livro, eu desenvolvesse uma dedicatória, na hora dos autógrafos, que
sinalizasse para recomeços. Por causa do mês de janeiro, por causa da
sobreposição de temas. Uma explicação tecnicamente possível para a edição da
coletânea, deste ano, enfim. Em outro sentido, não pensei, não maldei.
Mas o mês de junho começou ditando vieses que
nem janeiros. E eles se desenharam no campo do amor à vida, na esfera do
trabalho, no reencontro com D. Dora. No fortalecimento de velhas amizades. Na
crença em revoluções e resistências.
Não era esta a intenção. Mas calhou, ora se
calhou!
E minhas noites têm sido de sono profundo e
reconfortante. E minha alma me anima doce e abrandada. E minha razão reconhece
o mais concreto e certeiro que possa ser o futuro. Alcançável, ora.
Ô coisa pra dar certo! Assim, apontando os particípios, os tais intercâmbios, aqueles entornos, as
ditas dobras e calendas. No rumo das mais doces coincidências
Parabéns Mundico por Janeiros
ResponderExcluir