sábado, 9 de janeiro de 2016

crônica da semana - quarto centenário

Quarto centenário
Nos próximos dias Belém vai viver a experiência de completar 400 anos. É uma idade assim-assim emblemática. Traz um quê de especial temperado pelo fulgor dos festejos ocorridos quando do quarto centenário de São Paulo, solenidade até hoje lembrada pelos acordes dobrados de Mário Zan. Os paulistanos marcaram a data (e ainda hão de explicar um dia o porquê da deferência ao IV Centenário) e já que está marcada, aqui vamos nós, no rastro e nas lembranças.
Música, já temos para dar ritmo ao momento. “Ao pôr do sol”, do compositor Firmo Cardoso está vibrando nos corações e mentes.  O peixe com açaí vai dar sabor ao evento. Os símbolos que engalanam a festa, mais que abstrações são deliciosos de comer e de ouvir.
Há simbologia e sabor nas páginas escritas também. O editor Cláudio Cardoso preparou um feixe de sentimentos, um rol de emoções, uma porção substanciosa de declarações de amor arranjadas em um livro pleno de belezuras.
A “I ANTOLOGIA DE CRÔNICAS – BELÉM 400 ANOS” vai ser lançada no dito dia do aniversário da cidade, terça que vem. Chega, como já disse, repleta de formosuras. E eu que não sou besta nem nada, puxo a brasa da beleza pri, para a minha sardinha. É que a publicação vem valorizando a crônica (que é a pele literária que habito). Comuns e já exercitados por aqui mesmo, são as composições em versos. “Uma poesia para Belém” tem sempre seu brilho. Mas Cláudio ousou. Apostou na tessitura leve, cordial da prosa cotidiana. Sou suspeito pra falar, mas olha, acertou em cheio. Os textos estão belíssimos.
Não menos luminosas estão as ilustrações (uma criação personalíssima elaborada pela plástica de Maciste Costa, para cada crônica), a concepção gráfica, a montagem em capa dura, a textura delicada do papel e o formato singular da obra.
É uma antologia, e neste quesito de coletar e juntar peças, Cláudio também surpreende. Reuniu 18 autores paraenses e com muita generosidade ombreou escritores já consagrados e premiados como Daniel da Rocha Leite, Antonio Juraci Siqueira, Paulo Nunes a uma petizada que mal saltou da casa dos vinte anos de idade como as iniciantes Laila Maia, Juliana Silva, Caroline Brito, mas que da mesma forma, nos brindam com seus talentos e inspirações.
Os convidados para esta antologia pegaram valendo. Entenderam, confiaram, foram de encontro àquela Belém que nos encanta, nos afaga e ao mesmo tempo nos desafia, nos enfrenta e nos submete. Há uma simbologia nas páginas escritas. Há uma rede de admiradores da cidade tecida pela percepção empreendedora de Cláudio Cardoso. Mas há também a crueza das ruas, há o escuro incerto, há a apreensão e o vago pudor. Há esperança e aflição na antologia. Penso que a multiplicidade de impressões e opiniões sobre nossa cidade quatrocentona está bem definida nestas páginas, acima de tudo, verdadeiras.
Eu, muito agradecido pelo convite, estou no time de cronistas. E na minha vez, faço como sempre fiz. Procuro palavras para expressar meu amor por Belém.

O lançamento da “I ANTOLOGIA DE CRÔNICAS – BELÉM 400 ANOS” é terça, dia 12, no Sesc Boulevard. Nos vemos por lá.

Um comentário: