segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Crônica remix- candidatos


Chegou, chegou, tá na hora da alegria
Eu bem que tava quieto, aqui no meu cantinho. Sem vontade de bulir um pauzinho de vareta sequer do nosso colorido feixe político. Li uma nota no jornal, destravei um sorriso, mas nem maldei, segui a minha rotina.
Estava eu, entrando pela noite, de pescoço teso pro céu procurando entender o barato dos planetas inferiores, quando começou o programa eleitoral gratuito. Agarrei fui ver.
Aí, tive, tive... Saquei a dinâmica da programação (num dia, os mandatos federais; noutro, os estaduais)... Fui me acostumando com a intervenção na grade televisiva e assim, de coração aberto. Reverente, atento, prestando atenção mesmo, nos discursos, nas propostas. Juro.
Mas eis que li uma nota no jornal.
Era uma coluna pequenina com três ou quatro linhas. O texto orientava os programas de humor mais famosos da atualidade para que se espertassem e ficassem de olho na concorrência do horário político. Mas que maldade, reagi contrariado.
Não percebi, mas aquela dica ficou ali escondidinha, na minha cabeça. Esta semana, na primeira inserção do programa político da noite, a mensagem se alumiou. Constatei: não é que o bicho é engraçado mesmo. E, parece uma coisa, o de segunda-feira, foi revelador. Particularmente risível.
Antes que digam que eu sou preconceituoso, que eu fico pilheriando, tirando sarro dos candidatos, asseguro que não, não se trata. Apenas atinei de verdade para o caráter algo jocoso da propaganda política, o que, de jeito e maneira, pode ser confundido como um traço, tal qual diz a galera, ‘reeeeedículo’ do modus operandi da campanha eleitoral, muito pelo contrário. Para mim é marketing.
Alguns candidatos bastam-se em efeitos e expressividades. A gente já conhece as peças. São artistas, boleiros, profissionais da comunicação. Não requerem muitos penduricalhos para fluírem afortunados e tornam inusitado o mosaico de candidaturas exatamente porque não guardam a intimidade com a rigidez parlamentar empalitosada (no Rio de Janeiro, a coisa é emblemática. Soube, pela imprensa, que toda a variedade hortifruti do Funk, é candidata por lá).
Outros, valem-se do contrário. Elevam-se pelo anonimato. Como não têm vida pretérita fulgurante, inventam, exercitam a criatividade. A estes cabem os créditos pelos bons humores exalados na campanha. São franco-atiradores, a paixão os diverte e os estimula. Vai que dá um azar... Nesta categoria dos ‘sem-tempo’. É ‘sem’ mesmo, porque a passional democracia das coligações privilegia os capas dos partidos com produções, musiquinhas pegajosas, maquilagens, enquanto aos outros, reserva aquela faixa virtual sobre o peito e um instantezinho para discursos no varejo, mais para falar dos majoritários do que dele mesmo (numa dessas, o candidato aproveitou o palanque eletrônico, e entregou-se como o candidato que tem cabedal para exercer qualquer cargo, mas por agora, o que ele quer é só ser deputado. Presunçoso, não! Mas, enfim, chamou a atenção pela auto-confiança... Houve o rapidinho controverso também, que se anunciou com um nome e a tarja da coligação o identificou com outro. Quando eles se decidirem...).
A campanha está só começando. Mas já desperta a curiosidade de alguns, o ódio de outros, a paciência de tantos. Muitos personagens surgirão. Sérios e objetivos, inclusive (o que não os exime de ter a sua graça). E eu vou procurar o melhor. Por enquanto, vou me atando com as atrações, vou me divertindo e me surpreendendo (se a eleição fosse para imitador do Amaral Neto, já estaria decidida. Há um candidato que tem a voz do Amaral Neto. Pela bença de Deus, a voz do cara é escritinha a voz do Amaral Neto).

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