Água na geladeira é bom
A
imagem da semana, embora seja constante nos últimos anos, causou espanto.
Várias cidades do Amazonas alagadas. As casas só com o telhado fora d’água.
Diante do cenário eu sempre faço a mesma pergunta: como esse povo bebe água,
meu pai? Sim, porque mesmo que no meio de tanta água, aquela não é água de se
beber assim, a hora que der vontade ou bata a sede.
Agora
diz daí, com esse calorão que já se assanha nas tardes em Belém, de a gente
chegar em casa, dar aquele banho de álcool no corpo, descontaminar os pertences,
sentar um pedacinho no alpendre pra apreciar os últimos raios de sol, e
enquanto repara o dia ir-se indo, com satisfação, beber um copo de água bem geladinha,
heim... Que tal?
Ter
água na geladeira é bom. De vez em quando ir lá, vencer a sede e ainda ter o
prazer da água friinha tem um valor sem tamanho em nossa qualidade de vida.
A semana
passou nos lembrando do Meio Ambiente. Nestes tempos apavorantes em que vemos o
ministro da pasta posar para fotos tendo atrás dele uma pilha de árvores
mortas, uma reflexão sobre a água que consumimos diariamente deve estar na
pauta. Toda vez que abrimos a geladeira e pegamos uma garrafa d’água friinha,
busquemos na mente o valor desta ação tão comum. E tão dependente dos cuidados
que dedicamos ao Meio Ambiente.
A
recomendação dos especialistas é que a gente beba pelo menos dois litros de
água por dia. Para que a pessoa se mantenha viva e saudável, basta que a água seja
potável. Livre de contaminantes biológicos e apresente um padrão
físico-químico. Quando, além destes requisitos a água é enriquecida de
elementos outros, pode ser considerada como mineral. Esta, normalmente traz na
composição, elementos químicos retirados de rochas comuns em regiões mais
profundas e quentes da crosta, como o Magnésio e o Cálcio. Podemos então beber
água potável e água magnesiana ou
cálcica, quando da vontade ou na ira da sede; geladinha ou ao natural mesmo. Só
não podemos beber é qualquer água.
O
que torna e o que pesa é que a espécie que mais encontramos por aí e por cá, é
a dita qualquer água.
Belém
tem água em tudo quanto é canto. É cidade varada por igarapés. Mais além, temos
grandes rios e a baía do Guajará, que é um caudal portentoso. Só que é ruma de
água imprópria para o consumo imediato. Águas de superfície, poços rasos, não
raro, são desprovidas de qualidade. Do rio, até podemos retirar água para
consumo, mas é arte que exige tratamento, adição de químicos, processos físicos
de purificação. É um serviço necessário, no entanto, caro.
As
águas subterrâneas protegidas são mais indicadas. Poços profundos, que têm selagem
e filtragem natural são aqüíferos de alta qualidade. Ocorre que poços não geram
boas fotos, não maquilam imensas áreas de tratamento que podem ser registradas
por drone, não requerem produtos extras de purificação. No frigir dos ovos, não
rendem licitações robustas ou ibope político.
Quando
a gente vai na geladeira e apanha uma água friinha pra beber, podemos nos
considerar privilegiados, primeiro porque temos um quadro de disponibilidade
deste bem e segundo, porque podemos pagar por ele.
Certa
vez, passei uma temporada numas dessas ilhas que rodeiam Belém. Ilha é uma
porção de terra cercada de água por todos os lados. Quando bateu a sede, fui na
geladeira. A água apresentava alterações. Água do caudal. Do baixio de
açaizeiros. Do raso dos poços. Friinha, mas amarelinha e com um gosto alagado e
triste.
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