Ouro, Incenso e Mirra
O céu é plúmbeo, uma simpática queda de
dois graus na temperatura média anuncia o Natal. A garoinha fina (a nossa
nevinha líquida equatorial) caindo a qualquer hora não interfere na normalidade
das coisas, mas, sutilmente, ajuda a abrandar os espíritos, cuida de diluir a
acidez cotidiana, refreia o desvario diário.
O clima produz na gente um ingovernável sentimento
nostálgico. Capaz de buscar uma lembrança absurda, subversiva de um Natal
distante em que, no lugar de um rutilante brinquedo, a gente ganhou de
presente, uma desenxabida roupa nova.
Natal. Tempo de conversão, de apelo à
amizade, de súplica pela paz. No Natal é evidente um chacoalhar gradativo de
índoles: quem é muito mau, passa a ser só mau; quem é mau, verga-se a ser mais
ou menos bom; quem às vezes é bom, queda-se a ser o tempo todo; quem é sempre
bom, inclina-se a quase santo; e quem já é santo, vira luzinhas cintilantes a
embelezar as noites.
E os sinais concretos dessas reviravoltas
nos parâmetros que medem a personalidade pipocam, pelos quatro cantos, na forma
de campanhas solidárias de arrecadação de brinquedos, cestas de Natal,
agasalhos e roupas para os mais necessitados. E quando não têm caráter
material, os esforços apelam para as concessões ou reconciliações. Rogam por
resoluções urgentes para as pendências pessoais perdoáveis. Tudo em nome de um
Natal feliz.
Então é Natal. Da tolerância (e cá pra nós,
quanta tolerância, meu Jesus Cristinho, ao digerir a versão da Simone para os
sonolentos versos de John Lennon). Mas, vá lá que seja, sem patrulhamentos
estéticos ressentidos, é Natal. De blim
blauns, de dingo bels, de merry
christmas. De melodias harmoniosas, suaves, fluindo leves da arvorezinha
montada num canto alegre da sala.
É Natal. Da compreensão. Toda a compreensão
na hora da troca de presentes nas desconcertantes sessões de amigo invisível
(secreto... oculto). Não raro, um presente mal dimensionado derruba o clima de
tolerância vigente e acaba agendando um forçoso compromisso de reconciliação já
para o Natal do próximo ano.
Então é Natal. Da imprescindível pitada de
sensibilidade na hora de escolher os presentes. Principalmente, os presentes
das crianças.
Para as crianças: brinquedo.
( Tá bom, tá bom, é certo que um par de
sapatos da moda ou uma muda de roupa nova, são utilidades cotidianas, mas, de
jeito e maneira, substituem o apetecível
brinquedo).
É Natal. Para as crianças: brinquedos. E pensando bem,
pensando bem, se para sarar tristezas antigas, para os adultos também
Esse comentario sobre a bondade me lembrei do meu conceito a fazer caricatura. É assim: quem é Lindo,fica bonito, quem é bonito, fica maisumeno, o maisumeno fica feio, o feio ,fica horroroso, e o horroroso vira o demônio..kkk
ResponderExcluirEsse comentario sobre a bondade me lembrei do meu conceito a fazer caricatura. É assim: quem é Lindo,fica bonito, quem é bonito, fica maisumeno, o maisumeno fica feio, o feio ,fica horroroso, e o horroroso vira o demônio..kkk
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