segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

crônica remix- solstício


O dia em que o sol pára
Tá uma quentura, num tá? Eu já nem me enxugo mais. Da feita que tomo banho, fico por ali um instantinho na frente do ventilador, passo a toalha rapidamente pelo corpo e  me visto logo. Assim, meio úmido, vou tirando o dia, na peleja para vencer o calor.
Eita que nesses dias de julho, o sol tá no capricho. Quando dá d’agente já amanhecer bebendo água, é que o abafado tá  demais. Tem hora que a gente só falta correr doido, éraste!
Embora esta época do ano nos deixe um pouco atarantados e transforme as nossas toalhas em um acessório a mais da geladeira (uma após outra estendida lá atrás no serpentinado quentinho), temos que manter a calma e aproveitar para conhecer melhor as afetações do planeta.
Afetada pelo plus nas radiações ultravioletas, uma internauta, dia desses, não conteve a empolgação e mandou uma mensagem para nossos amigos que moram na Espanha dizendo que aqui o verão estava quentíssimo e concluiu a mensagem perguntando como estava o clima lá na Europa.
Alô-ô, lembremo-nos que habitamos a Terra, o terceiro dos planetas, um astrinho que dá voltas e voltas em redor do sol, e que numa horinha destas está na maior distância do astro-rei, coisa de uns cento e cinqüenta milhões de quilômetros. Atinemos também, que por estas alturas, a Terra está com a sua metade norte virada para o sol, isso quer dizer que é verão na Espanha.
No Brasil austral, é inverno e na Amazônia, os dias fervem e a estação não tem nome.
E por falar nisso, vale acrescentar que lá pelo meio de junho vivemos um dos momentos mais fascinantes e importantes para a história da humanidade.  Acabamos de passar pelo solstício. É fascinante porque, para ser bem simplesinho, é o dia em que o sol pára.
O solstício acontece duas vezes por ano. Uma agora em junho, quando ratificou o verão no hemisfério norte e outra, em dezembro quando o sol se bandeia pra cá, para o sul. Nas duas ocasiões, o evento proporciona o dia mais longo do ano.
Em termos de deslocamento o solstício significa o ponto de maior afastamento do sol em relação à linha do Equador, ou seja, no hemisfério norte, é quando o sol se impõe sobre o Trópico de Câncer, e no sul, ocorre quando o sol posta-se soberano sobre a linha imaginária do Trópico de Capricórnio. Se a gente for olhar no mapa- mundi (que eu acho que é um material didático que nem existe mais) vai entender porque se diz que é um momento em que o sol pára. É que a partir deste ponto, o sol “interrompe” seu percurso de afastamento do Equador, “pára” e a seguir volta a movimentar-se para o meio do mundo, novamente.
O solstício, no norte inspirou algumas crenças e estimulou a curiosidade dos homens. O exemplo da reverência a este evento é a edificação dos círculos de pedra erguidos na Inglaterra, o enigmático monumento de “stonehenge”. Uma construção datada de pelo menos 3.000 anos e que além de ser cultuada pelos druidas (um misto de sacerdote e curandeiro dos bretões), guarda em seus contornos os conhecimentos astronômicos daquela época: a junção entre as duas pedras que limitam o círculo está alinhada exatamente ao ponto em que o sol nasce no dia mais longo do ano. As pedras indicam o solstício de verão.
Aqui no Brasil, também temos o nosso “stonehenge”. Fica em Calçoene (que já está no hemisfério norte), no Amapá. É um arranjo de pedras, também. Não sei se este nosso monumento já atrai peregrinos para celebrar o solstício, mas não acho uma má idéia. Uma dose de magia e mistério serve também para que a gente entenda melhor as afetações do planeta, este julho sem chuva, este sol de rachar e o verão na Espanha.

·       A crônica é de 2008.
·       Agora, no dia 21 de dezembro de 2012, viveremos os solstício de verão no hemisfério sul. É o dito verão que traz a nossa nevinha belemense no dia de Natal.

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