Imortalidade
A
coluna hoje é entregue e muito bem entregue ao jornalista, compositor, poeta, músico
refinado (digo sempre: na magia melódica, tem o Strauss e ele), gente boa pacas
e meu compadre Edir Gaya. No último final de semana, quando voltávamos de
Barcarena, propus que ele escrevesse aqui contando as trajetórias que o levaram
a imortalidade como membro da Academia Barcarenense de Letras. Como jornalista
esmerado que é, falou e disse. Convosco, meu compadrezito:
“Vida,
teu nome é sarcasmo. Num dia, o cara não tem onde cair morto, n’outro ele é
imortal. O sarcasmo é quando as duas condições se confundem na mesma pessoa,
como no meu caso, desde a semana passada, quando confrades e confreiras da
Academia Barcarenense de Letras – a Abarcle – me admitiram em seus quadros como
membro correspondente, honra que compartilho com os leitores desta coluna, cujo
titular – o Raimundo Sodré, meu compadre e agora meu confrade – há 17 anos é o
cronista por excelência dos beiradões e confins desta terra nominada Amazônia,
da qual Barcarena se destaca por sua pujança histórica como berço da Cabanagem,
por sua contemporaneidade estratégica como polo industrial e ponto de conexão
com a Europa e os Estados Unidos e sua profunda identificação com a arte,
sobretudo a literatura, a música, as artes plásticas e o teatro, e com a
cultura do Baixo Tocantins e região.
O
Sodré é escritor e operário. E minha proximidade com Barcarena se deve a ele,
que há 28 anos trabalha no polo industrial, desde a antiga Alunorte (Hydro,
hoje), nos processamentos que chegam aos lingotes de alumínio.
Minha
filha, Manuela, tinha um mês, no Natal de 1995, quando fizemos eu e Valéria
nossa primeira e atribuladíssima viagem à Vila dos Cabanos, minha comadre Edna
grávida de Argelzinho, nós com duas crianças, uma delas de colo, bagagem, peru,
num ônibus e num barcão abarrotados. Foi o afeto que sempre nos levou a
Barcarena.
No
decorrer do tempo, acompanhei o processo de organização sindical dos
companheiros Químicos, estabeleci uma colaboração profissional efetiva com os
metalúrgicos, em especial, no período em que trabalhei na assessoria de
imprensa do Sindicato dos Bancários, sempre com apoio da incansável Vera
Paoloni.
Como
jornalista, escrevo o que vi. E vi os operários do polo industrial de
Barcarena, sobretudo os Químicos, na vanguarda da denúncia e da pauta ambiental
positiva, em destaque, na área da Vila dos Cabanos, com as iniciativas de
passeios ecológicos no saudoso “Furo”, parque ambiental de acesso ao Caripi
tragado pela especulação, e também no enfrentamento à contaminação ambiental
naquela área.
No
sábado, 1º, quando tomei posse na Abarcle, compartilhei essa distinção com a
jornalista Márcia Ferreira, editora do intrépido O Cabano e uma agitadora
cultural com muitos serviços prestados a Barcarena, entre os quais o mais
recente é a página sobre turismo que este jornal tem publicado e que apresenta
as peculiaridades, personagens e histórias do município. Na figura desta
profissional competente que conheço há quase 30 anos cumprimento a confreiras e
confrades que comigo tomaram posse.
Minha
gratidão ao professor Hélio Santos, presidente da Abarcle, cujo trabalho na
secretaria-geral da Federação das Academias de Letras do Pará tem sido notável
e na figura da qual cumprimento acadêmicas e acadêmicos da Abarcle que me
acolheram com generosidade e carinho. O compromisso dessa distinção honorífica
é ser um meio para a promoção da arte e da cultura, sobretudo em sua expressão
literária, sem as quais nada somos e a nada podemos aspirar. E quanto a isso a
Abarcle e Barcarena podem sempre contar comigo.”
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