Se a farinha ‘estralar’...
Um camarada ibero-europeu veio passar o fim de ano comigo, em Belém. Gente boa pacas. Amigo. Fiz as honras pr’ele. Virei e mexi pelos causos da cidade. O que eu sabia, eu contava direitinho, como por exemplo, os detalhes da fundação de Belém expressos na Cidade Velha. O que eu não sabia, inventei um pouquinho, mas sem exagero e sem culpas (quem mandou roubarem a placa explicativa lá da rampa da Panair?). Buli nos teres e haveres desta metrópole e a tratei como tal. Atinei aos ‘dares e tomares’ desta minha Belém ao mesmo tempo vil e generosa (meu amigo aproveitou o que pôde desta generosidade. Vai voltar para a sua terra com a sacola assim de manga, ó, que ele catou pelos estirões que passamos; mas ao mesmo tempo, decepcionou-o um tanto, a nossa falta de cuidado com componentes históricos pitorescos, como a rampa da Panair).
Mostrei lugares legais da cidade (não exatamente aqueles mais engalanados, mas os meus cantinhos, aqueles sem os quais não passo). Veropa, na certa. O largo extenso do Teatro da Paz, é claro. As docas refrigeradas, por que não? As igrejas mais bonitas do Landi, indispensáveis. Os bosques verdes onde cantam os sabiás, de toda sorte, agradáveis. A Vila Sorriso e a minha Pedreira, do samba e do amor.
Sobre Icoaraci, vale a pena um teretetezinho, no repente. Nada que me seja estranho. Houve de acontecer outras situações graves e amiúde, comigo.
Fui até o chalé Tavares Cardoso. Era sábado e entendia o recesso e o descanso dos obreiros dali, mas nada que apagasse a memória ou o senso. O prédio é suntuoso, elegante. Só que cheguei fotografando a rua, concentrado e quando dei por mim, estava de través, meio na contramão. Havia passado pelas ruínas da casa do poeta Antônio Tavernard e recebido o severo choque do abandono. Submergi desconcertado de tanta desolação e desapontamento com o trato que dão aos nossos patrimônios artísticos. No chalé, atualmente, funciona a biblioteca Avertano Rocha. Isso eu sabia. Mas só de zanga, perguntei ao guarda, que guardava o prédio, assentado no amplo alpendre, onde ficava o famoso chalé. Ao que ele me respondeu que ali era uma biblioteca, que estava fechada, naquele dia e sobre este chalé, aí, não sabia pra que lado ficava, não. E fui caminhando e ouvindo, dando trela, até ficar de conforme com o sentido da rua, quando me virei e dei de frente para a monstra d’uma placa que anunciava ali, o tudinho da resposta requerida ao guarda. Tudo lá escritinho.
Icoaraci é um lugar pra lá de pai d’égua. Tem potencial turístico. Tem a mimosíssima taberna da Suely, bem na entrada do trapiche; tem uma orla atraente; um parque de artesanato estrategicamente postado no alto das falésias. Precisa se preparar para informar melhor os visitantes. E aquele túnel de mangueiras... Agora, sobre a Pedreira...mostrei mais emoção do que construção. Mesmo porque, o cinema Paraíso, não existe mais. O café Século XX, já era. A sede do Santa Cruz transubstanciou-se. O Supermercado Metralhadora, aquele que metralhava os preços, é hoje um grande vão em vão. Fomos bater na Feira, então. E eu cuidei de ensinar, detalhadamente, ao meu amigo, que veio da Galícia, como é que a gente faz para experimentar a farinha. A mão em concha assimilando o tantinho certo, a distância correta, a força de lançamento e a pequena elevação do queixo para que a farinha deslize obediente e se acomode entre os dentes. Se ‘estralar’, é das boas. Depois de conhecer as coisas que não mais voltam na Pedreira, eu e meu amigo fomos tomar uma gegé, no balcão do Pisco, porque o sol estava demais aquele, na Pedreira de Belém.
Um camarada ibero-europeu veio passar o fim de ano comigo, em Belém. Gente boa pacas. Amigo. Fiz as honras pr’ele. Virei e mexi pelos causos da cidade. O que eu sabia, eu contava direitinho, como por exemplo, os detalhes da fundação de Belém expressos na Cidade Velha. O que eu não sabia, inventei um pouquinho, mas sem exagero e sem culpas (quem mandou roubarem a placa explicativa lá da rampa da Panair?). Buli nos teres e haveres desta metrópole e a tratei como tal. Atinei aos ‘dares e tomares’ desta minha Belém ao mesmo tempo vil e generosa (meu amigo aproveitou o que pôde desta generosidade. Vai voltar para a sua terra com a sacola assim de manga, ó, que ele catou pelos estirões que passamos; mas ao mesmo tempo, decepcionou-o um tanto, a nossa falta de cuidado com componentes históricos pitorescos, como a rampa da Panair).
Mostrei lugares legais da cidade (não exatamente aqueles mais engalanados, mas os meus cantinhos, aqueles sem os quais não passo). Veropa, na certa. O largo extenso do Teatro da Paz, é claro. As docas refrigeradas, por que não? As igrejas mais bonitas do Landi, indispensáveis. Os bosques verdes onde cantam os sabiás, de toda sorte, agradáveis. A Vila Sorriso e a minha Pedreira, do samba e do amor.
Sobre Icoaraci, vale a pena um teretetezinho, no repente. Nada que me seja estranho. Houve de acontecer outras situações graves e amiúde, comigo.
Fui até o chalé Tavares Cardoso. Era sábado e entendia o recesso e o descanso dos obreiros dali, mas nada que apagasse a memória ou o senso. O prédio é suntuoso, elegante. Só que cheguei fotografando a rua, concentrado e quando dei por mim, estava de través, meio na contramão. Havia passado pelas ruínas da casa do poeta Antônio Tavernard e recebido o severo choque do abandono. Submergi desconcertado de tanta desolação e desapontamento com o trato que dão aos nossos patrimônios artísticos. No chalé, atualmente, funciona a biblioteca Avertano Rocha. Isso eu sabia. Mas só de zanga, perguntei ao guarda, que guardava o prédio, assentado no amplo alpendre, onde ficava o famoso chalé. Ao que ele me respondeu que ali era uma biblioteca, que estava fechada, naquele dia e sobre este chalé, aí, não sabia pra que lado ficava, não. E fui caminhando e ouvindo, dando trela, até ficar de conforme com o sentido da rua, quando me virei e dei de frente para a monstra d’uma placa que anunciava ali, o tudinho da resposta requerida ao guarda. Tudo lá escritinho.
Icoaraci é um lugar pra lá de pai d’égua. Tem potencial turístico. Tem a mimosíssima taberna da Suely, bem na entrada do trapiche; tem uma orla atraente; um parque de artesanato estrategicamente postado no alto das falésias. Precisa se preparar para informar melhor os visitantes. E aquele túnel de mangueiras... Agora, sobre a Pedreira...mostrei mais emoção do que construção. Mesmo porque, o cinema Paraíso, não existe mais. O café Século XX, já era. A sede do Santa Cruz transubstanciou-se. O Supermercado Metralhadora, aquele que metralhava os preços, é hoje um grande vão em vão. Fomos bater na Feira, então. E eu cuidei de ensinar, detalhadamente, ao meu amigo, que veio da Galícia, como é que a gente faz para experimentar a farinha. A mão em concha assimilando o tantinho certo, a distância correta, a força de lançamento e a pequena elevação do queixo para que a farinha deslize obediente e se acomode entre os dentes. Se ‘estralar’, é das boas. Depois de conhecer as coisas que não mais voltam na Pedreira, eu e meu amigo fomos tomar uma gegé, no balcão do Pisco, porque o sol estava demais aquele, na Pedreira de Belém.
oi sodré, Belém tem lugares lindos mesmo, pena que um pouco mal cuidados. mas, tenho certeza que seu amigo gostou do passeio!!!
ResponderExcluir