Homenagem
Aconteceu coisa de 3 anos atrás. Ali pelo mês de março. O pico do inverno amazônico. A chuva começou por volta das 9 horas da noite. E não parou mais. Varou a madrugada. Inquieto com aquele aguaceiro, bem cedinho me aprumei (tinha que tinha de ir pra aula), aproveitei um raro estio e me abalei pela manhã molhada. Fiz meu caminho em dois tempos. Peguei o (ex) sacrabala na frente de casa até a feira de Santa Luzia e de lá, o UFPA. Foi o custo do ônibus se adiantar um pouquinho na Alcindo Cacela, além do museu, e a rua virou mar. Dali até a praça Princesa Isabel, no recôndito da Condor, era um alagado só. E a água continuou fazendo marola e dando no joelho até ali pelo entorno da universidade. E tome chuva! Desci com a calça enrolada, fui me ajeitando pelas passarelas saltando meios-fios e poças robustas. Consegui chegar na minha sala com 20 minutos de atraso. Com toda derrota, ainda fui o primeiro aluno a chegar. Mas o professor já estava lá, olha, que tempo. Naquele dia, pelo caos instalado na cidade, qualquer casozinho ligado à chuva justificaria uma ausência naquela aula. A coisa tava braba. Mas o Ronaldo não se quedou ao direito de faltar ou chegar atrasado. Como todos os dias, estava ali, rente como pão quente para cumprir o seu dever de servidor público.
Este mês, só pra gente comparar, a coisa descarrilou totalmente. Mas que marmota é essa de dois feriados cairem justinho no meio da semana! Postos de saúde sem atendimento, repartições importantes com ponto facultado, instituições públicas em completo estado alfa. Ô, calendariozinho ingênuo. Deu uma trela pro ócio, e olha só...quem teve um débito nas coisas da vida, nesta semana de finados, teve que esperar até quinta-feira por uma chance de reivindicar os desapertos dos nós (que, nos dias encarreirados já não são fáceis, avalie nestes salteados, desritmados, desengraçados. Já penso como será, na semana da República).
No frigir dos ovos, contando assim, sem tirar a prova dos nove, foram cinco dias sem prestar serviço à comunidade. Não. Não tô pegando no pé dos servidores. Não me vejo cobrando frequência ou dedicação (embora isso me fosse perfeitamente pertinente, pois que, sou usuário, contribuinte, cidadão e tal e coisa e coisa e loisa). Estou apenas refletindo um sentimento coletivo de desamparo, de abandono e solidão.
Vejo que o grande responsável por isso, é o gestor, é o comandante da administração. É aquele que, com uma canetada tira os trabalhadores do expediente e os coloca nos róis de ira do povo (porque o servidor, por si só, não se auto-faculta o dia de trabalho e nem folga em arengar com a parcela da população, aquela maioria ressalte-se, que precisa de atendimentos e acolhimentos). Tirar o amparo da sociedade com este artifício nefasto de enforcamento de feriado é uma atitude, no mínimo irresponsável, por parte dos gestores da máquina pública (e isso se a gente falar somente das questões assistenciais. Se a gente for levar pro ramo dos negócios, o traço fica vergonhoso de borrado. O Estado perde uma grana. Recursos que poderiam subsidiar desenvolvimento e qualidade de vida). É uma pena que os valores de Estado sejam deixados de lado por causa desses coquetes interesseiros.
Ao contrário do que possa parecer, o que escrevo agora não é uma crítica ao conjunto do funcionalismo. É sim, uma homenagem aos bons profissionais, pelo dia do funcionário público ocorrido na sexta, 28 de outubro e, em especial, ao professor Ronaldo que naquele dia, mesmo debaixo de um toró, estava lá na sala de aula, pronto para cuidar da res publica.
Aconteceu coisa de 3 anos atrás. Ali pelo mês de março. O pico do inverno amazônico. A chuva começou por volta das 9 horas da noite. E não parou mais. Varou a madrugada. Inquieto com aquele aguaceiro, bem cedinho me aprumei (tinha que tinha de ir pra aula), aproveitei um raro estio e me abalei pela manhã molhada. Fiz meu caminho em dois tempos. Peguei o (ex) sacrabala na frente de casa até a feira de Santa Luzia e de lá, o UFPA. Foi o custo do ônibus se adiantar um pouquinho na Alcindo Cacela, além do museu, e a rua virou mar. Dali até a praça Princesa Isabel, no recôndito da Condor, era um alagado só. E a água continuou fazendo marola e dando no joelho até ali pelo entorno da universidade. E tome chuva! Desci com a calça enrolada, fui me ajeitando pelas passarelas saltando meios-fios e poças robustas. Consegui chegar na minha sala com 20 minutos de atraso. Com toda derrota, ainda fui o primeiro aluno a chegar. Mas o professor já estava lá, olha, que tempo. Naquele dia, pelo caos instalado na cidade, qualquer casozinho ligado à chuva justificaria uma ausência naquela aula. A coisa tava braba. Mas o Ronaldo não se quedou ao direito de faltar ou chegar atrasado. Como todos os dias, estava ali, rente como pão quente para cumprir o seu dever de servidor público.
Este mês, só pra gente comparar, a coisa descarrilou totalmente. Mas que marmota é essa de dois feriados cairem justinho no meio da semana! Postos de saúde sem atendimento, repartições importantes com ponto facultado, instituições públicas em completo estado alfa. Ô, calendariozinho ingênuo. Deu uma trela pro ócio, e olha só...quem teve um débito nas coisas da vida, nesta semana de finados, teve que esperar até quinta-feira por uma chance de reivindicar os desapertos dos nós (que, nos dias encarreirados já não são fáceis, avalie nestes salteados, desritmados, desengraçados. Já penso como será, na semana da República).
No frigir dos ovos, contando assim, sem tirar a prova dos nove, foram cinco dias sem prestar serviço à comunidade. Não. Não tô pegando no pé dos servidores. Não me vejo cobrando frequência ou dedicação (embora isso me fosse perfeitamente pertinente, pois que, sou usuário, contribuinte, cidadão e tal e coisa e coisa e loisa). Estou apenas refletindo um sentimento coletivo de desamparo, de abandono e solidão.
Vejo que o grande responsável por isso, é o gestor, é o comandante da administração. É aquele que, com uma canetada tira os trabalhadores do expediente e os coloca nos róis de ira do povo (porque o servidor, por si só, não se auto-faculta o dia de trabalho e nem folga em arengar com a parcela da população, aquela maioria ressalte-se, que precisa de atendimentos e acolhimentos). Tirar o amparo da sociedade com este artifício nefasto de enforcamento de feriado é uma atitude, no mínimo irresponsável, por parte dos gestores da máquina pública (e isso se a gente falar somente das questões assistenciais. Se a gente for levar pro ramo dos negócios, o traço fica vergonhoso de borrado. O Estado perde uma grana. Recursos que poderiam subsidiar desenvolvimento e qualidade de vida). É uma pena que os valores de Estado sejam deixados de lado por causa desses coquetes interesseiros.
Ao contrário do que possa parecer, o que escrevo agora não é uma crítica ao conjunto do funcionalismo. É sim, uma homenagem aos bons profissionais, pelo dia do funcionário público ocorrido na sexta, 28 de outubro e, em especial, ao professor Ronaldo que naquele dia, mesmo debaixo de um toró, estava lá na sala de aula, pronto para cuidar da res publica.
Nenhum comentário:
Postar um comentário