Escrito nas estrelas
Aqui,
ali, vejo uma notícia contando que um corpo celeste se desloca em velocidade jamais
detectada antes, pelo espaço próximo, em direção a Terra. Já vi publicação que
projeta a trajetória dar certinho aqui pelos arredores do Brasil. Consta também
que um especialista até se arvorou interpretar o objeto como sendo uma nave
alienígena. Aí, parei-te! Fiquei na cisma. Extraterrestres se assanhando nas redondezas?
Me deu foi medo. Será que chegou o momento do contato imediato, há séculos
esperado?
Quando
foi detectado pelos potentes telescópios, o viajante estelar chamou a atenção
por vários detalhes incomuns aos objetos registrados até hoje. O rumo que o
bicho desenvolve, por exemplo, aponta que ele vem de longe pacas, além dos
limites do sistema solar e faz um caminho diferente de outros corpos errantes
como os cometas. Faz um percurso externo, ou seja, diferente dos cometas, não
forma um estirão harmonizado com os destinos espaciais subordinados à
vizinhança do sol, ao contrário, se estende em rota aberta, dita hiperbólica
que, se relacionada à escala, pode ser entendida como um destino certo: a Terra.
Meu Deus! O que acontecerá nos próximos episódios?
Quando
essas especulações ganham força, me vem à cabeça, a finalidade dessas visitas siderais.
Por que vêm se abalar até aqui? O que querem? Penso logo que têm motivação nas
pirâmides e outras maravilhas. Há quem acredite que é coisa deles, dos seres
espaciais, as grandes criações da humanidade, que o homem não tinha condições
de operar aquelas obras manejando pedras enormes, criando desenhos arrojados;
que a mente humana nem sabia fazer conta de seno pra dar o prumo e o piso
direitinho das grandes edificações, naqueles tempos. Pode ser, pode ser. E
agora o calendário solar de Machu Picchu, os Moares do Pacífico, as linhas de
Nazca? Caso aportem mesmo nas cercanias do Brasil, viriam reivindicar créditos de
concepção, propriedade e também de usufruto das belezas e das artes do Rio de
Janeiro, dos infindáveis, belos e bravios mares de nossa terra natal? Do nosso
Carimbó? Só sei que, se vierem cobrar a conta de tantas franquias, que segundo opiniões
sem provas, assumimos deles, estaremos fragilizados, expostos a impraticáveis
tarifaços cósmicos. Vamos nos ter e haver com o novo e o velho, é que é,
sugados pelo espírito usurário e alinhavados pela dominadora tessitura
imperialista. Sob pena de sanções, suspensão de vistos para viagens galácticas
e bombas no qual pega no lombo da gente.
Se
não tiver jeito de desviar a rota e nos deixarem pra trás, bora fazer figa pra
serem do bem, pra chegarem aqui na boa, com a seletora travada no modo paz e
amor, e com aquela intenção universal de ajudar, ajustar o que está em
desacordo, pacificar as incontornáveis arengas, e, quem sabe levar ao além das
quatro linhas etéreas, para uma temporada de joelhos no milho celeste, as
gentes de comportamento mau, os disseminadores de guerras e cizânias, aquela
parcela da espécie que é domada pelo ódio e que aprecia a franca mentirinha.
É
de se considerar que esta história do objeto ser uma espaçonave vinda do
horizonte do sistema está pautada numa regrinha de probabilidade que precisa
ser provada a partir de uma pá de evidências. Tem tudo pra não ser, e me parece
que o próprio cientista que sugeriu esta hipótese abandonou a idéia. Ainda bem.
Já estava num pé e n’outro.
O que já está definido é que se trata de um cometa, por nome 3I/Atlas. Diferentão, sim. Um pretenso bólido gelado que, de certo, vai cruzar o sistema solar cheio de estilo, dar um trisca na órbita de Marte e nem vai nos dar o ar da graça. Só poderá ser visto pelas lentes de poderosos telescópios. Tem sua importância porque, como vem dos escondidos do universo, através de análises detalhadas de seu comportamento físico e químico, pode nos revelar muito do que está escrito nas estrelas.