Veríssimo, L.F. é meu amigo
A última do Luís Fernando Veríssimo é que ele acha que realmente a internet tem uma importância fundamental na vida dele. Depois dela, nunca mais se embananou para escrever o nome do Nietzsche.
E para entender o quanto o Veríssimo tem razão, para escrever o nome do filósofo alemão, aí em cima, tive que recorrer ao Anticristo que repousa poderoso entre tantos homens raros ali na minha estante.
É que desde a semana santa, estou sem internet. Éraste! Como faz falta.
Se eu estivesse conectado, não precisaria ir atrás de uma obra do Nietzsche para acertar a escrita. Bastaria um clique e pronto.
Essa de ficar desconectado me desnorteou. Me distanciou dos meus amigos virtuais, me limitou a pesquisa, e me impôs a necessidade de pirangar uns minutinhos no computador da minha amiga Marcinha, só para passar a crônica pro jornal, já que não sei me atar em ciberes.
E tá difícil de, aqui em Vila dos Cabanos, eu reaver a internet. Primeiro porque perdi a confiança nos fornecedores (provedores, sei lá como é o nome). Pô! Eu tinha um contrato já há um tempo com uma empresa e ela me oferecia o serviço que me bastava. Acontece que sem a menor explicação a empresa cancelou o serviço e me deixou a ver navios, sem a possibilidade de navegar. Ah, mas eu fiquei pê-da-vida.
Resultado: queria escrever sobre o meu ator preferido, que arrasou no filme que ganhou o Oscar desse ano e nada, não consegui ainda pesquisar a carreira dele, os filmes principais, as premiações...
É, a internet muda e desmuda nossos ânimos.
Ainda bem que existe o Veríssimo para dar uma ironizada no poder da internet.
Por falar em Veríssimo, tenho uma história com ele (tenho uma foto com ele também).
Acompanho o escritor gaúcho desde o início dos anos 80. Foi o tempo em que ele estourou com os clássicos “O analista de Bagé” e “Ed Mort e outras histórias”. Para mim, ele é um homem raro na literatura moderna brasileira (e ali, na minha estante). Faz de um tudo. Emociona, alegra, diverte, seduz. Tenho uns quantos livros dele aqui em casa e com todas as vênias necessárias, posso dizer que se hoje escrevo alguma coisinha é por causa dos belos exemplos de composição e de versatilidade que percebi em Veríssimo.
Disse isso a ele quando de sua participação no “Café das Letras” em uma das Feiras do Livro realizada aqui em Belém.
Foi um momento especial para mim e também de uma bela surpresa: eu pensava que Veríssimo fosse uma entidade própria da minha geração, mas que nada, o que chamou a minha atenção durante o encontro com o escritor, foi a grande quantidade de jovens na platéia e cada um mais especialista em Veríssimo que o outro. Senhores nas declarações e nas perguntas ao escritor.
Quando chegou a minha vez de falar, quis superar os meninos. Não contei conversa e rasguei a maior seda. Disse tudo o que tinha vontade. Transbordei em admiração pelo autor.
Ao me responder ele se esmerou em elegância e educação. Agradeceu os elogios e falou que a partir daquele momento tinha um amigo aqui em Belém. Eu claro, pequei corda.
Na seqüência do encontro ele faria uma sessão de autógrafos. Eu, para impressionar, levei o exemplar mais antigo da minha coleção, “O popular”. E deduzi: bom, já que agora somos amigos, com certeza ele vai mandar a assessoria me chamar para um autógrafo especial.
Ledo engano.
Entrei no rabo da fila, lá pelas nove da noite, e às 11 e poucas, quando as portas da Feira já haviam sido fechadas, foi que consegui sair de lá, todo pávulo, com o autógrafo e a foto ao lado do meu escritor preferido e meu amigo Luís Fernando Veríssimo.
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