Desexistir
Desexistir o fogo às damas
Ou então repetir as feras humanas
Desexistir os corpos minguados
As casas caídas
Corações favelados
E morrer e lembrar
Um passado distante
E calar das angústias
Até desesperar
Inventar liberdade
Ser o dono do chão
Repassar este sonho
Até desesperar
Ver dos montes
A vida
Como vento passar
E matar a vontade
De outra vez guerrear
E viver e lutar
E lutar e perder
Suportar existir
Até desesperar
Ver o sol se abrir
Outro dia raiar
A beleza da rosa
A leveza do mar
E abrir a janela
Ver o sonho passar
Existindo na vida
Até desesperar
Desesperar na penumbra do sol
No espinho da rosa
Na fúria do mar
Desesperar no encontro das ondas
No alvoroço das águas
No inferno em que está
Dorme ao sol, some no mar
Desexistir, só se desesperar
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